A Vida Que Eu Não Escolhi Ter

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No dia seguinte depois daquela festa horrível, acordei cedo, aproveitei que meus pais não estavam em casa e só iam chegar de madrugada, e fui imediatamente procurar Leo, precisava me desculpar, ver se ele estava bem.

Não demorou, logo encontrei ele, estava do outro lado da rua, eu comecei a chama-ló constantemente, mas por conta do barulho, do trânsito, claro que, por isso, ele não me ouvia.

Já que Leo não me ouvia , aproveitei que o semáforo de pedestres estava aberto e resolvi atravessar, mas quando me virei, percebi que ele estava atrás de mim. Ele disse :-Olá moça, era você que estava me chamando sem parar? Mas por que? Ah sim, já entendi, você deve ser fã certo? O que? Você disse que sim? Disse que admira o meu trabalho? Ah muito obrigado! Um autógrafo? Claro!
- Seu bobo! - Eu disse revirando os olhos enquanto ele dava risada- Você está bem? - Sim, mas... E você?
-Estou, a propósito, me desculpe por não ter vindo ontem, mesmo de verdade, tive uns problemas, e não consegui vir, você me perdoa?
-Claro, depois de você tanto implorar - Ele dá risada- Mas e aí, você vai me explicar o que aconteceu?
-Claro!
E eu contei cada detalhe, sobre festa que apareceu, sobre os micos e tudo mais, ele começou a gargalhar.
-Não tem graça - Eu disse bufando - Tem sim - Ele me respondeu enxugando as lágrimas dos olhos de tanto rir, então ele começou :-Mas eu tenho uma opinião, eu acho que... Ah deixa pra lá.
-Fala! - Não esqueça isso - Fala Leo! - Não!, esquece isso Clarie, tudo bem? O que você acha da gente ir aquele lugar?
-Acho legal - Eu disse com a voz fina.

E depois do "não " dele eu me calei, e ficamos assim o caminho inteiro, eu senti como se aquilo fosse uma briga, mas ao mesmo tempo pensava que não, não sabia explicar direito, como eu não estava entendendo muito bem, resolvi espantar os meus pensamentos.

Estava demorando muito para chegar e o tempo estava fechando, então nós resolvemos parar em uma lanchonete, eu pedi um suco, mas
Leo disse :- Dois, eu pago, tem aqui o que eu consegui hoje.

-Obrigado.

-Clarie... - Ele começou - Me desculpa por ter falado daquele jeito com você, é que eu me irritei um pouco.

-Não, tudo bem, eu é que fui um pouco instente.

-Então ainda amigos?

-Sim, ainda amigos!

-Olha, sabe aquela história que você me falou sobre a festa e os seus pais?

-Sim, aquela que você quase infartou de tanto rir? Me lembro muito bem.

Ele riu -É, mas eu tenho uma opinião sobre isso, olhando por outro lado não tem tanto graça assim.

-Como assim?

- Clarie, eu sei que eles são seus pais, mas eles não podem controlar a sua vida assim, te obrigar a vestir um vestido maluco e a ir a uma festa mais maluca ainda, isso não é certo, você irá completar 20 anos, já passou da hora de você tomar as suas próprias decisões, se eu estivesse no seu lugar, certamente eu não iria ficar de braços cruzados.

-Eu penso do mesmo jeito, é que não é tão fácil assim quando você vive isso a 19 anos.

-O que? Espera um pouco, você tá me dizendo que passou a sua vida toda vivendo assim?
Eu fiquei em silêncio.

-E eu imagino que você não faz nada porque vê que seus pais ficam felizes em ver que você está se tornando a menina que eles sempre sonharam em ter, certo?
Eu respondi com a cabeça que sim.

-Nossa que situação.
Eu estava de cabeça baixa, engoli a seco e comecei :
-Leo...

-Sim.

-Eu acabei de perceber uma coisa, quando nos conhecemos você me contou e me mostrou tudo sobre você, sobre a sua mãe, sobre como você foi para o orfanato, como conheceu o Seu Zé, como começou a trabalhar na rua e como se apaixonou pela arte, já eu nunca te contei nada sobre mim, só que meu nome é Clarie, tenho 19 anos, vou ficar 2 meses aqui, porque meu pai que é prefeito veio para trabalhar.

