8o Capítulo - NOVAS REVELAÇÕES

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No dia seguinte quando acordei, fui surpreendido pela luz do sol penetrando pelas frestas da janela.


Senti uma alegria imensa, pois há muito eu não via os raios solares. Felipe estava sentado aos pés


da minha cama.


-Como está, meu amigo Zílio?


-Transbordando de felicidade! É como se eu tivesse renascido esta manhã.


-Pelo que eu vejo, não teve dificuldades para retornar algumas lembranças dos momentos vividos


aqui entre nós.


-Não me recordei de tudo, mas o que é importante para mim, está bem nítido em minha mente. Sei


agora que você é um dos amigos valorosos que eu tenho aqui. Deve ter saído daqui muito bem


preparado; por que fracassei?


-Enquanto estamos aqui no mundo espiritual, geralmente estamos entre autênticos amigos; nossas


qualidades pouco são testadas, porém, quando reencarnamos, nós nos submetemos a uma


convivência irrestrita, onde nossos valores são testados a cada instante a as nossas fraquezas são


estimuladas até o último grau da nossa resistência. Nem sempre conseguimos resistir a todas e isso


demonstra o quanto ainda temos que caminhar rumo à perfeição.


-Estou sentindo uma sensação de eternidade; é como se realmente eu tivesse nascido há milhares


de anos atrás.


-É Zílio, somos alguns dos muitos que ainda não conseguiram voltar ao planeta de onde fomos


exilados. Graças a Deus, não recordamos totalmente dos detalhes do nosso sofrimento seria ainda


maior. Vez ou outra, temos uma vaga intuição e isso já é o bastante para nos sentirmos deslocados


neste mundo. Devemos prosseguir lutando! Agora, este é o nosso mundo! Temos que ajudar a


transformá-lo.


-Você, Felipe, deve estar séculos à minha frente, não sei se mereço gozar da sua presença.
Zílio, meu irmão, muitas vezes estivermos juntos, vivendo experiências difíceis no corpo físico.


Nosso grande erro foi cometido na velha Lemúria, quando nos associamos a um grupo de exilados


como nós, que praticava rituais macabros. Com o poder que desenvolveu, esse grupo provocava a


materialização de espíritos inferiores, que vinham sugar o fluido vital das vítimas humanas


sacrificadas em nossos rituais. Em troca, esses espíritos menos desenvolvidos obedeciam


cegamente a nossa vontade. Esses rituais eram regados a drogas produzidas por verdadeiros


alquimistas das trevas. O mal que causamos a milhares de criaturas nos custou séculos de


sofrimentos e reparação.


-Então, é por isso que, quando usava as drogas, eu me sentia como se estivesse realizando algo


místico, era como se estivesse me preparando para sondar o infinito.


-É, Zílio, essas fraquezas nos acompanharam durante muitas vidas. Alguns companheiros ainda se


comprazem com elas, um deles você encontrou quando conseguiu sair da sepultura. Graças a


Deus, a sua reação diante dele foi positiva; com isso, libertou-se da sua influência nociva que o


levou a sucumbir no mundo das drogas. Agora você está livre para construir o futuro que deseja.


-Foi por isso que eu tive a sensação de conhecê-lo?


-Não tenha dúvidas. Ele tinha a esperança de continuar lhe subjugando aqui no mundo espiritual.


-Realmente, ele tentou. Ouvi muitas vezes sua voz convidando-me a participar do "Paraíso" em que


ele vive.


-Um dia vamos poder ajudá-lo. Afinal, é nosso irmão, não podemos julgá-lo, pois cometemos os


mesmo equívocos.


-Helena faz parte do nosso grupo?


-Helena foi uma das primeiras que se redimiu dos crimes que cometemos na Lemúria; depois disso,


tornou-se uma benfeitora de todos nós.


-Qual tem sido minha participação nesta Colônia?


-Aqui todos somos alunos e professores. Estudamos e desenvolvemos meios de contribuirmos com


a transformação da humanidade, inserindo, na arte, mensagens de fé e renovação. Entretanto,


temos experimentado inúmeros fracassos. Muitos desceram à Terra com essa missão, mas, quando


alcançaram a fama esqueceram os compromissos assumidos. Temos alguns deles que ainda estão


encarnados, desfrutando de valiosos recursos de comunicação, mas infelizmente, por mais que


tentemos influenciá-los acabam servindo ao consumismo predominante na Terra.


-Eu servi ao consumismo, mas acabei induzindo muitos a consumirem um produto cujo efeito é a


morte. Reconheço que sou um dos que fracassaram.


Um roqueiro no AlémOnde histórias criam vida. Descubra agora