My Memories In Maine.

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Memórias de Steve: O Garoto do Norte do País.

M Y  M E M O R I E S  I N  M A I N E

Steve (cerca de um dia atrás)

Acordei naquela manhã e James ainda dormia. Levantei-me devagar e andei até minhas roupas, vestindo-as e caminhando até o criado mudo, que suportava os pendrives com as fotos que eu havia tirado. Eu tinha apenas três dias em Maine e pensei em fazer algo especial para James. Não esperei ele acordar e fui até meu hotel, cancelando minha estadia já que eu passava mais tempo na casa dele do que no mesmo.

Andei até uma loja reveladora de fotos e pedi para que a moça revelasse todas as que eu havia tirado, enquanto eu fui até uma outra loja e comprei um álbum. Aquela seria a surpresa, eu estava fadado a ir embora, então deixaria boas lembranças para James e uma garantia de que eu voltaria. Sentei-me em uma das mesas do Starbucks e comecei a montar o álbum ali mesmo, eu ainda estava em dúvida se o entregaria hoje mesmo ou no meu último dia.

Enquanto colocava as fotos várias memórias atingiram minha mente. Memórias do nosso primeiro ensaio no quarto de James, onde conversávamos sobre meu sonho. E as belas fotos de Megan e Tony sendo cobertos pelo projetor. Aquele dia realmente foi bom. Logo depois, as fotos do Borderline onde Tony cantava para Megan e tocava o violão. As fotos do dia em que eu e James entramos no mar frio e a fotos do dia em que fizemos a fogueira; as fotos de Megan grávida que eu havia tirado, que estavam lindas, por sinal, e minha última foto com James, na manhã em que a desgraça acontecera.

Fiz questão de legendar todas as fotos que eu coloquei no álbum e de escrever alguns recados nos versos das páginas. Quando acabei, apreciei minha obra de arte. Aquilo havia ficado realmente bonito. Colei uma foto que eu havia tirado no farol de Maine na capa preta e denominei o álbum como "Minhas memórias em Maine".

Estava voltando para a casa de James e encontrei Megan e Tony, que me deram uma carona, voltando do hospital.

- O que o Dr. Huttie disse? - perguntei a ela quando entrei.

- O de sempre - disse ela. - Não houve avanços mas os remédios estão conseguindo estabilizar a proliferação. Ele me receitou um novo, que pode tentar melhorar mas acho que só vou conseguir os avanços de verdade quando começar a quimioterapia.

- Nada de metástases? - perguntei.

- Nada de metástases - ela afirmou.

- Isso é ótimo, Meg! Daqui a um mês você já pode começar a quimioterapia e em pouco tempo estará ótima!

- Assim espero - disse sorrindo.

- E o bebê? - perguntei.

- Está bem - disse Tony. - Dr. Huttie disse que estamos indo bem com a dieta e que quanto mais coisas boas ela comer, melhor ele ficará. Os remédios não têm efeitos com relação a nossa menininha.

- Menina? - perguntei surpreso vendo Megan sorrir alegremente com os olhos cheios de lágrimas.

- O médico disse que há 10% de chance dele estar errado, mas provavelmente é uma menina - disse Tony sorrindo.

- Isso é ótimo Megan! Parabéns! Já pensam em algum nome?

- Eu pensei em Helena, mas Megan insiste em Winona - disse Tony.

- Winona é lindo - disse Megan. - Winona Barnes Stark. Ou Winona Stark Barnes?

- Winona Barnes Stark - eu disse ao mesmo tempo que Tony.

Era difícil ter que sempre parecer otimista perto de Megan. Os remédios estavam acabando com ela. Ela continuava bela, porém pálida e seus olhos não brilhavam como antes; ela estava cansada.

Nós chegamos até a casa dos Barnes e entramos chamando por James, que não respondeu. Tony foi a nossa frente levar as sacolas com remédios e algumas coisas para a dieta de Megan enquanto eu a acompanhava. Sentei Megan no sofá e fui até a cozinha ajudar Tony, quando o ouvi gritar repetidamente meu nome.

- O que foi? - perguntei indo correndo até a cozinha sem obter resposta. - Jesus Cristo! - gritei vendo o corpo de James caído no chão. - O que aconteceu? - perguntei indo até o balcão e pegando as chaves do carro.

- Acho que sei o que aconteceu - disse Tony segurando a jaqueta de Jason e um saco plástico vazio em mãos. - Vamos levá-lo para o hospital.

- Mas que merda, James! - gritei andando até Tony e ajudando-o a levantar o corpo e fomos andando até a porta.

- O que aconteceu? - perguntou Megan levantando-se do sofá.

- Vamos levar ele para o hospital, fique aqui e descanse. Eu te ligo - disse Tony fechando a porta e descendo os quatro degraus que nos levariam até o carro.

Colocamos o corpo de James no carro e Tony foi dirigindo até o hospital.

- Por que ele fez isso de novo? - perguntei fitando o corpo de James que estava com a cabeça apoiada em minhas coxas.

- Eu não sei... - disse Tony. - Talvez... o vício... não sei...

- Mas ele me prometeu que não ia usar mais nada - eu disse.

- As vezes o corpo não resiste... ainda mais porque ele misturou com os remédios que estava tomando.

- E ele está cheirando álcool - eu disse.

Chegamos no hospital e fomos falar com Dr. Huttie, que deu atendimento a James. Minutos perturbadores se passaram e, finalmente, o doutor veio falar com a gente.

- Olá, rapazes - disse ele. - Acho que não há muito a dizer sobre James, vocês devem saber o que ele fez.

- Mas como ele está? - perguntou Tony.

- Ele está em um pequeno estágio de coma.

- O que? - perguntei, ou melhor, gritei.

- Não deve ser algo duradouro, mas não acordará tão cedo - ele disse. - Estamos realizando os exames de sangue para ter certeza do quanto ele usou e do que mais ele pode ter usado.

- Vou ligar para Megan - disse Tony.

- Tem alguma previsão para ele acordar? - perguntei vendo Tony se distanciar com o celular no ouvido.

- Acho que de quatro a cinco dias - disse o doutor. - Talvez uma semana, não posso dar um prazo concreto.

Quatro a cinco dias? Uma semana? Eu não me despediria de James? Eu poderia ficar, mas não poderia deixar minha mãe também. Eu iria para Paris em três dias, James acordaria em quatro ou cinco, eu não o veria mais, até quando voltasse para Maine.

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