Najas

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Era como se ela tivesse corrido a São Silvestre duas vezes.

Estava completamente exausta, tanto que, quando finalmente chegou em sua casa, não pensou duas vezes e se jogou no sofá, pouco se importando com o fato de ainda estar suja e suada, fedendo um misto de tempero e produto de limpeza. Sentia que poderia dormir até o dia seguinte, sem levantar para absolutamente nada.

— Que horror, mas que cheiro é esse? – Betsy apareceu na sala com cara de nojo e Majô somente levantou a cabeça na direção que ela estava, com uma cara acabada.

— Está tão forte assim? – resmungou com uma voz arrastada.

— Majô! O que aconteceu com você, querida? Por que demorou tanto? – ela disse com preocupação na voz e com muito custo, Majô suspirou e se sentou decentemente no sofá.

— É uma longa história Betsy... – a mulher suspirou e fez menção de se sentar ao lado da garota, mudando de ideia assim que se aproximou e foi sentar-se na poltrona, a alguns metros de distância. O estado e o cheiro da menina eram mesmo deploráveis.

— Tudo bem, querida, pode falar.

— Bom, para resumir... – então ela contou detalhadamente como foi o seu dia até aquele exato momento, desde a ruiva até quando finalmente foi liberta das algemas que a seguravam junto a Ben, enquanto Betsy ouvia tudo atentamente, fazendo comentários vez ou outra, caretas e expressões, as vezes concordando quando era conveniente. Quando Majô acabou ela ficou digerindo o que a menina tinha falado, tentando formar uma opinião sobre tudo, e quem sabe um dar conselho de bônus.

— Então você e o Ben vão ter que ficar algemados até que o diretor diga o contrário? - foi o que ela conseguiu dizer.

— De tudo o que eu falei, é só isso que você absorve, Betsy? - suspirou, impaciente. - Sim, eu vou ter que ficar algemada com Benício até que o diretor diga o contrário.

— Eu sabia, eu sabia! – Betsy levantou rapidamente da poltrona, super animada. Majô franziu o cenho com essa súbita mudança de humor.

— O quê?

— Eu sabia que um dia vocês ficariam juntos! Não imaginei que fosse desse jeito, literalmente juntos, mas já é um começo! – começou a bater pequenas palmas animadas. Majô ficou encarando-a por alguns segundos, até começa a rir descontroladamente.

— Ótima piada, Betsy. Melhorou meu dia, obrigada. – disse quase sem fôlego.

— Menina, eu trabalho aqui a muito tempo. Vi você e ele nascerem, carreguei os dois no colo e no momento que eu vi vocês dois, eu soube que vocês teriam história.

— Sim, cada um a sua. Me perdoe, Betsy, mas eu e ele não vai acontecer, nem que fossemos as últimas pessoas no mundo. É impossível...

- Nunca diga nunca!

- Nesse caso definitivamente é um nunca... Eu vou subir, está bem? Estou completamente exausta, vou tomar banho para relaxar um pouco. Amo você.

— Também te amo, querida. – Betsy acompanhou a menina com os olhos até ela sumir de vista. Balançou a cabeça negativamente e soltou uma pequena risada. – Essas crianças...

(...)

Tinha acabado de sair do banho e estava secando o cabelo com a toalha quando viu a chamada de suas amigas no seu notebook, em cima de sua mesa. Sorriu com a ideia de poder desabafar sobre tudo com elas, então não tardou em atendê-las.

— Oi, meninas. - ela disse aliviada.

— Oi, Majô. – disseram em uníssono.

— Como você está, amiga? – Ana perguntou preocupada.

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