Os Cavaleiros da Energia Divina

20. Essência de Diamante

Dohko estava lavado em lágrimas, de joelhos no chão em frente a Shion. Parecia ainda não ter consciência de tudo o que se estava a passar.

- Como é possível, Shion? Como pode Aika ser a minha filha?

- Quando cheguei junto do gelo derretido, Nerissa e Aika, ainda bebé, estavam no chão. - começou a explicar o mestre de Mu - Nerissa estava desmaiada, quase morta. Já Aika tinha os batimentos cardíacos fortes, mas tremia de frio e chorava com fome. Não fazia ideia daquilo que se tinha passado. Um dos homens que me acompanhava prometera-me que tomaria conta da bebé, caso a mãe não sobrevivesse. Os médicos do Santuário, na altura, comunicaram-me que a mulher havia morrido, que não havia nada a fazer. Errei, deveria ter visto com os meus próprios olhos. Separei mãe e filha durante dezoito anos escusadamente.

Camus chegava agora à casa de Áries e aproximava-se da cama de Aika.

- Entreguei a bebé ao homem, que me garantiu que daria à bebé uma família, a sua família, e vigiei-a durante alguns anos. Durante essa altura pude reparar no pequenino cosmo dela, era diferente de todos os que eu já havia visto antes, enlouquecido e justo ao mesmo tempo. Tentei que ela aprendesse a canalizar esse cosmo, de maneira a não ser perseguida por inimigos. - Shion fez uma pausa, suspirou e prosseguiu. - Nunca pensei que a mulher pudesse ter sobrevivido, muito menos que elas as duas fossem a sua mulher e a sua filha, meu amigo. Se eu soubesse... se eu soubesse muita coisa teria sido diferente! Espero que um dia você me perdoe, Dohko.

O cavaleiro de Libra levantou-se e olhou Shion nos olhos.

- Graças a você, Shion, tenho as duas mulheres da minha vida vivas, isso é algo que eu nunca lhe vou conseguir pagar, nem que mais duzentos anos passem por nós. Não há nada para perdoar, meu velho amigo.

Entretanto, Aldebaran afastava Nerissa da cama de Aika, de maneira a que Camus e Mu pudessem observá-la.

- Uma flecha de gelo? - questionou o cavaleiro de Aquário, um pouco incrédulo. - Quem poderia lançar algo assim e porquê contra Aika?

Camus tocou na flecha. Sentia uma energia estranha nela, mas praticamente residual. Ele, que sempre sentira a vibração do gelo, não sentia nada naquele objeto.

- É estranho... - murmurou, para si, tentando retirar a flecha das costas de Aika. - O quê?! Não pode ser!

A expressão de choque na sua cara foi visível por todos os presentes.

- O que se passa, Camus?! - questionou Mu.

- A flecha... Droga! É uma flecha lendária, lançou quase toda a sua energia para dentro de Aika!

- O que é que isso significa, Camus?! - exaltou-se Dohko, aproximando-se da cama de Aika, sendo travado por Aldebaran.

- A energia que estava no interior da flecha está dentro do corpo de Aika, notam-se as ramificações de gelo por entre os poros da pele dela. Dentro em breve todos os seus orgãos estarão completamente queimados pelo quase zero absoluto da flecha. Desconfio que ela não consiga sobreviver...

- O que foi que você disse?!?! - gritou Saga, agarrando-se ao pescoço do cavaleiro.

A expressão de horror na cara de Mu, Saga, Dohko e Nerissa, fez Camus repensar no que havia dito.

- Tentarei o máximo que conseguir...

Ao dizer isto, o geminiano larga-o e deixa-o aproximar-se novamente da sua aprendiz.

Camus coloca a duas mãos por cima das costas de Aika e eleva o seu gelado cosmo ao máximo, perante o olhar de todos. O que aconteceu de seguida nunca tinha sido visto. As costas de Aika começam a largar cristais de gelo finíssimo, como se fossem lâminas. A flecha estava agora completamente desfeita.