Uma semana havia passado desde que a Sophie faleceu, infelizmente nem no sepultamento pude ir, desde então fiquei trancado em meu quarto escuro, sem comer, as luzes apagadas e a única brecha de luz que se via era a de uma pequena fresta que vinha da cortina da janela, coincidência ou não a pouca luz que tinha, iluminava um retrato com uma foto minha e da Sophie. As noites eram longas, já não conseguia mais dormir pois toda vez que fechava meus olhos sonhava como tinha sido sua morte, sempre no final ela me pedia ajuda e não podia fazer nada.
Apesar de nossas diferenças minha família tentou me ajudar de algumas formas, me chamaram pra sair, tentavam fazer as comidas que eu mais gostava, mas não adiantava. A sensação de sentir que estavam tendo pena de mim era tão ruim, quanto a dor de ter perdido minha melhor amiga.
- Filho tem uma menina aí na porta, parece ser nossa nova vizinha e disse que lhe conhece.
- Não quero ver ninguém. Depois faço o educado com os novos vizinhos.
- Ela disse que se chama Clara, já pedi pra ela entrar, vou mandar ela subir. Arrume esse quarto que está um chiqueiro e lave essa cara que parece até que morreu alguém. – mais uma vez ela falando coisas sem pensar antes.
- Serio? Não quero e não vou receber ninguém aqui agora me dá licença.Mas ela já tinha subido, estava se aproximando da porta de meu quarto. Minha vontade era de manda-la embora, mas minha educação não permitia, pensei " falarei com ela rapidinho e me despeço logo depois. " Minha mãe saiu e nos deixou a sós.
- Oi Matt! Soube do que aconteceu, imaginei que estaria mal e vim saber como estava?
- Oi! Estou levando a única coisa que posso fazer.
- ah sim, desculpe. – Falou abaixando a cabeça, meio sem jeito. – Vou ser sua nova vizinha, sua mãe lhe disse?
- Tudo bem! – Será que fui muito hostil? Vou tentar melhorar. – Sim, onde vai morar e como sabia que eu morava aqui?
- Uma vez passei por aqui e me disseram. Vou morar em frente a sua casa.Ótimo, se já não me bastasse ter perdido minha amiga, minha família com pena de mim, agora todos os dias vou ter que olhar pra cara da Clara, será que esse dia consegue ficar pior? A resposta é sempre, sim.
- Vamos sair! – Exclamou a Clara.
- Não, não estou muito afim. – Já pensando: mais uma pra sentir pena de mim.
- Vamos, por favor. Se vier lhe pago um sorvete.Um sorvete ia acabar com todos os meus problemas, estava ficando sem paciência, mas decidi aceitar o convite, assim me distraia um pouco e ela parava de me encher. Então tomei um banho rapidamente, coloquei a roupa e finalizando os últimos detalhes enquanto passava o perfume, olhei para o espelho e lembrei que essa era a roupa que a Sophie me deu no dia do meu aniversário e aquele era o perfume que ela mais gostava. Só faltava pentear o cabelo, mas de repente aconteceu mais uma vez meus olhos estavam oscilando a cor. Por que? Por que isso está acontecendo novamente? O que está acontecendo comigo? As luzes começaram a oscilar e então pararam de funcionar. Sai do banheiro correndo e peguei um óculo de sol para já sairmos.
- Estou pronto, então vamos? – Disse apressado e meio ofegante do susto.
- Está tudo bem? Você está meio estranho? – Disse Clara com tom de preocupação.
- Está tudo bem! Mãe estamos saindo. Vamos.Clara era uma menina muito mimada, uma patricinha muito irritante as vezes, a ideia dela de passeio foi ir ao shopping fazer compras pra ela. Chegando lá a única coisa que eu soube fazer foi rir imaginando como aquilo estava chato e que se a Sophie estivesse lá estaríamos zoando alguma coisa ou alguém entre nós. Mas com a Clara a única coisa que podia falar era qual o vestido ficava melhor nela. Toda vez que olhava pro lado via um casal isso me fazia lembrar dela, doía muito ver todos felizes enquanto eu estava sofrendo.
- Tira esse óculo, estamos em um shopping. – Falou com tom de brava. – Está fora de moda e ninguém usa óculo escuro dentro de ambiente fechado.
- Prefiro ficar com eles. – Tive medo que alguém visse algo ou que meus olhos ainda estivessem vermelhos.Depois de muito anda ela num rápido surto tirou meu óculo, foi tão rápido que nem senti. Eu não abria os olhos com medo, ela insistia pra que eu abrisse, mas não tinha condições. No final acabei sendo um pouco grosso com ela pela brincadeira e mandei que me devolvesse e parasse de ser tão infantil. Quando ela me devolveu, eu a deixei e voltei pra casa.
rk
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sombras que habitam a luz!
TeenfikceUm garoto que sempre foi "diferente" e descobre aos 21 anos que sempre teve dois lados e foi fruto de um dadiva de um anjo e de um demônio. Quando todos descobrem, ele sofre preconceito de todos e perde a pessoa que pensava amar. Com o passar dos a...