O quarto de Café, nas instalações da SPIA estava quase escuro, a pouca iluminação presente vinha da rua. Mas ele conseguia ver os contornos do garoto claramente. E o pior, escutava sua voz como se ele estivesse ali, de verdade.
— Você não está me ouvido, Café. — não era uma pergunta.
— Some daqui, Rique! Ou tô sonhando, ou então tô ficando doido de vez!
— Não foi o que a psiquiatra disse. — a voz de seu ex-ajudante, Coffee Break, o lembrou.
— Nada daquele blá-blá-blá da doutora pernocas fez sentido pra mim.
— Então, deixa eu te explicar, pois parece que você só conseguia ficar olhando para as pernas dela durante a consulta: os casos documentados de sucessivas viagens no tempo causam alteração na mente do viajante.
— Loucura, cê qué dizê!
— Chame do que quiser, Café, mas o fato é que você está me vendo e me ouvindo. Devia ao menos, ouvir o que estou tentando lhe dizer. — a voz do rapaz era calma e ponderada. Mas Café suava, sentindo calafrios toda vez que via ou ouvia esses fantasmas. Para ele, aquilo era pior que enfrentar monstros gigantes, super-vilões ou alienígenas.
— Você é um fantasma ou reflexo do passado?
— O que faz mais sentido para você? — Coffee Break rebateu.
— Fantasma.
— Então... Bú! — o garoto pulou para cima dele simulando um susto.
— Deixa de sê ridículo, Rique... Bem, se é assim, o que aconteceu com você depois que...
— Não vou responder nenhuma pergunta sobre mim ou sobre o outro lado.
— Por quê?
— Por que você vai ficar perguntando mil coisas que não tem nada a ver com o problema.
— Problema?
— Prestenção, Café! As bombas nucleares!
— Onde elas estão?
— Não sei, mas...
— Quem roubou? Cadê ele?
— Não sei, mas...
— Você não sabe porra nenhuma então, Rique! Some e não me enche mais o saco!
Café estava muito irritado e baixou a cabeça. Quando levantou, uns instantes depois, Coffee Break tinha desaparecido. Ele suspirou aliviado e voltou a se deitar. Estava com uma tremenda dor de cabeça, mas caiu no sono.
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Homem-Café - Apocalipse
Science FictionDepois de deixar a presidência da república, o Homem-Café enfrenta uma nova ameaça: o apocalipse. O destino do planeta está nas mãos do maior herói brasileiro. Será que ele conseguirá salvar a todos? O quarto conto da série. Chegando aqui agora? P...