- Apesar desse fator negativo, você foi um dos poucos que conseguiram marcar alguns pontos
positivos com relação a nossa proposta de trabalho.
-Vocês estão à frente dessa tarefa tão importante, não poderiam interferir quando aqueles que
partiram daqui com essa missão estivessem ameaçados com o fracasso?
-Interferir não. Influenciar sim! Entretanto, todos são livres para aceitar ou não a nossa influência.
-Agora, mais do que nunca, entendo a sabedoria e a bondade Divina! Deus nos criou livres e será
no exercício dessa liberdade que um dia alcançaremos a perfeição.
-Exatamente. À medida que o ser avança no bom uso dessa liberdade, automaticamente aufere a si
mesmo recursos ainda mais amplos, alargando seus horizontes em direção à verdadeira felicidade.
-Nesse caso, a lei da relatividade faz sentido.
-Realmente! Tudo é relativo ao nosso grau de evolução.
-Sabe Felipe, apesar de me sentir muito bem estou preocupado com estes hematomas que
aparecem no meu corpo.
-Esses pontos escuros que realmente parecem hematomas, são marcas apontando focos de
energia em desequilíbrio. São conseqüências do seu desencarne precoce. Representam as partes
do seu corpo físico onde o desligamento prematuro do perispírito foram traumáticos.
-Quanto tempo ficarão essas energias em desequilíbrio?
-Alguns desses focos o acompanharão na próxima encarnação e vão se refletir no seu corpo físico
como pontos de debilidade.
-Devo entender que poderei renascer com algum tipo de enfermidade?
-Provavelmente! Quando, por meio de uma atitude impensada, ferimos ou destruímos os recursos
que a Providência Divina nos empresta, incidimos na lei de causa e efeito que fatalmente nos exigirá
uma reparação.
Felipe ficou pensativo por alguns instantes e, depois, arrematou:
-Tenho que ir; não fique preocupado em demasia; mesmo quando ferimos as leis eternas, podemos
contar com a misericórdia Divina que, constantemente, auxilia e socorre aos incautos do caminho
como nós!
Depois que Felipe partiu, fiquei preocupado; olhei as manchas do meu corpo e quase entrei em
depressão. Tive que lutar muito contra os pensamentos que povoaram a minha mente naquele
momento. Levantei-me e abri a janela. Do lado de fora, havia uma grande movimentação de
espíritos. Caminhavam por entre as árvores floridas que ornamentavam a praça em frente a um belo edifício, cuja arquitetura lembrava o estilo europeu. Alguns espíritos acenavam-me como desejando-
me as boas vindas. A visão daquele maravilhoso lugar contribuiu para que eu recuperasse meu
estado de ânimo. Começava a sentir-me feliz novamente! Fiquei mais feliz ainda quando Helena
chegou para visitar-me.
-Zílio, você está bem?
-Sim! Melhor agora com a sua presença.
-Apesar de estar se sentindo bem, você precisa repousar algum tempo e depois começar a praticar
um exercício que o ajudará a esquecer as necessidades do corpo físico. Eu trouxe este caldo de
essência etérica para ajudar-lhe a superar a sensação de fome e sede que provavelmente deve
estar sentindo.
-Realmente, já começava a sentir-me faminto.
-A sensação das necessidades físicas permanecem no campo mental durante um longo período.
Você poderá abreviar esse período exercitando sua mente no esquecimento de tais necessidades.
-Por que, durante o tempo em que estive preso na sepultura e, posteriormente, no vale dos
drogados, não senti essa sensação?
- Quando estamos absorvidos por uma situação angustiante, até mesmo quando encarnados,
esquecemos de atender nossas necessidades primárias; por isso mesmo, não sentiu fome nem
sede. Agora que voltou à normalidade dos pensamentos, sua mente retoma as preocupações e
sensações que tinha como encarnado. Começa agora uma nova etapa de lutas que terá que
enfrentar.
Enquanto ouvia Helena, tomei o caldo que ela trouxe. O sabor era agradável, não parecia com nada
do que já havia experimentado, mas causou-me uma sensação de bem estar alimentado. Então,
perguntei:
-Este é o alimento dos espíritos?
-Sim. Mas não dessa forma. Os espíritos evoluídos absorvem naturalmente do Fluído Cósmico
Universal a energia que os mantêm. Esse caldo que acaba de tomar é uma condensação desse
fluido, levado a um estado de matéria que se identifica com a do perispírito. Absorvido pelas paredes
do órgão digestivo, esparge-se por toda organização celular. Com o aproveitamento total dos
elementos, não há o que expelir, anulando, assim, as necessidades fisiológicas.
-Quando eu saí daqui para reencarnar, eu tinha o conhecimento de todas essas coisas? Se tinha,
não seria mais fácil ajudar-me a recobrar a lembrança de tais acontecimentos ao invés de
desgastar-se respondendo às minhas perguntas que, para você, devem soar como perguntas
infantis?
- Assomar completamente suas lembranças do período que esteve aqui traria outras à balia, as quais
ainda precisam permanecer no esquecimento. Não deve se angustiar por isso; aos poucos você
reassumirá os conhecimentos necessários.
-Que força me impede de recordar?
-Este plano em que estamos é imediato à terra, transcende apenas as regiões umbralinas; portanto,
as suas vibrações mentais estão restritas a recordações imediatamente anteriores. Somente quando
avançamos nos planos evolutivos é que a nossa potência mental se amplia e nos permite dilatar
nossas recordações.
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Um roqueiro no Além
EspiritualRoqueiro famoso, surpreendido pela morte prematura causada pelo uso abusivo de álcool e drogas, se vê diante de uma realidade que jamais imaginara. Propagador da liberdade incondicional, por estranha ironia, submetido à lei de causa e efeito, se viu...