Castigo

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Chegamos na delegacia, eu tive que dar meu depoimento, a loira também, recebeu os primeiros socorros e depois foi pra delegacia, ligaram pro meu pai, ele pagou lá uma boa grana, eu sou de menor e tudo mais, e convenhamos que a justiça do Brasil dispensa comentários não é?

Durante todo o trajeto até em casa meu pai não disse nada, eu aproveitei o silêncio e encostei a cabeça no vidro da janela do carro e fiquei olhando para fora, e pensando, será que a felicidade realmente existe?

Eu saio, bebo, curto, porém minha felicidade é momentânea.
Assim que saiu do bar ou acordo, só sinto um vazio grande e muita tristeza.

Talvez um dia eu me encontre, e consiga ser feliz.

Chegamos em casa, e meu pai não olhava no meu olho, ele baixou a cabeça e falou sério comigo.

--- Alicia, dessa vez você passou dos limites, cadeia Alicia? É um pouco demais você não acha? Eu te dou tudo que você quer, mais isso vai mudar, e vai começar de agora, você vai pro seu quarto e só vai sair de lá pra escola, e com segurança, quando voltar, você vai direto pro seu quarto novamente, e vai ficar lá até eu decidir a hora que você vai sair de lá. - e meu pai olha dentro dos meus olhos pela primeira vez depois que chegamos em casa, e eu só consegui ver ódio nos seus olhos, meu coração doeu, mas eu engoli em seco e fingi que não me abalei, mas na verdade aquilo me doeu muito.

--- Vai ser bom pra você não é pai? Agora não tem que olhar pra minha cara nem tão cedo né? - falo já com as lágrimas a um ponto de cair, mais aguentei firme.

--- Sobe agora Alicia, antes que eu faça uma besteira - ele já fala gritando.

Subo pro meu quarto e só consigo chorar, porque eu tô chorando? Não é porque eu tô de castigo, mas sim porque eu só consigo arrancar algum sentimento do meu pai se eu fizer alguma coisa errada, só assim ele me dá um pouco de atenção.

E assim eu chorei a noite toda até adormecer.

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Acordei no dia seguinte, me arrumei e fui pra escola com meu novo segurança, já não ligo mais pra isso, quando cheguei na escola dei de cara logo com o garoto do dia anterior, ele me barrou e me puxou pra um canto do colégio.

--- Ei, qual é a sua? Você acha que com qual liberdade pega no meu braço? - falei isso mas eu estava gostando, por isso deixei, mas ele não precisa saber disso.

--- Você é muito linda!

--- E você me trouxe até aqui só pra dizer isso menino?

--- Mateus

--- O que?

--- Meu nome é Mateus.

--- Ah! Então Mateus, eu preciso ir que já está na hora da minha aula.

Me virei e já ia saindo quando o Mateus me segurou e me abraçou, eu pensei em me desvencilhar, mas eu estava precisando daquele abraço, e me permiti aproveitar o momento e a paz que aquele abraço me proporcionou.

O Mateus beijou o topo das minha cabeça, me deu um sorriso e me soltou, deixou que eu fosse embora, e eu fui, mas não queria ir.

MiaOnde histórias criam vida. Descubra agora