Nate e Sr. Porquers

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Quando Majô chegou em casa no dia da papelaria, estava exausta. Fisicamente e psicologicamente. O primeiro porque tiveram que voltar para a escola e carregar várias sacolas pesadas por longos corredores até o depósito, onde todas as outras coisas para o antigo "Noite Estrelada" estavam. Ela suspirou quando viu tudo aquilo que tinha preparado durante seis meses e que agora seria totalmente descartado por culpa da brilhante ideia de mudar tudo de última hora. Agora muitas preocupações invadiam sua mente.

Antes estava tudo praticamente pronto, já tinham comprado todos os materiais e a maior parte das decorações. Nesse último mês antes do baile eles iam efetivamente começar a montar tudo, ver o que falta, fazer os ajustes e acertar os últimos detalhes, confirmar DJ, buffet e essas outras coisas de festa. Tudo milimetricamente planejado e cronometrado e Majô não podia se sentir mais orgulhosa do trabalho da comissão do Baile.

Porém, tudo agora era um borrão, ela estava incerta sobre tudo. Não sabia se ia dar tempo, se ia ficar bom, se sequer sobreviveria sem ficar psicologicamente abalada até o dia do baile. Faltava exatamente um mês e agora tudo que tinha era materiais nada prontos num depósito do outro lado da escola. Tudo isso por causa de Benício.

Benício, aquela praga.

Sempre ele, tudo é ele. Desde o momento que eles nasceram. O único lugar que ela se livrava e tinha controle sobre as coisas era dentro daquela comissão, mas agora nem isso, já que ele estava lá pra tirá-la do sério. E ainda vem com aquela história de que ela poderia gostar dele...

Argh! Ela tinha prometido que não ia pensar mais nele e focar em quem interessa. Mas como não pensar nele se ele é tão babaca? Tirou tudo dela, suas amigas, seu baile, sua paz...

Mas não, ela não podia se deixar levar por ele. Ela não podia se abalar. Deitou em sua cama e pegou seu celular, abrindo as mensagens e mandando uma para Nate logo em seguida, perguntando como estava as coisas por lá. Eles conversavam quase todo dia, e ela sentia seu coração esquentar toda vez que falava com ele. Ela gostava de se sentir assim, lhe parecia simplesmente certo, mas às vezes era difícil por causa do fuso horário muito diferente. Ele provavelmente demoraria para responder àquela mensagem, mas quando o fizesse ela estaria lá, pronta para conversar com quem a deixava feliz.

Enquanto isso não acontecia, ela decidiu finalmente começar o, entitulado por ela, "Dia Sem Benício Oficial". Separou alguns filmes de ação, seus preferidos, preparou pipoca e chocolate e se jogou no sofá do seu quarto. Aquele dia seria ótimo.

~*~

Ela acordou com algo tocando de um jeito estridente. Estava sonolenta e confusa, não lembrava de ter dormido, olhou pela janela e viu que estava escuro lá fora, arregalando os olhos, assustada.

⁃ Gente... quando foi que eu dormi? - só então se lembrou do seu celular tocando e começou a procurá-lo freneticamente pelas cobertas e embalagens de pipoca, chocolate e balas azedas pelo sofá. Viu o nome de Nate brilhando na tela quando finalmente o achou e sorriu, pausando o filme na parte que Rose solta o corpo pálido de Jack na água congelante. Suspirou, triste, como sempre ficava nessa parte, mas não lembrava de ter colocado Titanic no DVD. Enfim, claramente cabia os dois naquela coisa.

Saiu dessas pensamentos e deslizou o botão verde do celular, colocando-o na orelha.

⁃ Oi, Nate! - disse animada.

⁃ Oi, Majô! Como vai? - ele disse com aquela voz bonita e ela sorriu.

⁃ Cansada. Acabei de acordar. - disse e riu.

⁃ Ah é? Eu te acordei?

⁃ Meio que sim... mas foi bom, estava com saudades.

⁃ Ah, foi por isso que você demorou pra atender, já estava quase desistindo... - ele riu e ela acompanhou. - Eu também fiquei com saudades. Fico feliz que eu não saio dos seus pensamentos, porque você também não sai dos meus. - ele disse com a voz rouca e ela agradeceu por ele não poder vê-la naquele momento, pois seu rosto definitivamente estava vermelho. Ele provocava esse efeito nela às vezes. - Que tal a gente conversar pelo Skype? Quero te ver.

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