Havia árvores, essa foi a primeira coisa que notou. Fazia sol e podiam-se ouvir vozes de crianças brincando não muito longe. Sentiu-se desnorteado por um tempo, olhando ao redor tentando saber onde estava, mas somente localizou-se quando mirou o poste azul logo a sua frente. Estava no parque ecológico que não ficava muito longe de sua casa. Estranhou. O que estava fazendo ali? Faziam anos que ele não ia naquele local.
- Você fica engraçado quando está confuso – Uma vozinha lhe chamou atenção, fazendo-o virar imediatamente de costas, dando de cara com uma mocinha bastante bonita que o encarava com um sorriso divertido. A julgar por sua aparência, ele podia apostar que não tinha mais do que vinte anos.
- Por que está sorrindo?- Augustus perguntou distraído, naquele momento saber onde estava e o porquê já não fazendo mais tanta diferença.
- Não sei... – Ela respondeu despreocupada, dando de ombros, ainda o encarando com uma expressão engraçada, sem parar de sorrir.
Augustus sorriu também, embora não soubesse por que. Havia algo naquela garota que o fazia querer sorrir também, talvez fosse o brilho intenso dos seus olhos verdes em contraste com o rubor que atingia seu rosto quando sorria.
Lentamente, ela se aproximou dele, ficando na ponta dos pés para que seu rosto pudesse ficar a altura. Seu sorriso mudou, de uma forma que ele não podia explicar, mas entendia que ali havia um sentimento cheio de significados.
Instintivamente, ele fechou os olhos, inspirando o aroma doce e floral que exalava do corpo dela. Era um cheiro que já havia sentido antes, embora não conseguisse lembrar quando e onde; era inebriante e que paralisava seus sentidos, fazendo-o desejar estar ali para sempre.
Sentiu pequenas mãos tocarem seu rosto, acariciando os traços de seus lábios até os seus olhos, e de repente, sentiu pequenos lábios serem pressionados contra os seus, o surpreendendo. Na mesma rapidez que eles vieram, porém, também se afastaram deixando Augustus com a incerteza de que aquilo havia realmente acontecido.
- Por que fez isso? - Ele perguntou ao abrir os olhos, mirando-a com curiosidade, sem saber direito se estava se referindo ao beijo ou ao súbito afastamento dela.
- Por que eu quis – Ela respondeu de um jeito enigmático e despreocupado, fazendo-o semicerrar os olhos.
Não sabia quem era aquela garota, mas algo na presença dela lhe despertava uma sensação de conforto, algo na presença dela o relaxava e o deixava com a sensação inebriante de paz.
- Preciso ir – Ela declarou afastando-se dele, andando de ré, ainda sem quebrar o contato visual.
Augustus se sentiu instantaneamente desesperado. Não queria que ela fosse embora, não queria que ela o abandonasse! Era patético pensar dessa forma, já que ele tinha uma noiva e obviamente não era aquela menina, mas naquele momento nada no mundo importava mais do que estar ali com sua pequena desconhecida que o fazia sentir tão bem.
- Me diga pelo menos o seu nome! – Ele pediu sem esperanças, ao vê-la tornar-se um borrão escuro.
- N.B – A voz dela ecoou bem próxima ao ouvido dele, como se estivesse do seu lado. Augustus balançou a cabeça atordoado, procurando-a, tateando cegamente em busca da garota que a essa altura havia sumido completamente.
- Volte... não... não me deixe! – Gus murmurou algumas vezes antes de acordar completamente assustado revirando-se nos lençóis.
Ao acordar do sonho, Augustus sentou-se de imediato, segurando a cabeça com as mãos como se isso fosse fazê-la parar de rodar. Respirando fundo, tentou recobrar o fôlego. Deslizou os dedos pelo cabelo, afastando-os do rosto. Olhou para o relógio digital na mesa de cabeceira e checou com amargura que eram 04h15 da manhã.
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A Beautiful Nightmare
Mystery / ThrillerAos 28 anos, Augustus Hughes já tinha conquistado uma façanha que pareceria impossível para alguém de sua idade: tornar-se o vice presidente da renomada multinacional Whistler's Company. Vivendo em uma rotina maçante e previsível, Augustus vê sua v...