capítulo 8

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A luz da manhã de sábado irradia pelas persianas e invade o quarto de Angie. A garota boceja lentamente e liberta seu corpo de um transe quando seu celular toca. Ainda mal acordada, com marcas da maquiagem do dia anterior, Angie pega o celular e ativa o visor. Mensagem de Liam Jennings é o que está escrito na tela.

"Bom dia, pequena. O que acha de um almoço em Downtown Oxford? Conheço um bistrô bem legal em frente a Folly Bridge." A mensagem curta de Liam acorda Angie num pulo. Sua feição é surpresa, sentindo seu vômito ansiar só de pensar em um relacionamento com o loiro tatuado. Ela pensou que seu desgosto por grandes amores estivesse claro para qualquer um que a conhecesse. Tem nojo deles. Acha repugnante qualquer demonstração pública de afeto ou casais que mandam mensagens de texto repentinas. Nunca fora esse tipo de garota, afinal, havia desaprendido a amar muito cedo.

Mas é Liam. São os ante-braços que sempre a confortam após uma semana caótica. É o sorriso de canto sempre lançado quando a garota coloca os pés na loja. É o olhar faiscante e os comentários maliciosos, que são capazes de brincar com os hormônios de Angie. Liam é apaixonado por ela e se tentasse, ela talvez pudesse ser também. Não é tão simples assim, a menina pensa.

"Oi Liam, pode ser." Ela responde curta. Um almoço provavelmente não a morderia.

"Certo, te pego às 12:00." A mensagem aparece na tela imediatamente e a garota sorri vitoriosa. Ele é caidinho por mim. Pobre Liam, pensa. Angelina Walker realmente não é uma flor que se cheire. Não adianta. Ninguém é capaz de partir seu coração.

O visor do celular registra 10:30. Ótimo. A garota tem tempo suficiente para tomar um banho e limpar as toxinas da noite anterior. Ela não queria fazer um mínimo esforço para se lembrar do ocorrido.

Angie liga a água e o líquido escorre morno por sua pele pálida. A garota descansa a cabeça na parede e fecha os olhos, deixando-se invadir por seus pensamentos mais importunos. Cachos. Sorrisos. Cigarros. Olhos. Isaac.

Chacoalha a cabeça depressa, tentando desviar-se de seus devaneios.

Angie ensaboa seu corpo e hidrata seus cabelos com algum tipo de creme. O banho termina rapidamente e ela enrola uma toalha ao redor do corpo.

Depois de todo o processo rotineiro de higiene, a garota escolhe uma roupa confortável para a temperatura frígida de Oxford. Coturnos escuros, uma calça preta estralhaçada e um suéter de lã cinza, são os escolhidos da vez. Com os olhos vidrados no espelho, a garota traça seu clássico delineado, dando vida aos olhos esverdeados. Seus cabelos molhados são presos em uma trança embutida e ela sente-se indiferente ao seu visual. Não precisa estar extremamente bonita, apenas o suficiente para manter sua eminente versão de Angelina Walker.

Olha o relógio e o ponteiro marca 11:10. Ela ainda tem tempo suficiente para desfrutar de um bom livro e de um copo cheio de café quente até que Liam apareça. Será que o garoto está interpretando isso como um encontro? Ele não faria isso, faria?

As páginas de "Toda luz que não podemos ver" são devoradas rapidamente pela garota, até o menino chegar. O som agudo da campanhia tilinta e ela desce as escadas depressa. Angie deixa um pequeno bilhete para a mãe em cima da mesa, dando alguma desculpa esfarrapada sobre onde ela estaria indo.

"Oi." Seu sorriso é notável mas Liam questiona o grau de honestidade do mesmo. A garota fecha a porta de casa ao falar.

"Boa tarde, Angie." Liam hesita em abraçá-la, mas a possibilidade de afastar a menina mais ainda, o assusta. Ele sorri tímido e ambos seguem o caminho em direção ao carro.

