Eu abri os olhos.
Não era Nerissa que estava em minha frente. Era uma mulher, de uns vinte anos de idade, completamente nua. Seu rosto era tão branco como a neve. Era mais pálido do que o de Nerissa. Não tinha uma imperfeição, sua pele era como seda. Seus olhos negros eram tristes, me davam calafrios. Ela possuía cabelos bem dourados, cacheados e longos, que flutuavam a nossa volta. Sua expressão indicava fraqueza, medo, pena.
Eu quase desmaiei quando olhei ao nosso redor. Havia, logo atrás dela, a imagem de meu pai. Com os olhos vermelhos de choro.
Era tanta coisa de uma vez só que a única explicação plausível era que eu havia de alguma forma conseguido entrar em coma, e tudo isso eram longos sonhos indescritíveis que um dia iria contar a meus amigos.
A mulher emitiu uma vibração na água, que fez meu corpo gelar de vez. Seus pés estavam roxos, juntamente com suas mãos ossudas.
Eu estava tremendo tanto que não conseguia falar absolutamente nada. A cena de meu pai em prantos ( o que era super hiper raro ) me deixou triste. Ele estava em um estado lamentável, acho que foi a imagem que minha mãe um dia me dissera ter visto quando papai passava por uma depressão horrenda, devido à morte da sua tia Naiara.
Eu naquela hora preferiria estar morta, sendo sincera. Até que, lá do fundo, bem atrás de papai, surgiu um ponto luminoso. Era um verde vibrante, sedutor. Parecia uma esmeralda, ou até mesmo uma estrela.
Ele ia se aproximado cada vez mais, e eu sentia que cada vez mais que aquela "estrela" vinha, meu tempo neste mundo ia lentamente. Tentei fechar os olhos, mas não consegui. Meu corpo todo estava imóvel, mas mesmo assim não veio nenhuma vontade de chorar.
Senti uma mão em minha costela. Eu quase infartei. Logo, senti outra em meu pescoço, e mais outra em minha canela. Faziam cócegas e beliscões. Me lembrou mamãe, que brincava comigo deste jeito. O pior, é que aquelas mãos pareciam ser dela. Todas elas. O que reforçou ainda mais a vontade de acabar de uma vez por todas com aquela "brincadeira".
Então aquelas mãos foram para a minha frente. Eram de bonitas garotas, de uns quinze anos ou menos. Uma de cabelos cacheados,o outra ruiva de cabelos lisos e mais outra de tranças cor de areia. Todas, com bizarras e incompreensíveis caldas de peixe dourado. Começaram a cercar a mulher e meu pai. Com danças engraçadas e divertidas, formaram um redemoinho ao redor dos dois. Então, percebi que a enigmática e magnética luz estava ao meu lado. Eu sentia um certo receio dela, como se ela indicasse que algo de ruim aconteceria em instantes.
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Nerissa
FantasíaO tornado começa quando Elisa, uma pintora prodígio que está na oitava série, conhece uma bela e enigmática garota de cabelos mais negros que a noite. Ao lado dela, descobre segredos sobre si e encontra a sua verdadeira identidade que sempre esteve...