Boy From The North Country (Final)

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Memórias de Steve: O Garoto do Norte do País.

B O Y  F R O M  T H E  N O R T H  C O U N T R Y 

F I N A L

Dois dias haviam se passado e James ainda não havia acordado. Eu fiquei no hospital junto de Megan e Tony, mantendo a esperança de que ele acordaria e de que nós fossemos aproveitar o resto de nosso tempo juntos, mas nada aconteceu. Eu tentava conversar com ele, mas era como se ele estivesse distante; não respondia os meus chamados e nem reagia aos meus toques.

Eu era quem passava mais tempo com ele, já que Tony tinha que se preocupar com os remédios e a dieta de Megan. Minhas olheiras eram notórias e meu cansaço também. Dormir na poltrona no quarto não era nada confortável e estava acabando com a minha coluna. O Dr. Huttie havia me dito várias vezes para ir até a casa dos Barnes e descansar, mas eu precisava estar ali caso ele acordasse. A possibilidade de deixar de ir para Paris era algo que eu realmente cogitava, mas minha mãe ficaria extremamente chateada se eu não fosse vê-la. Dei mais um longo suspiro, na esperança de que alguma solução apareceria, mas nada veio até minha mente.

- Steve, vá para casa e descanse um pouco - disse Megan entrando no quarto. - E isso não foi um pedido. Você está parecendo um panda com essas olheiras.

- Devo agradecer ou me sentir ofendido? - perguntei me levantando da poltrona.

- Deve ir para casa - ela respondeu. - Tony foi comprar um café para você; tome-o e vá descansar pois você viaja amanhã.

- Não me lembre - eu disse vendo Tony entrar no quarto com dois cafés em mãos.

- Vai ficar tudo bem, Steve - disse Megan. - Ele já vai ter acordado quando você voltar.

- Mas eu queri estar aqui quando ele o fizer - eu disse. - Acho que vou ir até Paris e voltar para cá.

- Steve... ele iria querer que você fosse - ela disse colocando sua mão em meu ombro. - Vá para casa, faça suas malas e volte para cá para se despedir.

- Megan, eu não posso simplesmente deixar vocês aqui... o que você acha que ele vai pensar quando acordar e não me ver aqui?

- Deixe o álbum de fotos aqui, quando ele acordar eu o mostro - ela disse. - Steve, acho que James nunca te falou isso, mas quando nós eramos menores ele amava pintar quadros - ela disse me fazendo olha-la com duvida. - Quando ele conheceu Jason eles tiveram um caso e James deixou de ir para uma exposição que nosso pai havia organizado. Haveriam vários pintores famosos e ele poderia se tornar um deles, mas ele não foi porque Jason pediu para ele ficar e logo depois James descobriu o lixo que Jason era. Steve, ele não quer que você cometa a mesma burrada que ele cometeu a alguns anos.

Eu respirei fundo e não disse mais nada. Apenas me despedi de Megan e fui até a casa dos Barnes para fazer minhas malas. Minha cabeça estava a mil e eu não conseguia organizar meus pensamentos; meu avião sairia no dia seguinte as oito da manhã e já eram oito da noite, eu tinha apenas mais doze horas em Maine.

Me deitei na cama em busca de uma solução que não achei e acabei adormecendo. Quando acordei, olhei para o meu celular e vi que já eram seis e quarenta e sete da manhã. Merda. Levantei-me num salto e chamei um táxi, colocando minhas malas no mesmo e indo até o hospital, pedindo que o motorista aguardasse alguns minutos. Cheguei até o quarto 33 e entrei, vendo Tony assistindo ao show do Kiss que passava na TV e Megan deitada no sofá, dormindo.

- Você já está indo? - ele perguntou e eu acenei sentindo um aperto no peito.

- Pode entregar isso para ele quando ele acordar? - pedi, entregando o álbum para Tony e vendo Megan se levantar lentamente. - Bom dia, Meg.

- Bom dia, Steve - disse ela vindo até mim e me abraçando. - Quer carona para o aeroporto?

- Eu chamei um táxi - eu disse caminhando até a cama onde James estava e pegando sua mão. - Só vim me despedir - disse sentindo meus olhos lagrimejarem.

- Quer ficar sozinho com ele? - Tony perguntou.

- Não, só quero que vocês entreguem esse pacote para ele. Acho que eu já disse tudo o que eu tinha que dizer no que está ai dentro - disse curvando meu corpo e alcançando os lábios de James em um breve selinho. - Eu te amo - sussurei e abri meus olhos vendo o rosto sereno e inerte a minha frente.

Ergui meu corpo novamente e abracei Tony e logo depois Megan.

- Quero muitas fotos dessa garotinha - eu disse acariciando a barriga de três meses e meio de Megan.

- Vou tirar milhões - ela disse sorrindo. - Até daqui a um tempo, Steve.

- Até, Megan - disse e sai.

Eu limpei as lágrimas de meu rosto e caminhei até o táxi, dando o endereço do aeroporto e chegando faltando quarenta e cinco minutos para o meu avião decolar. Fiz tudo o que eu deveria fazer e entrei no avião, dando longos suspiros e encarando a pista pela janela.

Eu imaginava como James estaria. Como ele ficaria quando acordasse e não me visse lá. Eu rezava para todos os deuses, todos os santos e para tudo o que era religião para que ele não ficasse chateado comigo. Eu completaria o álbum, honrando seu pedido e tiraria as fotos mais bonitas para que eu pudesse mostrar para Tony, Megan e James. O avião decolou e eu fechei meus olhos, sentindo as lágrimas molharem meu rosto novamente. Um senhor que estava o meu lado notou minha choradeira e colocou a mão no meu ombro.

- O que aconteceu, meu jovem? - ele perguntou.

- Eu tive que deixar algumas pessoas importantes aqui - eu disse limpando meu rosto.

- Ah, eu te entendo - ele disse. - Quando eu era mais jovem tive que deixar uma moça para vir para Maine, estou voltando na esperança de encontrá-la. Você vai ver essas pessoas de novo, meu jovem.

- Assim espero - eu disse sorrindo.

Após alguns minutos de conversa, o senhor, que eu descobri que se chamava John, me contou sua história com Elizabeth, que era muito bonita. Ele a chamava de garota da feira do sul, pois a conheceu no sul da França, em uma feira de artesanatos.

Nós conversamos praticamente a viajem inteira e, quando o avião pousou em Paris, o aperto em meu peito aumentou. Eu estava sem James, sem Megan e sem Tony.

Eu tinha que voltar. Eu iria voltar. E iria levar comigo o álbum mais bonito e significativo. Tiraria fotos de referências a David Bowie para Tony, tiraria fotos de Winona Ryder para Megan e tiraria fotos do mundo e de tudo o que me faz feliz para James.

Então, se um dia você viajar para o norte do país, onde os ventos sopram forte na fronteira, lembre-me de alguém que vive lá, ele foi um grande amor meu. Se você for quando a nevasca cai, quando os rios estão congelados e o verão acaba, por favor, veja para mim se ele tem um casaco bem quente para protege-lo dos ventos uivantes. Veja para mim se seu cabelo continua longo, pois esse é o jeito que eu me lembro dele. Eu me pergunto se ele ainda se lembra de mim, muitas vezes eu já rezei na escuridão de minha noite e no brilho de meu dia. Então se você viajar para o norte do país, onde os ventos sopram forte na fronteira, lembre-me de alguém que vive lá, ele ainda é um grande amor meu.

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Memórias de Steve: O Garoto do Norte do PaísOnde histórias criam vida. Descubra agora