- Oi!
-Você veio!
-Bom, eu não disse que iria fazer o possível?Mas também o impossível. Foi difícil convencer os meus pais a me deixarem sair, tive que fazer um pequeno drama, dizendo que ia ficar doente, e em depressão de tanto ficar presa dentro de casa, eles se desesperaram, e enfim, permitiram.
-E então, o que você planejou para hoje? - Eu perguntei - Bom, queria te chamar para comer um lanche comigo - Ótimo! Eu tenho dinheiro aqui e... - Não! - Ele me interrompeu - Não quero que você fique gastando - Eu comecei a responder, mais fui interrompida novamente - Leonardo, não precisa se incomodar...
Ele colocou o dedo na minha boca - 1-Como você é uma garota legal pode me chamar de Leo e 2-Você não vai pagar porque quem vai fazer o lanche sou eu.
-Você? Desde quando você sabe "fazer lanches "?
-Você acabou de me conhecer, eu tenho muitas qualidades minha cara. Eu ri.Fomos conversando, quando menos percebi, estávamos numa lojinha de teatro, era loja que o Leo tinha falado, a loja do seu Zé, o pai adotivo dele.
-Seu Zé? O senhor está aí?
-Leo! Que bom te ver! O que foi? Você precisa de alguma coisa?
Saiu debaixo de um balcão, um senhor, que aparentava ter uns 50 anos,
Avental branco, e muito simpático.
-Bom, para falar a verdade, preciso sim.
-E quem é essa?
-Ah claro, esqueci de apresenta - los, pai, essa é Clarie, a gente se conheceu quando ela se distraiu e quase foi atropelada.
-Já sei, você salvou ela, sempre com o coração bom.
-Er... Clarie, esse é meu pai, José.
-Só Zé, por favor.
-Prazer, Seu Zé.
-Bom pai, eu queria preparar um lanche, mas as coisas lá em casa acabaram, será que...
-Já entendi, tem pão de forma no armário da cozinha e algumas outras coisas na geladeira.
-Obrigado pai! Depois, quando conseguir o que falta para fazer a compra do mês, eu devolvo.-Não precisa devolver nada, você e essa mania, quantas vezes vou ter que dizer, eu faço isso porque você é o meu filho e não quero nada em troca.
-Tá certo. Já entendi.
Leo estava indo até a cozinha e eu estava indo atrás, mas Seu Zé me chamou e cochichou em meu ouvido :-Você não vai se arrepender, Leonardo faz os melhores sanduíches já vistos, mas não conte para ele, senão ele fica muito convencido. Nós demos risada e Leo nos olhou sem entender do que estávamos rindo, só balançou a cabeça e foi para a cozinha e eu fui atrás dele ainda rindo.Na cozinha, ele pegava um pacote de pão de forma, queijo mussarela, presunto, tomate, alface e azeitonas, depois disso fomos até a casa dele.
A casa de Leo era muito, mas muito simples mesmo, tinha uma mesa, duas cadeiras, um mini banheiro e um colchão bem gasto. Mas mesmo assim era um lugar bem agradável e confortável.
Ele disse para eu me sentar e assim fiz enquanto ele preparava os sanduíches.
Quando os lanches ficaram prontos ele disse :- Por favor senhorita, me daria a honra de ser a primeira a experimentar?
Eu ri e experimentei.Nessa hora, eu fiquei me sentindo a Ana Maria Braga. Estava uma delícia! Eu tive certeza de que nem de todos os sanduíches de rico que eu comi na mansão não chegava aos pés desse :- Esta perfeito! Quer dizer que além de ator, alguém também é cozinheiro?
-Não disse que eu muitas qualidades?
Eu ri.
-Onde você aprendeu a cozinhar?
-O amigo do meu pai, Joel, é um grande cozinheiro.
-E você sabe cozinhar mais alguma coisa?
-Todo tipo de comida brasileira.
-Olha só, Chef Leonardo.
Rimos.Leonardo era uma pessoa muito legal, além de ser talentoso em atuar, cozinhava muito bem, e sua história de vida era simplesmente surpreendente.
Passeamos um pouco e quando chegou o final da tarde e eu tive que ir embora, Leo me levou até a esquina da minha casa e antes de eu ir ele me perguntou :-Clarie!
-Sim!
-Posso te perguntar uma coisa?
-Pode! -
-É que... Ah deixa pra lá, você pode me achar bobo e muito criança.
-Não vou. Fala.
-Será que você quer ser minha amiga?
-Sua amiga?
-É. Eu sei, é muito bobo, esqueça isso.
-O que? Não é nada bobo, como assim? Seria ótimo ter a sua amizade.
-Mesmo?
-Mesmo.
-É que eu pensei que, sei lá, você fosse me achar meio infantil.
- Nesse caso, você tem que me conhecer melhor.
Nos despedimos e eu fui para casa:-Tchau Amiga!
-Tchau amigo!Fiquei no meu quarto pensando, eu nunca tive um amigo,quando criança,sempre vinham algumas garotas, filhas dos amigos prefeito de meu pai, que vinham para brincar comigo, mais elas não eram minhas amigas, elas só iam me ver por causa do que eu tinha e não por mim. Também tinha a minha colega da faculdade de Nova York, Jules, ela era legal, eu gostava de estar com ela, ela me entendia, mas eu não tinha certeza de que ela era minha amiga de verdade, não sentia isso, não que ela tenha me tratado mal ou coisa assim, ela não faz essas coisas, mas meu coração não me dizia o certo.
Já o Leo, eu tinha toda a certeza de que ele era um bom amigo, uma boa pessoa, honesta e muito legal. Eu gostava da companhia dele.
Fui dormir depois de tantos pensamentos, e também com essa certeza :Leonardo era o melhor amigo que alguém poderia ter.
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Metades Diferentes
RomanceClarie é uma jovem de 19 anos, mora em Nova York, e como filha do prefeito, nasceu em berço de ouro, prestes a se formar para ser a próxima prefeita e assumir o cargo do pai. Quem não queria ser Clarie?. Acontece que sua vida não é tão perfeita quan...