Acordo mais disposta que no dia anterior e por algum milagre, sem pesadelos. Levanto da cama e arregalo os olhos ao perceber que estou duas horas e meia adiantada após olhar o despertador, então resolvo fazer uma loucura: descolorir o cabelo. Bem... Eu já chamo atenção, já sou odiada por certa parte da universidade e quero mudar algo em mim... Boom! Juntei esses pensamentos e tive essa ideia.
Corri no banheiro e verifiquei o armário do mesmo para verificar meu estoque de produtos, mas dessa vez eu tinha me enganado. Não tinha descolorante e não estava afim de sair para comprar.
_ Que saco! - berro de raiva e encaro meu reflexo.
_ Miau! - escuto em seguida e olho para baixo vendo Misha transpassar minhas pernas manhosamente com aquele olhar "Quero comida humana!", por isso suspirei e a peguei no colo a caminho da cozinha repetindo o ritual de café da manhã, ingerindo meu cereal favorito e alimentando a gata com leite.
_ Já sei! - digo alto ao estalar os dedos tendo uma ideia brilhante.
Ligo para a farmácia da rua de trás e peço para entregar os produtos no apartamento, sim vou fazer o atendente subir até aqui para me entregar a sacola. Sabe aquele dia de preguiça que todo o cansaço da semana se apodera do seu corpo, mas sabe que precisa fazer algo? Confuso eu sei, é exatamente desse jeito que me sinto.
Agora estou me admirando no espelho do quarto com os fios brancos formando uma cascata até quase no final das costas. "Agora sim. Acendi um holofote sobre mim.", penso feliz tirando várias fotos sozinha e algumas com a Misha.
Olho para o despertador no criado mudo e cantarolo baixo ao ver que já esta na hora de me arrumar para a WCU. Corro no banheiro para tomar um banho com o maior cuidado possível para não molhar meu cabelo, não queria ter que escová-lo novamente, afinal cansa, gasta tempo e não tenho paciência. Deixo os fios levemente ondulados soltos e coloco a famosa roupa monocromática, pois hoje era dia de visita ao hospital e mesmo que não possa realizar atendimentos, posso apenas observar e aprender novos métodos com os médicos experientes de lá.
Com sapatilha, calça jeans e blusa de manga comprida brancas sigo pelo corredor rumo ao elevador segurando meu casaco, jaleco e mochila enquanto escuto meu inconsciente alertar dos prováveis comentários maldosos que as pessoas farão ao meu respeito. Respiro fundo e aperto a alça da mochila enquanto ajeito tudo dentro dela para não ter problemas ao pilotar.
Caminho confiante até minha moto assim que deixo aquele cubículo de ferro ignorando os outros moradores que entravam ou saíam de seus respectivos veículos paralisando de surpresa ao notarem minha presença no local. Sorrio de lado e abro o compartimento colocando a mochila dentro após posicionar o capacete na cabeça.
Subo sem nenhum esforço e ligo a máquina me dirigindo para fora dali.
Acelero pelo asfalto afora aliviando a ansiedade assim que a adrenalina percorre o meu sistema mantendo meu estado emocional estável. As lembranças da noite no bar preenchem minha mente, principalmente quando um certo moreno de olhos verdes ocupa meu cérebro com imagens de nossos beijos.
Nesse tempo sem vê-lo passei a frequentar diversos eventos com a Luci, mesmo que tenha estranhado os ambientes badalados que ela frequenta, me diverti e aproveitei como nunca pude durante minha hospedagem na casa do meu tio já que era proibida de sair, além de ter sido forçada a estudar num colégio integral só para garotas devido ao seu ciúme doentio. Dancei até o Sol raiar chegando atrasada pela primeira vez durante esses anos para a aula de laboratório especial da semana.
Ah sim, faz cinco dias que não nos falamos e quando encontrei Henry na universidade e na academia, o idiota fingiu que não me conhecia, apesar de ter notado seu olhar sobre mim durante minha aula de Judô na Quarta-feira. Sinto que já o conhecia antes, mas essa sensação é passageira e só surge quando essas malditas memórias insistem em me lembrar de ter tido seus lábios nos meus... Suas mãos em minha cintura...
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Sensações - Livro 1 - Duologia Seu Toque // H.S.
RomanceMillenna Garibald sofreu muito em sua adolescência por ter perdido os pais em um acidente de carro ficando totalmente indiferente ao mundo a sua volta. Obrigada a morar com os tios, tornou-se antissocial, preferindo Netflix à balada e sempre evitand...