Capítulo 18

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A gente estava andando pelas ruas, ele ao meu lado, enquanto rumávamos em direção a minha casa. Até que eu parei de andar.

– O que foi? – o Logan arqueou as sobrancelhas grossas ao me olhar, intrigado.

– Aquele cheiro... De medo. – eu expliquei, olhando para cima, para a janela do quarto andar de um prédio. – Dois cheiros de medo, Logan. Femininos.

– Tá bom. – ele falou, resignado. Ele já me conhecia. Ele sabia que eu iria querer salvá-las, do que quer que fosse. Acho que, por isso, ele nem tentou me fazer desistir. – Vamos dar uma olhada.

Eu fui primeiro, escalando as paredes, apoiando os pés e as mãos nos lugares certos, conforme ele já tinha me ensinado. Então entrei na sacada e de lá pude ver a sala através das cortinas e analisar melhor a situação. Havia um homem apontando uma arma para a cabeça de uma mulher. Ele estava nervoso; e ela, apavorada. E havia também uma criança, que assim que eu cheguei ali, foi expulsa pela mãe da sala.

A mulher disse para a filha:

– Vá para um lugar seguro, deixa que eu resolvo isso com o teu pai. – a criança não queria ir, mas acreditou na mãe quando a mais velha prometeu que tudo daria certo.

Que tudo daria certo, mesmo quando o homem apontava uma arma para a cabeça dela.

– O que está acontecendo? – o Logan, que demorou um pouco para subir, pois recebeu um telefonema dos pais, chegou ao meu lado. Ele tinha perdido a saída da criança para o quarto.

Agora só restava a ameaça de um homem, querendo retomar um relacionamento acabado. Provavelmente seria mais um crime passional engrossando as estatísticas, se eu não impedisse. Ele era mais forte do que ela e tinha uma arma. Mas eu não permitiria que isso acontecesse.

– Marília, você não pode ir lá. – o Logan me olhou, era como se ele lesse meus planos. – Se você entrar pela sacada, ele vai ter uma visão direta, vai te ver. E eu não acho que ele hesitaria na hora de apertar o gatilho.

– É, mas você não sabe disso. Ele pode não atirar.

– Marília, vamos chamar a polícia e deixar que eles resolvam. Você não pode se meter. Você não é como a Supergirl. As balas ricocheteiam nela, mas na gente não. Sim, a gente se cura rápido, mas um tiro na cabeça, ou no coração, pode ser fatal.

– Eu vou tomar cuidado, Logan. Você sabe que eu não posso dar as costas para isso. Se eu deixar a mãe dessa criança morrer, porque eu tive medo, nunca vou me perdoar.

– E se algo acontecer com você, eu nunca vou me perdoar.

– Então me ajuda, Logan. Se você me ajudar, a gente tem mais chances.

– Certo. Então... – ele me olhou e parecia sentir medo. Mas não de entrar no apartamento. Eu conseguia perceber que o medo dele era por mim. – Você entra pelo quarto, onde está a criança. Cria uma distração para o cara. Enquanto isso, eu invado a sala.

– Não. Você tem mais jeito com crianças, Logan. Eu nunca sei o que dizer para elas. Se eu entrar lá, ela pode começar a gritar e estragar tudo.

– Tá. Mas... você tem que me prometer que vai tomar cuidado. E que não vai fazer nenhuma estupidez.

– Eu não sou estúpida. – eu retruquei.

Enquanto isso, a situação da sala piorava. Eu sentia, pelo cheiro, que os ânimos, tanto do homem, quando o da mulher acuada, estavam se exaltando.

Ele dizia:

– Sei que você me traiu com o Geremias! Sei que você é uma puta!

E ela respondia:

Super Lila - CompletaOnde histórias criam vida. Descubra agora