Coração Partido

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—Capítulo 9—

– Eliza! – Peter gritou enquanto vinha na minha direção me fazendo revirar os olhos.

Fechei a porta do carro e olhei para ele vendo ele se aproximar.

– Oi meu amor – falei assim que ele parou na minha frente e dei-lhe um selinho.

– Por que você estava saindo daquela casa a essa hora? – Perguntou com cara de poucos amigos.

– Eu estava com o Justin, por quê?

– Sério? – A ironia mais do que presente na voz – Você estava com o Justin? Achei que estivesse na festa da mãezinha dele e não com ele.

– A Pattie me pediu para vir falar com ele, mas eu já estava voltando para a festa.

– Estava? A essa hora a festa já deve estar acabando, não me venha com desculpa de que estava voltando para a festa.

– Peter eu estou falando a verdade, por que essa neura toda? – Franzi as sobrancelhas não entendendo nada.

– Elizabeth eu te vejo saindo a essa hora da casa desse cara, sabendo que ele está sozinho, você quer que eu pense o que?

– O que você está insinuando, que eu estava te traindo, é isso?

Ele arqueou as sobrancelhas como que afirmando minha pergunta.

– Não acredito que você acha que eu seria capaz de te trair, – fiz um gesto negativo – Que tipo de pessoas você acha que eu sou?

– Não diga que eu não tenho motivos para desconfiar, porque ultimamente você tem ficado mais com esse aleijado do que comigo.

– Eu já disse para não chamar ele assim! – Falei entre dentes me deixando perder a paciência.

– E eu já disse que não queria você naquela casa, e você me escuta? Não Elizabeth. Estamos quites.

– Você consegue perceber a besteira que está falando, Peter? Você está julgando uma pessoa só por ela ter uma deficiência que poderia ocorrer a qualquer pessoa. Você fica julgando ele, dizendo que ele é inferior por não andar ou por não ter dinheiro, mas o único inferior que eu vejo aqui é você. Você fica dizendo que não devo falar com ele como se fosse uma má pessoa, alguém que fosse me fazer mal, me prejudicar, mas o único que me parece fazer mal é você Peter, porque além de inferior, você não vale metade do que ele vale, porque quem menospreza os outros, não vale absolutamente nada.

Mal terminei de falar e senti o ardor no meu rosto com o mesmo sendo virado para o lado. Sim. Peter havia me dado um tapa na cara e todo que eu conseguia sentir era raiva e decepção, eu queria acreditar que tudo era calor do momento, que ele não queria fazer isso, mas quando olhei em seus olhos eles não demonstravam arrependimento. Peter estava mais furioso do que arrependido e isso me doía mais do que eu pudesse imaginar.

– Isso só mostra o quão certa eu estou Peter.

Foi tudo que eu falei antes de lhe dar as costas e entrar no meu carro e seguir direto para casa. As lágrimas já molhavam meu rosto e por mais que eu não quisesse, tudo que eu conseguia fazer era chorar.

POV Justin Bieber

Estava no quarto de frente para a escrivaninha fazendo o desenho de Eliza. Eu não conseguia parar de pensar nela, em seu sorriso, em seus traços, tudo naquela garota me encantava, lembro-me até hoje quando eu a vi pela primeira vez. Seu sorriso, o jeito que ela mexia as mãos e as gargalhadas que dava, foi como amor à primeira vista. Eu sempre pensei que ela nunca falaria comigo, aliás, tinha certeza de que ela nunca olharia pra mim, sequer iria saber que eu existia. Pensava que sempre iria ama-la em segredo.

Mas o destino cooperou comigo, quem diria que Elizabeth Borges seria essa mulher maravilhosa que ela é. Sei que fui grosso e estúpido com ela, mas em nenhum momento ela me deixou por isso, e não tenho mais o que esperar dela. Sua amizade já era o bastante para mim, eu me contentaria apenas com isso, mesmo não sendo o que meu coração quer, sabia que ela nunca olharia para mim de outra forma.