-Tá, isso é verdade, mas o que isso tem a ver agora.

-Você precisa saber sobre mim, afinal você é meu melhor amigo.
Ele sorriu.

-Eu sou de Nova York, para todos eu sou muito feliz, rica e com os melhores pais do mundo, mais essa não é a minha realidade, na verdade, eu sou uma garota prestes a se casar com um garoto que eu não escolhi nem conheço, a ser prefeita obrigada pelos meus pais porque eles dizem que eu serei o começo de uma tradição da minha família, em eu serei prefeita, e os meus filhos serão prefeitos, os meus netos, os meus bisnetos e assim por diante. Mas na verdade, eu não quero isso, não foi isso que eu sonhei para mim, eu quero minha liberdade, meu emprego, minha casa, tudo isso conquistado pelo meu suor, eu não sei o que você pensa ao meu respeito, talvez você ache que eu sou uma garota riquinha que não sabe nada da vida, mas essa não sou eu, eu detesto esse tipo de coisa, ambição, mesquice, e pessoas se achando no direito de pisar na outra só porque tem mais poder, todas essas roupas caras, essas jóias que você estava vendo em mim, para mim são só enfeites, isso não vale nada, tudo isso é só vaidade, na verdade eu nem me importo com isso, eu sou diferente dos outros, eles matariam por tudo isso, o que me importa mesmo, é aproveitar cada momento da vida, acordar todos os dias e aprender uma nova lição de vida, ser feliz, e talvez, quem sabe, encontrar o amor verdadeiro, sem ninguém para obrigar você a se casar, para escolher sua profissão, seu futuro, o que você vai comer e vestir, aonde você vai. E sinceramente, umas das coisas que eu mais quero na vida é ser livre para viver e decidir tudo isso.

Depois de dizer tudo aquilo eu me senti bem melhor, mais leve, mais calma, é como se tudo aquilo estivesse preso dentro de mim.

-Nossa - Leo disse - Sua vida, seu dia a dia é uma verdadeira prisão, uma rua sem saída, eu não sei como você consegue suportar tudo isso, eu nunca vi isso em toda a minha vida. No começo eu achava mesmo que você era meia “patricinha”, mais depois de tudo isso.

-Eu sei, todos os dias eu acordo e me pergunto: Porque você vive isso? Porque tanto sofrimento?
E adivinha? Eu nunca encontro a resposta. E eu tento buscar em minha mente, eu me aprofundo nos meus pensamentos, e tento encontrar alguma solução, alguma saída, para fugir dessa realidade, e eu não encontro, então meu sofrimento só aumenta.

-Você não tem mesmo nenhuma idéia?

-Nenhuma.

-Porque você não enfrenta is seus pais? Porque não diz para eles tudo o que você disse para mim?

-Não é tão fácil assim Leo, é que... Aí você não entende. Isso seria uma catástrofe.

Então com uma mistura dos meus pensamentos e sentimentos, uma lágrima rolou dos meus olhos, então Leo me abraçou e começou a me consolar dizendo “Calma, vai ficar tudo bem”.
  Enquanto eu estava sendo consolada por Leo e as lágrimas escorriam dos meus olhos, eu observava a água da chuva escorrendo na vitrine da lanchonete, então eu pensei “Clarie, o que você vai fazer sobre isso? Você não vê? Não percebe? Você está vivendo A Vida Que Você Não Escolheu Ter.

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   Oieeeee pessoal lindo, tudo bem? Como prometido, aqui está o cap. 15 de Metades Diferentes, já era para ter postado ele a muito tempo, é que deu um problema na Internet da minha casa, mas que já foi resolvido, mas por esse motivo custou para eu continuar o capítulo. OBS:Caso vocês percebem que estou demorando para postar, esse pode ser um dos motivos. Vou tentar voltar a postar com mais frequência ok? Porém, fiquei um pouco desapontada porque percebi que o número de visualizações diminuiu, plis pessoal, eu preciso de vocês, não desistam do livro. :-( :'(.
Vocês gostaram do capítulo? Dêem a opinião de vocês, não seja leitor invisível, percebi que todo esse tempo só uma pessoa comentou no livro viu?
Bom é só isso, continuem acompanhando Metades Diferentes.
Amo vocês leitores queridos! S2
ASS:Denise
Bjjs!

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