O dia amanheceu normal, como qualquer outro. Alfredo levantou-se, vestiu aquele mesmo uniforme de sempre, com todos aqueles distintivos que o faziam se orgulhar por cada conquista. Embora ele tivesse todas aquelas conquistas, algo não o preenchia. Ultimamente, as coisas viraram de cabeça pra baixo, pensou ele. Então disse pra si mesmo:
- Quem diria, não é mesmo? Minha própria filha, traindo minha confiança. Eu não entendo, ela sempre teve tudo, foi cercada por tudo que é melhor, estuda em uma boa escola, tem tudo, tudo mesmo e passou a ficar perto daquele... daquele... melhor nem pronunciar essa palavra. Não deveria ter a levado para aquele campo, por um lado, eu tenho um pouco de culpa.
Após alguns minutos refletindo, Alfredo percebeu que estava um pouco atrasado. Então, apressou-se em ir tomar café. Sua esposa, como sempre, estava contente, era impressionante como ela conseguia sempre ter aquele sorriso no rosto, apesar de o mundo está quase desabando. Cristal estava sentada na cadeira próximo à porta, algumas vezes, parecia que ela o observava, mas quando a olhava, ela permanecia concentrada em seus biscoitos. Alfredo decidiu falar algo para a filha. Então disse:
- Bom dia, Cristal.
A menina o fitou, excitou e então disse:
- Bom dia, papai. Como foi a sua noite?
Então, Alfredo disse:
- Ótima, como todas as outras.
- Sério? Que inusitado! - disse Cristal, usando um tom debochado.
- Não vejo nada de inusitado nisso, Cristal - disse Alfredo sem entender.
- Ah! Perdão, papai. Não expliquei o motivo de meu espanto. É que eu só acho que dormir sabendo que muitas pessoas estão sofrendo por sua culpa deve ser muito fácil pra alguém como você, não é mesmo?
Alfredo sentiu os seus nervos pulsarem loucamente, tentou se controlar, mas era impossível. Então disse:
- Sim, minha filha. É fácil, porque eu sei que estou fazendo um bem para a minha pátria.
Cristal então olhou com furor, não se conteve em escutar aquilo e refutou:
- Claro! Uma pátria corrupta e desumana, onde os fracos são oprimidos e os que se dizem fortes ficam no poder, oprimindo pessoas que não tem a mínima chance de se defender. Papai, por favor, abra os seus olhos.
Alfredo ficou sem reação, não sabia o que responder. Sentia a raiva dominar todo o seu corpo, porém, conseguiu dizer:
- Chega! Você perdeu a cabeça? Eu sempre eduquei você para respeitar a nossa nação e você me diz uma coisa dessas?
- Acontece, papai, que a menina tonta e ingênua morreu, agora, eu sei pensar e sei que o que o senhor faz é muito errado, assim como os seus colegas. Cansei de ser manipulada por alguém que se diz certo, respeitoso, mas na verdade é um corrupto, um ser desprezível.
Então, Cristal levantou-se da mesa e saiu da sala de café para o quarto.
Alfredo levantou-se também e tentou ir atrás da menina, com a raiva pulsando frenéticamente, mas sua esposa foi mais rápida e o deteve. E disse:
- Querido, você está com os nervos latejando, é melhor você se acalmar, Cristal está passando por uma fase de transição, está quase se tornando uma adulta e essa fase não é nada legal, respire um pouco. Prometo que irei falar com ela, em breve.
Alfredo exitou por alguns momentos, sua raiva era extrema e tinha vontade de fazer coisas horríveis, porém percebeu que sua esposa foi sensata e prefiriu se acalmar.
Enquanto isso, Cristal estava no quarto, muito nervosa e raivosa, dizia para si:
- Como ele se aguenta? Sinceramente, ver tantas pessoas sofrendo e não fazer nada, isso é patético. Prometo para mim mesma, nunca vou me tornar uma pessoa igual a ele. Se um dia isso acontecer, saberei que me tornei uma pessoa horrível.
Então, pegou alguns livros e começou a ler, tentando esquecer as coisas horríveis que seu pai havia lhe dito. Porém, quando menos esperou, tudo apagou e Cristal adormeceu.
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Amor e Preconceito (Season 1)
RomansaCristal vive em meio ao nazismo, com um pai militar, mas isso não impede que a menina se apaixone por um garoto judeu. Durante a série, o casal passa por várias divergências que irão fazer de tudo para separá-los. Embarque em um romance totalmente p...