Brompton Cocktail.

71 6 1
                                    


Memórias de Steve: O Garoto do Norte do País.

B R O M P T O N  C O C K T A I L 

Narradora:

James acordou naquela manhã ainda inseguro em relação ao perdão de Steve, o erro que havia cometido ainda dava voltas em sua cabeça. Sentou-se na cama e não encontrou a figura do outro em seu quarto, e nem em nenhum lugar da casa. Na verdade, não havia ninguém na casa. O silêncio era enlouquecedor.

Sentou-se no sofá, passou a mão pelo rosto e começou a pensar sobre o que poderia ter acontecido. Não havia nenhum rastro de Steve na casa. As fotos que ele havia revelado para que Megan visse haviam sumido junto com os pendrives. Steve havia dito que ele teria de fazer muito mais para obter seu perdão, mas o que ele iria fazer? O que aquilo poderia significar? Ele não poderia deixar Megan em Maine e ir até Paris para implorar perdão. James sentia seu coração acelerar a cada toque que seu celular dava, na esperança de que Steve atendesse, mas nada aconteceu. Megan e Tony provavelmente haviam ido ao médico, pegar os remédios da moça. E Steve?

De repente, o som do telefone da casa invadiu os ouvidos de James, que correu na esperança de encontrar a voz de Steve do outro lado da linha.

- Alô? - disse nervoso.

- Bom dia, gostaria de falar com Steve Rogers. É sobre a confirmação do fim de sua estadia no hotel Hunters - disse uma voz feminina do outro lado da linha, fazendo os ombros de James perderem a tensão que ganharam devido a ansiedade.

- Fim de estadia? - perguntou pasmo, não acreditando no que acabara de ouvir.

- Sim, o Sr. Rogers cancelou sua estadia no hotel nessa manhã. Posso falar com ele?

- Ele não está - disse e desligou sem esperar uma resposta da moça.

Então era isso? Steve havia ido para Paris mais cedo e o abandonou sem ao menos se despedir?

James sentou-se no sofá novamente. Desta vez, com os olhos cheios de lágrimas. Ele havia errado com Steve, reconhecia isso; mas por quê deixá-lo sem ao menos dizer adeus? Aquilo não fazia sentido, mas havia acontecido. Talvez, Steve não estivesse aguentando a tristeza de deixar Maine, mas aquilo também não seria um bom motivo para abandonar alguém.

Após alguns minutos de choro, James levantou-se do sofá e foi até o carro de Megan e achando o que tanto queria: a jaqueta que Jason havia esquecido em sua casa e, junto dela, o saco plástico que continha sua ruína de muitos anos e que voltara a ser. Deu um suspiro, dois, três e quantos lhe foram necessários. Entrou para a casa novamente, com o saco em mãos e lágrimas nos olhos. Por que Steve havia feito aquilo com ele? Ele precisava de Steve, mas foi abandonado. Sentou-se na bancada da cozinha americana e despejou o conteúdo branco no balcão, usando uma faca para formar quatro fileiras de, aproximadamente, seis centímetros de comprimento cada.

Em sua mente ele viu Megan Barnes, Anthony Stark, Jason Forell, sua mãe, seu pai e, é claro, Steve Rogers. Piscou lentamente seus olhos, pensando se ele realmente queria fazer aquilo. E queria, como queria. O que viria depois seria desastroso mas a sensação de dois minutos seria ótima. Logo, em menos de três minutos, as quatro fileiras já haviam desaparecido, deixando apenas alguns vestígios de que houve algo ali. Ele sentia suas narinas queimarem e o alivio em seu interior. As lágrimas não saíam de seus olhos e Steve não saía de seus pensamentos.

Por que? Por que? Por que? Por que?

Vozes ecovam em sua mente, questionando-o.

Foi sua culpa. Somente sua.

Levantou-se rapidamente indo até o mini bar da casa e pegando uma garrafa de conhaque, que estava vazia quinze minutos após ser pega. Suas mãos eram levadas a seu rosto repetidas vezes para aliviar a coceira em seu nariz, que logo ficou dormente.

O corpo se movia lentamente, aproveitando-se dos efeitos da droga e do álcool. Mas James sabia que havia feito algo errado. Não o ato de ter usado cocaína de novo, aquilo já era de seu conhecimento, mas o ato de tê-la usado enquanto estava sendo medicado e por ter bebido uma garrafa de conhaque logo após. Ele havia preparado seu próprio Brompton Cocktail. Havia assinado seu acordo com o Diabo. Havia retirado de sua irmã a esperança e a força de que ele pudesse ter tido apenas uma recaída e de que tudo ficaria bem. Havia retirado de si a esperança de que tudo ficaria bem. Mas tudo isso porque o que ele mais precisava no momento lhe foi tirado. Steve foi embora, junto com o amor que havia em si, com as fotos de parte dos momentos mais importantes de sua vida. Não era justo James fazer aquilo com Megan, Tony e, até mesmo, Steve. Mas não era justo Steve fazer aquilo com James.

Me perdoe, Megan. Me perdoe, Tony. Me perdoe, Steve.

Pensou, mesmo sabendo que não haveria perdão. James acreditava que deveria aceitar sua condição de perdedor e desistir de tudo. Acreditava que deveria seguir o mesmo caminho de Jason, que esqueceu sua família e tornou-se dependente apenas da cocaína.

Tic tac. Tic tac. Tic tac. Tic Tac.

Ouvia o assombroso barulho do relógio.

Tum tum. Tum tum. Tum tum. Tum tum. Tum tum.

Ouvia o assombroso barulho acelerado de seu próprio coração.

Os olhos azuis estavam com as pupilas dilatadas e movimentavam-se rapidamente, indo do relógio até a garrafa que havia tomado.

Sentia seu coração extremamente acelerado, próximo a uma arritmia cardíaca, mas, de repente, tudo ficou calmo. Seu coração foi desacelerando e o ambiente não parecia tão barulhento. Mas tudo ficou calmo demais e perdeu-se o controle, caindo no chão e buscando apoio em suas mãos, que, descontroladas, não o ajudaram. Buscou a ajuda de suas pernas, que uma, devido ao gesso, nem se mexeu e a outra que fez um mínimo movimento, desistindo em seguida.

Não havia para onde correr, os olhos fecharam lentamente enquanto suas mãos ainda demonstravam esperança de levantar, e o corpo descansou no chão. Com os olhos calmos e serenos, como se estivesse apenas dormindo.

Memórias de Steve: O Garoto do Norte do PaísOnde histórias criam vida. Descubra agora