T menos dez

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Café acordou sentindo a boca e nariz queimando. Lembrou-se vagamente de seu encontro com Narsei e depois do gás que veio em sua direção. Relacionou a sensação de forte ardência ao gás, mas assim que tentou movimentar a boca, notou que estava aberta e presa a uma espécie de aparelho. Todo seu corpo estava preso por grossas algemas metálicas. Aquele aparelho se movia. Eram vários tubos com agulhas que estavam presos em sua língua, gengivas, céu da boca, no interior da cavidade nasal. Café gritou. Seu aparelho de camuflagem estava esmagado no chão e seu corpo estava novamente negro como piche, coberto pela substância alienígena que lhe dava os poderes.

— Vejo que acordou. Está confortável? — veio a voz sarcástica e sádica de Narsei.

Café gritou mais e fez força para quebrar os grilhões.

— Não adianta tentar. Está preso com o mais puro Adiamanteo.

— E esgaaa fooo dimaaa... — Café tentou falar, mas sua boca mal se mexia.

— Antes que pense em tentar projetar a energia negra, dê uma olhada nas lanças prontas para perfurar todo seu corpo.

Havia uma dúzia de lanças com pontas afiadas pressionadas contra o corpo do Homem-Café em vários pontos do corpo. Ele olhou em volta, não dava para ver muita coisa. O ambiente era escuro, mas havia muitos fios, monitores e máquinas estranhas por toda a parte.

Narsei caminhou até um painel, como uma tela sensível ao toque, imensa. Manipulou um conjunto de controles de uma complicada interface gráfica. Os canos que estavam em sua boca e narinas recuaram. Sangue escorreu para manchar a roupa que o herói usava.

— Maldito! O que cê qué cumigo?

Narsei mostrou um largo sorriso. — Veja isso.

Um conjunto de telas começou a mostrar imagens de centenas de cidades. Rio, Nova Iorque, Sidney, Londres, Paris, etc.

— Por que tá fazeno isso, disgraçado?

— Ora, por que eu posso! E em poucos dias, escreveremos um novo capítulo na história da humanidade.

Ficô doido, Narsei? Num acredito que um ser humano possa capaz duma coisa infernal dessa!

— Está certo disso, Homem-Café! Eu mesmo não vou fazer isso... Guardei essa honra para você.

— Nunca! Nunca! Não pode me forçar a fazê isso, seu fio duma égua!

— É o que veremos!

Narsei deslisou os dedos pela tela e os canos voltaram a entrar na boca e nariz de Café, em seguida, vieram as agulhas. Café tentava lutar, mas uma injeção de sonífero o fez desmaiar.  

Homem-Café - ApocalipseOnde histórias criam vida. Descubra agora