Prólogo

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"_ Hoje eu vim te fazer uma surpresa... – diz sussurrando com aquele bafo horrendo em meu ouvido fazendo com que acordasse assustada sentando na cama.

_ Por que você está aqui? – pergunto me encolhendo com o cobertor tentando de alguma forma impedir sua aproximação.

_ Não precisa ficar com medo... Eu sei que você gosta... – ele diz ainda sussurrando enquanto sobe na cama e me puxa a força ao mesmo tempo em que tenta tirar minha roupa.

_ Não! Para! – falo suplicando enquanto meus olhos ficavam marejados ao ver minha calça de cotton ser brutalmente rasgada conforme sua mão avança para o meio de minhas pernas.

Ele tampa minha boca enfiando o tecido nela impedindo que um grito escape por meus lábios segurando os meus braços acima da cabeça com a mão direita, mas para que eu não mexa as pernas, posiciona-se entre as mesmas colocando minha calcinha para o lado enquanto acaricia meu clitóris arrancando gemidos abafados de mim.

_ Você gosta... – diz em meu ouvido novamente e então sinto o cheiro de bebida forte vindo de seu hálito..."

Acordo apavorada com um miado estridente de Misha que agora se encontrava no chão. Provavelmente estava dormindo comigo e por causa desse meu "ataque" repentino se assustou, mas confesso que queria estar no lugar dela já que sua vida é melhor do que a minha. Suspiro e jogo a coberta para o lado, pois com pesadelos vêm dias ruins e dias ruins me deixam com um puta mau humor. "Por que um raio não cai logo em minha cabeça?", pergunto a mim mesma mentalmente amaldiçoando o despertador que mostrava serem três horas da manhã, sendo que as aulas só começam às onze horas.

_ Você está com sede meu amor? – pergunto com carinho esfregando os olhos enquanto encaixo meus óculos no rosto pegando minha linda gata do chão a caminho da cozinha.

Miau, tudo que recebo como resposta ao abrir o armário em cima da pia pegando a caixa de Flakes Winston (meu cereal favorito e que não deixar de comer agora que bateu essa maldita insônia). Coloco minha peluda em cima do balcão e em seguida encho uma tigela pequena com um pouco de leite que a mesma lambe avidamente, feliz com o pequeno agrado conforme eu me deliciava com os flocos que derretiam na língua juntamente ao líquido branco que algum gênio perdido no tempo conseguiu espremer de uma vaca.

Encosto as costas no mármore com o potinho de plástico na mão pensando em tudo o que já aconteceu na minha vida e na consulta que teria às nove horas com o psiquiatra, bem, eu não gosto de ir lá, mas como na faculdade é necessário fazer exames físicos e mentais, ficou no meu registro que não era apta para realizar meu trabalho como futura médica porque me recusei a atender um senhor de quarenta anos de idade e barbudo que por acaso, tentou me agarrar quando ficamos a sós. Mas alguém quis saber a minha versão do ocorrido? Não. Simplesmente me julgaram como quiseram.

Então, digamos que tenha socado seu rosto por ter despertado certas lembranças com tal atitude de baixo calão... Era só uma ajuda que estávamos dando ao hospital da universidade, contudo, essa minha mancada me rendeu consultas diárias ao psiquiatra e suspensão de uma semana das aulas práticas sem qualquer contato com os pacientes de lá.

_ Ele que devia ir ao psiquiatra. – digo amargamente terminado de comer e coloco a vasilha na pia indo para a sacada da sala. Me apoio no parapeito observando as luzes da cidade que quase não dorme.

*Obs.: A foto é dela com 16 anos como no pesadelo.

Sensações - Livro 1 - Duologia Seu Toque // H.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora