Capítulo 2 - Todo trabalho pra um cigarro?

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Fred:

Era tempo de Ed. Física e todos os alunos dos terceiros e segundos anos estavam fazendo essa aula. Todos, com exceção de nós.

Já era quarta-feira e eu não tinha a mínima ideia de como ia me aproximar de Júlia Torres. Os guys e eu ficamos na arquibancada, vendo o resto fazendo exercícios idiotas. As meninas praticavam handball e os meninos, futebol. Já era costume a gente não fazer nada nessa aula. Atrapalhávamos todos nesses jogos estúpidos.

Fui olhar pro lado onde as meninas estavam jogando. Claro que eu não ia ver marmanjo chutando bola, quando podia ver meninas com shorts apertados.

Foi aí que eu vi quem tava jogando também.

from hell.

- E aí, já sabe o que vai fazer pra ficar com a Torres? – David apontou a cabeça na mesma direção que eu olhava, preocupado. Ele sabia mais que eu que Harry não estava brincando com aquela aposta. Achei legal da parte dele ter aflição com os meus problemas. 

- Olha, que lindo, todo preocupadinho comigo! – falei com a voz afeminada e ele riu. 

- Seu gay! Eu to preocupado, porque ninguém sabe o que essa doida é capaz de fazer com você. Imagina se a Júlia descobre dessa apos... 

- Sousa! Cala a boca! Depois ainda pergunta se as indiretas de ficar com a boca fechada são pra você. Esse assunto a gente só pode falar em casa. Para todos os efeitos, ela tem que achar que eu realmente estou afim dela. – eu acho que falei com tanta raiva que ele assentiu sem titubear. 

David foi conversar com os outros dois em uma das arquibancadas de baixo, me deixando com os pensamentos sobre Júlia Torres. 

Júlia era assustadora. Fazia parte dos excluídos que vestiam preto e usavam coturnos, seus amigos me davam medo.Nunca que iria mexer com nenhum deles, e principalmente com ela. Ouvi dizer que entrou em várias casas para jovens problemáticos e que vendia drogas. 

Outra história de Júlia, ou Ju, é que ela era lésbica. E isso está me deixando nervoso. Como vou conquistar uma menina que gostava de menina? 

Nunca procurei saber se era verdade, mas também nunca a vi com um menino. 

Júlia era famosa – por incrível que pareça – por suas notas e sua performance em lutar a favor dos direitos dos alunos, principalmente os das meninas. 

Estudei com ela no primeiro ano e presenciei várias brigas com professores e coordenadores. Todos os dias, ela chegava atrasada e com cara de sono. 

Usava muita blusa preta e esmalte da mesma cor. Já me falaram que tinha feito pacto com diabo, não duvido. 

Eu não a achava bonita e nem feia, mas com certeza não fazia meu estilo de garota. 

Foi quando eu ouvi uma gritaria e um aglomerado de pessoas – no meio, uma em especial. 

Júlia: 

Babado, confusão e gritaria. 

Essa frase resumia o que rolou naquele momento. 

Flashback’s on: 

Eu tinha acabado de jogar Handball, meu time havia ganhado de quinze a onze e eu estava exausta. Fui ao bebedouro, enxugando a testa suada e nojenta. Abaixei a cabeça pra beber a água. Ouvi uma voz conhecida. 

- Olha, mesmo sendo punk é gostosa. – John, o ogro, falou se aproximando com seus amigos enormes e fedorentos. Não dei valor e continuei bebendo a minha água linda. 

Como Ser um Pegador em 12 LiçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora