8. Você vai ficar bem.

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Minha cabeça parece querer explodir, vou abrindo os olhos aos poucos, pisco várias e várias vezes. Eu estou em um lugar totalmente estranho. As paredes são brancas com uma listra azul, apesar do quarto estar meio escuro dá para perceber. Olho para o teto e logo para o lado. Estou no hospital! Como assim? Tento me sentar, mas a cama está inclinada demais para isso.

— Acordou a bela adormecida.

Franzo o cenho rapidamente, eu conheço aquela voz! Olho para o lado e fico de boca aberta quando vejo minha mãe sentada em uma poltrona perto da cama. Eu estou sonhando? Isso tudo é mesmo real?

— Mãe!

Ela se aproxima com um sorriso enorme nos lábios. Beija minha testa e acaricia meu cabelo gentilmente, como ela me acordava todos os dias antes de ir para a escola, bem, pelo menos antes dela ficar doente.

- É bom te ver, meu amor. — ela sorri — Cuidado, você não pode fazer muito esforço.

Depois que mamãe melhorou só conversamos pelo telefone uma vez. Vovó disse que era melhor mantê-la ocupada, assim ela não fica tanto tempo em casa sozinha e com chances de ter uma recaída. Ela está linda, seu cabelo negro estava preso em um coque perfeito, sem nenhum fio fora do lugar, e seus olhos azuis me encaram tão contentes. Já fazia anos que eu não a via desse jeito, tão arrumada e bem.

— Mãe, eu...

— Não precisa falar nada. Descansa um pouco. — sussurra ela.

— O que está acontecendo? Cadê o papai? Por que ele não está aqui também? — pergunto um pouco confusa.

— Parece que o diretor da antiga empresa o chamou. Ele pediu pra que eu ligasse se tivesse alguma noticia sua ou do Daniel.

— O Daniel! — lembro do que aconteceu — Preciso vê-lo.

— Kali, você precisa descansar. Fica calma.

— Ele está bem, não é? — pergunto preocupada — Só preciso vê-lo um pouco.

Minha mãe fica calada por alguns segundos. Eu a conheço, ela estava pensando no que falar, está pensando em como me dar uma terrível notícia. A enfermeira abre a porta do quarto e nos olha.

— Boa noite, senhora Daisy. — nos cumprimenta educadamente, e assim que bate os olhos em mim, sorri — Kali, é ótimo vê-la acordada.

— Pode ficar com ela por alguns minutos, por favor? — pergunta mamãe limpando suas lágrimas — Preciso tomar um pouco de ar.

O que está acontecendo? Minha mãe se aproxima da enfermeira e cochicha algo em seu ouvido, ela apenas concorda com a cabeça. Mamãe sai do quarto me deixando sozinha com a enfermeira. Ela começa a aferir minha pressão, entre outras coisas.

— Você está em perfeitas condições. — avisa.

— Se estou em perfeitas condições por que eu estou aqui ainda? — pergunto enquanto ela me ajuda a sentar na cama.

— Você acabou de acordar. Foi um susto muito grande, Kali. Teve algumas complicações pra você, já fazia dois dias que você estava dormindo. E ainda tem que se recuperar um pouco mais.

— Quero ver o Daniel. Preciso vê-lo. — exijo.

— O garoto que estava com você, não é mesmo? — concordo com a cabeça e ela logo continua — Temo que não seja possível, você precisa descansar um pouco mais antes de sair andando por ai.

Não ouse me deixar | lésbicoOnde histórias criam vida. Descubra agora