12. Em meio ao caos.

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Já faz quase duas semanas que eu não coloco o pé naquele hospital. Todos os dias Sebastian conta que Daniel pergunta por mim, mas eu não consigo olhar pra ele depois de tudo que aconteceu. A cirurgia tinha sido um sucesso, os médicos disseram que com três ou quatro meses e com muita fisioterapia, logo logo ele estaria andando novamente, com algumas dificuldades, claro. Mas sua chance de ficar melhor é de 80%, agradeci muito mentalmente por causa disso.

Todos estão agindo estranhos demais comigo. Mamãe vinha me visitar todos os dias e Carmen quase não me deixa levantar da cama dizendo que eu preciso fazer repouso. Já não aguento mais ficar no quarto, trancada e olhando para aquelas paredes cinzentas que já estão me dando nojo.

Já recebi um milhão de mensagens do Ethan pedindo desculpa e perguntando se nós podíamos conversar, mas ignorei todas elas. Havia algumas mensagens da Leona, perguntando sobre o Daniel, mas a última coisa que eu preciso pensar é sobre isso. Casey, Brad e Megan vinha me ver de vez em quando para me atualizar das últimas fofocas da escola, mas não é nada que eu faço questão de saber. Estou tão cansada de ficar deitada o tempo todo que até ganhei uns quilinhos a mais. O que esperar de alguém que só come e fica deitada o dia inteiro?

No começo da semana quando Carmen chegou com a noticia que Daniel finalmente poderia voltar pra trás, papai começou com umas ideias malucas que precisávamos nos mudar para uma casa maior, uma casa que tivesse espaço o suficiente para Daniel e sua nova cadeira de rodas, mesmo sabendo que essa situação seria temporária, Carmen acabou aceitando.

Eu acabo de sair do banho quando percebo que minha mãe está me esperando no quarto. Ela está parada, olhando para fora da janela com os braços cruzados. Me assusto, por que ela está tão distante assim?

— Mãe! — a chamo

— Oi, meu amor. — me cumprimenta forçando um pequeno sorriso.

— Aconteceu alguma coisa? Por que você está assim?

Ela me olha séria, respira fundo e senta na cama.

— Mãe, eu te conheço. Sei muito bem como a senhora age quando algo te incomoda. — sento ao seu lado — É sobre o Chase não ter dado as caras depois que a senhora veio pra cá?

— Não, Kali. Não é sobre Chase.

— Tem certeza? — insisto.

— Acho que precisamos conversar.

— Tudo bem. Vamos conversar.

Mamãe fica calada por um tempo antes de tomar coragem para falar qualquer coisa. Então finalmente ela vira um pouco para o meu lado, segura minhas duas mãos e me olha.

— Preciso te falar algo que já era pra eu ter te contado, mas com essa história do Daniel, cirurgia e tudo mais, eu achei melhor esperar um pouco.

— O que está acontecendo? — pergunto confusa.

— Quando fiquei sabendo o que tinha acontecido com você peguei o primeiro voo e parei aqui. Ninguém tinha noticia ainda e seu pai precisava voltar para o trabalho, Carmen estava preocupada demais com Daniel que chegou em um estado bastante pior que o meu.

— Mãe, não enrola, por favor, vá direto ao ponto. — peço.

— Fiquei ao seu lado quando a enfermeira liberou as visitas, eu estava louca pra que ela falasse algo sobre o seu estado e a única coisa que ela falou foi. "Eles estão bem". Eu fiquei me perguntando o que ela queria dizer com "eles" sendo que Daniel estava em um ala totalmente isolada da sua e ninguém até então tinha noticias dele.

Isso tudo tá me deixando cada vez mais confusa, do que ela estava falando?

— Então, quando ela estava quase saindo eu perguntei quem era a outra pessoa que ela estava falando e ela me disse, que você está gravida, Kali. Os médicos fizeram o exame e o ultrassom, você estava com cerca de seis semanas de gravidez. Bem, agora já deve ser dois meses. Foi ai que ela percebeu que eu não sabia de nada.

Não ouse me deixar | lésbicoOnde histórias criam vida. Descubra agora