Mais Que Amizade (Romance Gay) Em Revisão

Descobertas

"Você é tudo que eu achava que nunca seria
E nada como eu pensei que você poderia ter sido
Mas ainda assim, você vive em mim
Então me diga, como é isso?
Você é o único que eu desejo poder esquecer
O único que eu adoraria não perdoar
E apesar de você partir meu coração
Você é o único
E apesar de ter vezes que eu te odeio
Porque não consigo esquecer
Às vezes que você me magoou e pôs lágrimas em meu rosto
E mesmo agora enquanto te odeio
Me dói dizer
Que eu sei que estarei lá no fim do dia."
- Beyoncé -

#Rafael

— Paulo!?

Empurrei o Lipe para o lado, peguei um travesseiro e coloquei na frente da minha ereção, o Paulo apenas nos olhava de um jeito estranho. Aterrorizado? Talvez. Mas aquele olhar era diferente de todos que já vi, ódio, confusão ou até mesmo tudo junto. Ele alternava seu olhar gélido entre mim e o Lipe. Meus olhos já estavam cheios de lágrimas e eu totalmente apavorado, sem saber o que dizer ou fazer. Tudo o que menos queria aconteceu: o Paulo agora sabe e descobriu da pior forma possível.

— Paulo... Eu... Eu posso... Explicar. - Falei me aproximando dele.

— Não toque em mim! Eu sei o que vi e isso é nojento!

— Por favor vamos conversar? - supliquei.

— Conversar? Sobre você dois na maior viadagem? Eu não quero falar nada com você! Vocês são dois viados escrotos.

— Quem você tá chamando de viado? - Falou o Lipe indo pra cima do Paulo.

Empurro o Lipe para que ele não arrume mais confusão, se meus pais ouvissem aí sim estaria tudo perdido.

— Felipe porra! Não piore as coisas, meus pais estão aí do lado. Não é hora nem lugar pra brigar. - Falei em um tom baixo, porém firme.

— Isso mesmo segura seu namoradinho que ele tá muito estressado. Acho que foi por que atrapalhei o sexo de vocês. Mas podem continuar que já estou de saída antes que vomite toda a janta.

— Paulo me escuta, senta aqui vamos conversar. Por favor não vá embora. - Falei já chorando bastante aflito.

Tentei segurar em seus braços e ele me empurrou, perdi o equilíbrio e cair por cima da cadeira machucado minhas costas, vi por um segundo que ele mudou sua cara para preocupado, mas só foi mesmo por segundo.

— Seu imbecil olha o que você fez! - Esbravejou o Lipe vindo me ajudar.

— Por favor me escuta Paulo... Eu te imploro, deixa eu te explicar.

— Já vi tudo, não temos mais nada pra falar um com outro.

Naquele momento o olhos do Paulo diziam o quanto ele estava magoado, e novamente por minha culpa. Me amaldiçoei por ir tão longe com o Lipe, apenas para saciar meus desejos.
Ele sai do quarto e eu vou logo em seguida, não podia deixar ele sair de casa sem me explicar com ele.
Quando chego na escada percebo que estava somente de cueca. Volto correndo para o quarto e coloco uma bermuda e sigo atrás do Paulo, para minha infelicidade quando chego na rua já era tarde demais, ele já tinha ido embora.
Coloco as mãos na cabeça em de desespero, me ajoelhei no meio da rua e fico no chão entregue aquela situação, incapaz de qualquer ação. Esse era o fim definitivo da nossa amizade? Ele iria me perdoar depois que passasse a raiva?
Essas e outras milhares de perguntas pesavam em minha cabeça.

— O que foi que eu fiz? O que vai ser da minha vida a partir de agora? Tô fudido.

Minutos depois o Lipe aparece me chamando pra entrar, não falo nada apenas o sigo para minha casa em silêncio. Sentei na cama ainda sem acreditar em tudo que aconteceu.

— Rafa não fica assim...

— E você quer que eu fique como? Me diz? Meu melhor amigo o cara que eu amo tá me odiando agora. Então me diz como devo ficar Felipe? - Falei alterado.

— Ei calma aí, eu não tenho culpa se aquele que você diz que é seu melhor amigo não te aceita como você é. Você tem que gritar com ele e não comigo. - Respondeu o Lipe chateado e com razão.

— Desculpa. Eu tô com a cabeça fervendo.

— Talvez foi até bom ele saber.

Olho para ele esperando uma explicação.

— Porque foi bom ele saber? - Perguntei.

— Se ele for mesmo esse cara que você coloca no pedestal, ele vai te aceitar e te apoiar.

— Você não entende mesmo né? Ele é o cara que eu amo Lipe e acima de tudo meu amigo de toda vida. Se ele se afastar de mim eu vou sair perdendo em tudo... tudo. - Falei sem conseguir segurar o choro, meu rosto estava lavado de lágrimas.

O Lipe me abraçou de uma forma carinhosa. Mas infelizmente não era aquele abraço que eu queria, não era o cara que eu queria, quem eu queria estava em algum lugar lá fora.
Precisava falar com ele, não podia deixar as coisas terminarem daquele jeito.
Sair dos braços do Lipe e fui procurar uma camisa, dessa vez eu não iria deixar o Paulo se afastar de mim, pelo menos não antes dele me escutar.

— O que você está fazendo? - Perguntou o Lipe.

— Vou atrás do Paulo.

— O que!? Tá de brincadeira não é?

— Deixei ele se afastar uma vez Lipe, não vou permitir dessa vez.

— Deixa de ser trouxa Rafa! Acorda pra vida, presta atenção pra quem realmente se importa com você. - Falou alterando a voz.

— Porra Lipe fala baixo! Que acordar meus pais?

— Quer saber? Cansei de tentar abrir seus olhos, se quiser se ferrar fique a vontade. Tô indo embora.

Não falei nada e nem tentei impedi-lo de ir, pode parecer egoísta da minha parte principalmente com o Lipe que me ajudou muito. Mas só o Paulo que importava pra mim naquele momento.
Peguei minha carteira meu celular e desci, quando eu fui olhar a hora no meu celular vi que estava desligado.
Quando liguei tinha ligações perdidas do Paulo e uma mensagem dele. Mas agora não importava mais, liguei pra ele e em todas às vezes ele encerrou a ligação.

Chamei um Uber e fui em direção a casa do Paulo.
Não sabia se ele estava em casa ou não mas esperaria o tempo que fosse. A noite estava fria e tudo indicava que iria chover.
Desci em frente a casa dele e liguei novamente mas novamente ele rejeita a ligação. Envio uma mensagem pelo whatsapp:

"Paulo por favor o atende celular."

Não sabia se ele estava em casa, mas mesmo assim decidi esperar, não voltaria pra casa sem antes falar com ele.