Capítulo 29

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Os dias passaram voando e quando dei por mim eu já estava completando oito meses de gestação. Minha vida com o Leonardo estava indo muito bem se não fosse por aquela secretária dele que não me descia. Nos últimos dias tivemos algumas brigas por conta desse trabalho, em excesso, mal nos vemos e os meus hormônios não tem ajudado muito.

Hoje era meu último dia de trabalho, por mim teria trabalhado até o último momento, porém o Fernando, meu chefe, insistiu para que eu descansasse esse último mês em casa. Eu já havia treinado a moça que me substituiria e graças a Deus havia dado certo.

- Fran, eu tenho consulta e por isso vou embora mais cedo. – Digo pegando minha bolsa e meu casaco – Qualquer coisa que precisar não pense duas vezes antes de me ligar. O Fernando e a Paloma devem estar de volta na segunda-feira.

- Okay Lau, obrigado por tudo. – Ela se levanta e vem me abraçar – Que você tenha um ótimo parto e essa pequena chegue com muita saúde.

- Obrigado Fran. – Me despeço dela e saio.

Durante o caminho até a clínica eu mando uma mensagem para o Leonardo avisando que já saí da empresa e espero por ele. Não o vejo a dois dias e acabei não perguntando se ele me acompanharia na consulta, embora saiba que ele com certeza iria. Assim que o táxi para eu salto do carro e logo quando entro percebo as várias mulheres grávidas, algumas acompanhadas e outras não.

Dou meu nome á recepcionista e ela me pede para aguardar, pois a doutora teve uma emergência e isso fez com que sua agenda atrasasse um pouco. O tempo começa a passar e nada do Leonardo chegar. Eu ligo no celular e só dá caixa postal, provavelmente a bateria acabou e ele se esqueceu de carregar, bem típico dele.

Os minutos se passam e nada dele chegar. Meu nome é chamado e eu entro no consultório da doutora.

- Boa tarde mamãe. – Dra. Patricia me cumprimenta – Como você está?

- Olá doutora. – Sorrio pra ela – Estamos bem.

- Conseguiu se livrar do papai neurótico?!

- Estava esperando por ele, deve ter tido algum imprevisto.

- Então vamos ver se essa princesa está se comportando. Suba na balança.

Eu sigo as instruções da médica e após todos os procedimentos normais e ela verificar como está a Melanie, ela me passa as instruções finais.

- Você ainda está trabalhando? – Ela me questiona.

- Hoje foi meu último dia.

- Ótimo, isso me poupa o trabalho de ter que brigar com você. – Ela diz sorrindo e prescreve algo num papel. – Quero que descanse um pouco agora que está na reta final da gravidez Laura. Sua pressão está um pouco alta desde a última consulta e precisamos ficar de olho nisso.

- Mas é grave? – Pergunto já um pouco preocupada.

- Um pouco, por isso quero que descanse e cuide bem dessa alimentação, evite alimentos gordurosos e sal.

- Tudo bem.

- E qualquer coisa me ligue.

- Obrigado doutora.

Me despeço dela e caminho em direção a saída. Procuro o celular na bolsa e nenhuma notícia do Leonardo. Chamo o táxi e descido ir até a empresa saber o que houve de tão sério pra que ele não comparecesse a consulta.

Entro na empresa e cumprimento as meninas da recepção, subo direto ao andar da presidência, estou com saudades dele. Nos últimos meses ele marcou presença e mostrou o quanto estava empenhado no novo papel de "pai" e "quase marido". Pedi que esperássemos a nossa filha nascer para cuidar do nosso matrimônio. Apesar de todas as formas de como ele demonstrou o quanto me queria, eu tinha medo de que tudo se acabasse e ele me expulsasse de vez da sua vida, ele sempre cuidava de nós, minha filha e eu, porém nunca disse "eu te amo" e as vezes eu achava que ele só estava comigo por obrigação, confesso que isso me entristecia.

Assim que o elevador se abriu eu cumprimentei a menina da recepção, Bianca estava trabalhando no setor financeiro fazia algum tempo, eu achava que tinha dedo do Nicolas nisso, eles andavam meio estranhos.

Caminhei pelo corredor e quando cheguei em frente a sala do Leonardo vi que a vaca da secretária não estava em seu lugar, de algum modo meu coração gelou. Fiquei em dúvida se entrava ou não, mas decidi fazê-lo, e então assim que abri a porta a cena que vi fez meu coração parar.

Eu achava que ouvir o Leonardo me xingar e ofender tinha quebrado meu coração, mas aquilo ia muito além das minhas forças, ou do que eu aguentaria. Jeniffer estava nua em cima da mesa de trabalho do escritório e Leonardo saia do banheiro apenas de calça.

Ele olhou pra a mesa e então seus olhos encontraram os meus, eu sentia as lágrimas escorrerem pelo meu rosto. A cretina da secretária deu um sorrisinho de triunfo em minha direção, eu queria correr e sair dali, mas minhas pernas não me obedeciam. Leonardo deu um passo em minha direção e eu ergui minha mão fazendo-o parar.

- Não perca seu tempo. – Eu disse secando minhas lágrimas – Porque fez isso comigo Leonardo? Eu acreditei em você, te dei uma chance. Podia ter me dito que eu entenderia e sairia da sua casa, desde o início pedi que não me machucasse.

- Laura, não é isso que...

- Vai me dizer que não é isso que estou pensando? – Eu ri ironicamente. – Se poupe, me poupe e nos poupe deste discurso ridículo Leonardo. Vou sair de sua vida e não quero nenhum contato com você, você verá a Melanie de acordo com seus direitos e já te aviso que se quiser me ameaçar mude de tática, elas não funcionam mais comigo.

- Olha a grávida do ano pondo as asinhas de fora. – A voz da vadia soou pela sala, por um momento eu havia me esquecido de sua presença. Estava disposta a ignorar o que ela disse, porém suas próximas palavras mexeram comigo. – Acha mesmo que um homem como o Leonardo ia brincar de casinha até quando? – Ela desceu da mesa sem se importar com sua nudez – Acha mesmo que ele iria querer você gorda e com os pés inchados a uma transa quente?

- Cala a boca Jeniffer, se vista e saia daqui. – Leonardo gritou.

Eu não estava disposta a ver isso, simplesmente virei e corri em direção a saída. Lógico que corri como pude, já que uma barriga de oito meses não me permite correr como uma maratonista. A cada passo eu sentia meu coração se despedaçar um pouco mais. Senti alguém me puxar, me impedindo de seguir meu caminho, então eu soube que era ele simplesmente pelo cheiro, tentei me soltar do seu aperto e não consegui.

- Me solta, me solta, me solta. – As lágrimas embaçavam a visão e me impediam de enxergá-lo

- Ei, me escuta. Não sei o que houve ali, mas não transei com a Jeniffer.

Minha cabeça latejava e um formigamento tomava conta do meu corpo.

- Você não atendia minhas ligações. Deixou de ir em uma consulta da nossa filha pra transar com sua secretária? Como pôde? Porque me enganou?

- Que consulta Laura? Eu não sabia de consulta nenhuma.

- Para de mentir Leonardo.- Eu gritei – Tive consulta hoje, a verdade é que como eu esperava você não levaria isso a sério. Aquela vaca tinha razão, você se cansou de brincar de casinha, você não se importa comigo ou com essa criança. – Eu gritava e conforme isso aconteceu eu senti minhas forças se esvaírem do corpo e tudo a minha volta escurecer.

                                                                                  

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