Amor e Preconceito (Season 1)

Reencontro

No outro dia, Cristal acordou muito feliz, tomou café e foi para o quarto esperar, espiando pela janela, seu pai sair, algum tempo depois, Cristal avistou o carro passando pelos portões de saída, então, ela desceu as escadas rapidamente com uma mochila nas costas e correu em direção à esquina da segunda rua. Chegando no ponto de ônibus, Cristal esperou por alguns minutos, o ônibus não demorou a vir. Mas, quando Cristal embarcou o motorista logo se apressou a dizer:
- Onde você vai, menina? Você é muito nova para andar por aí sozinha.
Cristal pensou rapidamente em alguma resposta e disse:
- Concordo com você, mas eu preciso ver meu pai com urgência.
- E para onde você vai? - disse o motorista com um pouco de desconfiança.
- Para o campo de concentração, aquele próximo ao distrito 29, meu pai é o capitão de lá. 
- Ah! É mesmo? Certo, vou levar você até lá.
- Obrigada!
Cristal com um pouco de raiva das diversas perguntas do motorista, foi se sentar nas cadeiras do fundo. Depois de uma hora, Cristal percebeu que o distrito se aproximava, então, quando o ônibus parou na frente do campo, Cristal agradeceu ao motorista e desembarcou. Bem, o campo sempre tinha uma aparência monótona, então para a menina não era mais surpresa. Então, ela entrou no campo, fez o possível para não ser vista e foi em direção à barraca de Jorge. Alguns minutos depois, Jorge saiu da barraca, quando viu Cristal sua felicidade era radiante, ele correu até ela e a abraçou. Mas, Cristal percebeu que Jorge estava com muitos ematomas e um olho muito roxo, a menina desesperadamente perguntou:
- O que aconteceu com você?
- Ah! Bem, eu tenho medo falar, ele pode saber e depois me castigar de uma forma pior.
- Ele quem? Por favor, Jorge me diga quem foi!
Jorge fitou Cristal e pensou durante alguns instantes, depois disse:
- Está bem! O seu pai me fez isso.
- O que? - disse Cristal.
- O seu pai me fez isso, ele disse que era um castigo por eu ter me aproximado de você, mandou um dos soldados me punir.
- Ah! Jorge. Não se preocupe, isso não vai ficar assim.
A menina se apressou e o abraçou novamente. A expressão no rosto de Cristal era de muita raiva, ela queria punir o pai do mesmo modo, mas sabia que não poderia fazer isso. Cristal e Jorge passaram a tarde juntos, procurando sempre não ser vistos, quando um soldado passava os dois se escondiam atrás das barracas. Mas, o tempo foi passando, quando estava quase para anoitecer, Cristal foi até o ponto de ônibus e foi para casa. Chegando em casa, Cristal tomou um banho, depois penteou-se e ficou espiando pela janela, seu pai chegar. Alguns minutos depois, a menina ouviu o barulho do carro, então foi até o quarto dele e sentou-se no sofá para esperar ele. O pai de Cristal não se demorou para chegar, quando ele abriu a porta, Cristal logo disse:
- Boa noite, papai!
- Ah! Boa noite, filha. O que você está fazendo aqui?
- Bem, eu queria ter uma pequena conversa com o senhor antes de ir dormir.
Alfredo um pouco desconfiado, disse:
- Certo, então pode falar.
- Papai, você se lembra o que eu disse pra você quando o senhor descobriu que Jorge e eu estávamos juntos?
- Ah! Sim, eu lembro perfeitamente.
- Mas, acho que o senhor não colocou em prática. Eu fui ao campo de concentração, hoje de manhã, eu vi o que você fez com Jorge.
- Você fez o que?! Como?!
- Bem, como eu fui até lá não é da sua conta - disse Cristal com um sorriso de superioridade no rosto.
- Claro que é da minha conta, eu sou o seu pai.
- Acredite, eu tenho muita vergonha de ser sua filha.
- Não ouse falar isso, Cristal!
- Você é tão amargo, tão patético, tão desprezível.
- Cristal se você ousar me insultar mais uma vez, vai se arrepender.
- Ah! É? E o senhor vai fazer o que? Mandar um daqueles seus soldados idiotas me espancar? Por favor, papai. Eu sei perfeitamente quais são meus limites.
- Saia daqui, agora! - berrou o pai furioso.
- Sinto muito, papai. Mas, eu não saio daqui sem antes esclarecer algumas coisas - disse cristal com um sorriso muito radiante no rosto.
- Ótimo! Então diga logo.
- Bem, vou lhe dar um último aviso, se você ousar tocar no Jorge mais uma vez, ou tentar fazer coisa pior, prometo que você irá se arrepender.
- É mesmo, e o que você vai fazer?
- Se for necessário, eu me mato.
- Você já está indo longe demais, Cristal.
- Não estou, não. O senhor já foi avisado. Ah! E antes que eu me esqueça, não ouse tentar me impedir de ir ao campo, ou o mesmo irá acontecer.
- Você ficou louca! - disse o pai muito furioso.
- Não, eu não fiquei louca, jamais irei querer ficar igual o senhor.
- Não vou mais repetir, saia!
- Bem, acho que tudo já foi esclarecido, pois bem papai, eu já vou indo, espero que você tenha uma ótima noite - disse cristal com um sorriso tão radiante, que ela não conseguia se conter.
Cristal foi para o quarto, ela estava tão feliz e ao mesmo tempo tão aliviada, por ter dito tudo ao pai. Ela logo vestiu o pijama e foi se deitar, como sempre, pensava em Jorge e sabia que precisava protegê-lo, e com as lembranças dele, adormeceu.