Parei de desenhar e olhei para o nada voltando meus pensamentos para horas atrás. Essa noite tinha sido incrível! Poder sair de casa e ver outras pessoas, ser um pouco normal, foi o melhor dia que tive depois do meu acidente. Eu queria me sentir assim sempre, queria sentir todos os dias essa vontade de viver, de conviver com outras pessoas, de ter uma vida normal como todos os outros. Eu tinha que voltar a fazer a terapia, queria voltar a andar, as chances eram poucas, mas eu queria tentar. Pela primeira vez depois que perdi as esperanças de voltar a andar queria voltar a terapia. Eliza estava me mostrando que não vale a pena parar de viver. E é exatamente isso que irei fazer, irei voltar a fazer a terapia.

Escutei a porta da frente se fechando e isso foi o suficiente para me assustar. Fui em direção da porta do quarto para abri-la, mas ela foi aberta antes que eu pudesse alcança-la revelando o rosto de minha mãe.

– Olá dona Pattie, como foi?

– Foi bom, mas todos estavam indo embora então resolvi vir também – um pequeno sorriso se formou em seus finos lábios – Você deveria ter ido Justin, não fui a única a sentir sua falta lá.

– Não estava muito bem mãe, você sabe que eu iria se estivesse bem – menti, apesar de saber que ela tinha noção da minha mentira.

– Eliza veio aqui? – Perguntou como se não quisesse nada me fazendo rir.

– Veio sim mãe. Desculpa por não ter ido á sua festa.

– Está tudo bem filho, só espero que agora esteja bem – sorriu fazendo suas linhas de expressão ficarem mais evidentes.

– Já estou bem sim – retribui o sorriso – Na verdade eu quero te falar uma coisa.

– Fale então – ela deu de ombros.

– Estava pensando aqui... – empurrei a cadeira até a escrivaninha e olhei de volta para ela que estava com os olhos fixos em mim – Já faz bastante tempo que eu estou preso a isso e... – Bati de leve minhas mãos nas rodas da cadeira enquanto pensava em como falar aquilo para minha mãe – Pode ser que não der muito certo, mas...

– Fala logo Justin, estou ficando agoniada!

Eu quero voltar a fazer terapia.

Minha mãe ficou me olhando com os olhos arregalados e colocou a mão na boca e logo vi-a vindo em minha direção e me envolvendo em um abraço.

– Não acredito nisso meu filho! – Ela se afastou – Isso é incrível! Se é o que quer, irá voltar a fazer, sim! Mas isso foi ideia de quem, hm? – Uma sobrancelha foi arqueada e suas mãos foram para a sua cintura.

– Foi minha decisão mãe, mas pode culpar a Eliza por me fazer enxergar isso – ri fraco.

– Estou muito feliz meu filho – sorriu me abraçando mais uma vez. – E nem se preocupe com nada está bem, sua mamãe aqui vai dar um jeito. Eu te amo muito meu filho, você não tem ideia do quanto sua decisão me deixa feliz.

Ela beijou minha testa e sorriu. Retribui o gesto e beijei sua mão. Estava feliz por minha decisão e ver minha mãe feliz com a ideia me deixava ainda mais feliz. Eu sabia que ela sempre irá me apoiar, sempre!

POV Elizabeth Borges

Virei de um lado para o outro na cama e nada de conseguir dormir. Eu já tinha conseguido parar de chorar, tinha chorado tanto que talvez nem tivesse mais lágrimas para derramar. Meu coração dóia, dóia muito! Nunca pensei que ele poderia fazer isso comigo. Peter era um monstro, queria mata-lo. Meu fim de semana estava destruído, meus sentimentos estavam abalados, meu coração em pedaços, ele tinha conseguido. Peter você conseguiu, conseguiu me destruir inteira.

Endless LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora