GUERRA!

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Condomínio Saint Eleonor. Um lugar enorme e luxuoso, com casas inimagináveis, sofisticadas e caras, para combinar com o tamanho da conta bancária de seus moradores. Era o lugar perfeito para se morar: calmo, silencioso e enorme.

Mas, se dependesse de Benício Moretto e Marjorie Martins, aquele condomínio seria inabitável.

O fato de seus pais serem melhores amigos há mais de vinte anos, ou eles serem vizinhos, ou de terem nascido no mesmo dia parecia não influenciar o fato deles se odiarem, pelo contrário, parecia fortalecer esse sentimento.

Parece que dividir os brinquedos e as luxuosas festinhas de aniversário infantis não influenciam na formação de uma amizade. A questão é que: eles tomaram rumos e gostos tão diferentes que a convivência entre eles passou a ser impossível.

~*~

Mais uma segunda feira e mais um dia que ela acorda com aquele despertador barulhento e totalmente irritante. Se controlando para não atirar aquele negócio na parede, Majô se espreguiçou e levantou com muito custo, se preparando para mais um dia. Colocou uma música qualquer no iPod e abriu as portas da sacada para iluminar o quarto. Sorriu ao ver o céu brilhante e sem nuvens, uns poucos raios de sol entrando em seu quarto, a brisa fria da manhã levantando o pano de sua cortina e algo vermelho demais para olhar quando acaba de acordar.

Estranhando, ela tateou sua escrivaninha em busca de seus óculos e apertou os olhos ainda mal acostumados com a luz, mesmo assim não conseguia acreditar em seus próprios olhos míopes com a cena que via na casa ao lado.

Uma ruiva.

Uma ruiva com roupas que Majô julgava muito menores que o aconselhável para esse frio matinal, estava descendo a cerca viva de seu vizinho com um olhar sonolento e ao mesmo tempo assustado. Ela olhava freneticamente para todo lado, até que seus olhos encontraram os de Majô, que ainda estavam confusos e um pouco indignados.

Os olhos da menina imediatamente ficaram três vezes maiores do que ficaria proporcional ao seu rosto e ela pareceu congelar. Quando voltou em si, ela estava tão apavorada que perdeu o equilíbrio e caiu da cerca.

— Ai! – Majô falou baixo – Você está bem? – ela gritou para a menina, que só ficou mais assustada e não respondeu.

Ela logo se levantou e se sacudiu um pouco, tirando um pouco da grama que ficou presa em sua roupa, depois saiu correndo condomínio acima, com Majô acompanhando-a até perde-la de vista. Olhou para a sacada de onde provavelmente a menina havia saído e viu Ben tentando enxergar a menina ruiva. Quando seus olhares se encontraram, ele deu um sorrisinho malicioso, piscou para ela e voltou para o quarto.

"Totalmente desprezível", ela pensou.

~*~

Ignorando o acontecimento totalmente aleatório e constrangedor, ela voltou ao seu quarto para se arrumar. Foi ao toalete e ligou a torneira para começar a encher a banheira. Jogou sais relaxantes e uma bomba de banho e foi ver a roupa do dia. Tinha que ir bem arrumada, afinal era a presidente do Grêmio Estudantil. Satisfeita com o que escolheu, foi tomar seu merecido banho relaxante.

Do outro lado, Ben já tomara seu banho. Colocou uma roupa qualquer, isso não importava, queria mesmo tomar seu café da manhã.

— Bom dia família, bom dia Tereza.

— Bom dia – disseram em uníssono.

— Fez a pesquisa, filho?

— Pesquisa? – parou de mastigar o bolo que tinha mordido.

— Sim, semana passada você disse que tinha uma pesquisa para entregar e se eu não me engano é pra hoje.

— Ai, merda! – ele bateu em sua própria testa.

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