Lanches retrôs e planos infalíveis

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Ben estava debruçado sobre o carrinho de compras enquanto o empurrava por entre as prateleiras da enorme papelaria da cidade. Majô ia mais à frente, com uma lista inacabável de itens que ela julgava totalmente necessários e com um marca texto rosa fluorescente em mãos.

⁃ Sua sorte é que sobrou uma verba considerável para tudo isso. - disse para Ben e logo voltou a andar. Ele apenas revirou os olhos. - Qual tinta branca eu levo? - perguntou quando parou no corredor e ficou encarando a prateleira, a encarando minuciosamente.

Como Ben gostaria de não ter se precipitado e feito aquele acordo com ela na fatídica sexta-feira que ficou preso naquela reunião. Agora estava ali, numa plena segunda feira depois da aula empurrando aquele negócio e tendo que aguentar a garota indecisa para tudo quanto é coisa.

⁃ Marjorie, é a droga de uma tinta. É só pegar qualquer uma e pronto.

⁃ Não é tão simples.

⁃ Não é tão simples? - arqueou as sobrancelhas para ela.

⁃ O dinheiro não é nosso, Benício. Quanto mais pudermos economizar, melhor. A tinta tem que ser boa e barata ao mesmo tempo. Que tal fosca? - pegou o potinho na mão. Ele analisou a prateleira e pegou dois potinhos, impaciente.

⁃ Pronto, leva essa. - empurrou as tintas pra ela, que bufou e colocou no carrinho.

⁃ Como você é idiota.

⁃ E você é fresca. - ela revirou os olhos teatralmente e respirou fundo, sorrindo falsamente para ela sem seguida.

⁃ Agora os confetes e os papéis laminados para ficar jogando pelo ginásio.
E então recomeçaram a andar pelos longos corredores em silêncio em direção as frescuras - segundo Ben - para ficar jogando pelo salão, até que ele se lembrou do sábado de manhã, quando seus amigos invadiram sua casa e insinuaram qualquer coisa entre eles dois e Majô negou com nojo. Não que ele algum dia fosse admitir isso em voz alta, mas ficou um pouco ofendido.

Não que ele se importasse com a opinião da garota nem nada disso, mas, fala sério, ela com certeza estava mentindo.

Afinal, ele era Ben Moretto, o garoto mais desejado da escola, o arrasador de corações, o que apreciava bons corações partidos no café da manhã e todas o queriam.

Não?

⁃ Você definitivamente estava mentindo. - disse e Majô parou de caminhar e o olhou confusa e desentendida.

⁃ Quê?

⁃ Sábado de manhã, quando os caras apareceram lá em casa. Você não podia estar falando a verdade.

⁃ Em que parte?

⁃ A que você disse que nada nunca aconteceria entre a gente. Quer dizer, pela minha parte não mesmo, mas eu tenho umas teorias. - ela se virou pra ele completamente e cruzou os braços, como num desafio.

⁃ Ah é? E quais seriam?

⁃ Você tenta me odiar porque senão esse sentimento seria outro. O oposto de ódio, na verdade. - completou e Majô ficou olhando para ele por alguns segundos antes de explodir em risos.

⁃ Você só pode estar brincando. - disse sem fôlego por estar dando risada. - Eu nunca ouvi tanto absurdo assim.

⁃ Você sabe que é verdade.

⁃ Existem inúmeros motivos para eu não gostar de você, Benício, e eu poderia ficar citando eles o dia todo. Na verdade, você não é uma pessoa gostável. Muito menos apaixonável.

⁃ Ah é? - ele disse arqueando as sobrancelhas e ela revirou os olhos.

⁃ Como se você não soubesse. Olha pra você. Super desinteressado, grosso e babaca. Você faz as garotas descerem pela sua cerca viva. Você quase me fez atrasar na aula pra ficar se atracando com aquela cuíca.

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