Ah, qual é! Seu pequeno Chevrolet Aveo 2005 acinzentado não é nada comparado ao Road Runner, mas tem rodas e pode levar a garota para qualquer lugar. Filho da mãe, ela pensa em Isaac e agora ri da situação que ocorrera na noite anterior.

"Sua mãe não está em casa?" Liam se pronuncia quebrando o silêncio constrangedor presente no carro. Além de alguns amassos no banheiro do Fortis e conversas rápidas na Smoke Room, nunca haviam saídos juntos de verdade. As palavras se perdiam no ambiente muito antes de serem pronunciadas.

"Acho que não. Deixei um bilhete caso ela esteja, ou caso ela chegue." Dá de ombros. Angie balança seus pés inquieta esperando que o menino ligue o rádio. Não é possível que ele não ouve música enquanto dirige.

"Ah, bem pensado." A voz de Liam é nervosa e ele olha para a estrada agoniado. A garota desiste de esperar e liga o rádio num volume relativamente alto. "Boa ideia." Ele sorri amarelo ao ouvir o som de The Script tocar seus ouvidos. O resto do percurso segue num clima meio desconfortável até chegarem em Downtown Oxford.

A ponte de tijolos com arcos formados em sua composição, corta o Rio Thames em pleno centro da cidade. Rodeado por complexos residenciais, pequenos bistrôs e algumas lojas de velharias, o local deve ser responsável por atrair um público bem variado. Crianças empacotadas com agasalhados soltam pipas em frente da ponte e idosos andam em casais num passeio agradável. Talvez Liam estivesse certo, o lugar não é tão ruim assim.

"Bonito, não é?" Ele pergunta a Angie que assente com a cabeça.

O garoto estaciona o Aveo em frente a um estabelecimento que parece mais um restaurante do que um bistrô, deixando a garota surpresa. Ele definitivamente está achando que isso é um encontro.

Ambos saem do carro e se dirigem até o restaurante. Liam, com as mãos escondidas nos bolsos da calça e Angie, com os fios de cabelo desajeitados.

O estabelecimento, cujo o nome é The Folly Restaurant, fica localizado literalmente em frente a ponte e apresenta uma visão espetacular da cidade no inverno. Mesmo com o vento frio, Angie e Liam resolvem ficar numa mesa na área externa, para admirarem melhor o lugar.

"E seu irmão, Liam? Como está?" Ele se surpreende ao ouvir a menina se pronunciar.

"Está bem, Angie. Hoje ele vai passar o dia com a mãe biológica." Liam diz, sorrindo. "Você tinha que ver a cara dele de felicidade." Angie responde com um sorriso amarelo e tenta imaginar uma cena. Um momento em que ela fora a vítima dessa cara de felicidade ao estar com a mãe.

De longe do restaurante, Isaac apoia seus cotovelos na ponte que fica em frente ao seu apartamento e observa atentamente a menina. Ela é linda. Ele sabe que é. Mas é só uma menina. É só uma menina, Isaac. Porque o incomoda tanto o fato dela estar saindo com outro? Ele a mal conhece, ora bolas! É, a partir do momento que seus olhos cor-de-oceano encontram os verdes-esmeralda da menina, que ele não tem dúvidas. Sua armadura não é mais tão resistente assim.

Nota da autora:

Desculpem-me pela demora, meninas! Eu juro que nessa semana, foi difícil de postar. Tive um bloqueio emocional e acabei travando uma batalha com a minha própria escrita, mas dei uma revira volta! Esperando que estejam gostando!

PS: Comecei a escrever uma nova história, um pouco mais diferente dessa e mais real. Nela eu falo um pouco do meu intercâmbio e de coisas que passei nele! 

Link: https://www.wattpad.com/story/87880548-como-eu-me-apaixonei-por-voc%C3%AA

Beijos,

L. Ferrero


MASQUERADEOnde histórias criam vida. Descubra agora