Capítulo 16: Correr

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Quinn passara, pelo menos, meia hora sentada no chão do corredor, olhando para a parede branca do hospital, sem saber muito bem o que pensar ou fazer naquele momento. Perdera a conta de quantas vezes seu bip disparara em sua cintura ou de quantas vezes seu nome fora chamado na recepção, ela ignorava qualquer coisa ao seu redor. Porque ainda não se recuperara do que tinha feito.

Suas mãos ainda tremiam por terem tocado o peito inerte de Rachel e seus olhos ainda ardiam por observar aquela ampola ir esvaziando-se aos poucos enquanto o coágulo era drenado. Quinn respirava com dificuldade ao lembrar-se que perdera Rachel para sempre por pelos menos vinte segundos enquanto o coração dela parara de bater...

Seu corpo, sua mente e seu coração ainda assimilavam a idéia de que ela tinha salvado uma vida, aliás, melhor... Ainda assimilavam que ela tinha ressuscitado uma pessoa e que aquela pessoa não era outra, senão Rachel Berry. A loira escorou a cabeça na parede e fechou os olhos, esperando que tudo aquilo não tivesse passado de um sonho e que pudesse esquecer-se de toda aquela estranha sensação de vazio que a preenchia.

- Até que enfim te achei, Fabray!

A voz zangada de Meg não deixou que Quinn se iludisse por mais alguns minutos, chutando a pobre médica para longe da sua falsa tranquilidade. A loira ficou em pé abruptamente e observou os cabelos lisos de Meg baterem no rosto moreno dela enquanto ela caminhava a passos decididos e obstinados em sua direção. Meg parou diante de Quinn e para a surpresa da loira, tinha os olhos lacrimejando enquanto disparava:

- Você é maluca, Fabray? Arriscar a sua carreira por causa de uma paciente que a médica cirurgiã e sua superior já tinha dito que morrera?

- Por favor, Meg... Não fale dessa forma, é ainda mais assustador do que ter visto o coração dela parar. – Quinn retrucou incomodada e emburrando logo em seguida, a expressão de Meg abrandou, mas ela ainda tinha os olhos faiscando em raiva. – E não era qualquer paciente, era Rachel Berry. A idéia de me colocar dentro da cirurgia foi sua! Você tem a sua parcela de culpa!

- Eu sei que a idéia foi minha, mas você não tinha que se arriscar dessa forma! – Meg tentou insistir debilmente, mas ela estava fraquejando diante da expressão calma de Quinn. Ao observar a amiga naquele momento, Meg pode sentir uma aura apaziguadora que não estava presente ali nas últimas horas. A morena deu mais um passo para frente e abraçou a amiga, imediatamente, Quinn sorriu triste sentindo as mãos de Meg afagarem seu cabelo. – Droga Fabray, por que você tem que ser tão romântica?

Quinn não pode deixar de gargalhar diante das palavras de Meg, as duas se separaram e a morena carregou Quinn consigo até as escadas. Mas antes que as duas pudesse começar a descer, Quinn parou e perguntou intrigada:

- Para onde estamos indo?

- Você salvou uma vida, agora tem que comunicar aqueles malucos na sala de espera... Você não sabe como eles estão agindo nesse momento. Os seguranças já ameaçaram quase todos de expulsão. Inclusive aquele senhor de óculos que parecia ser o mais racional ali...

Quinn respirou cansada sendo pega em um meio abraço por uma Meg que mesmo diante da expressão agressiva, tinha um brilho orgulhoso nos olhos. As duas desceram as escadas juntas, sem falar palavra alguma, o silêncio não incomodava. Pelo contrário, para Quinn, aquele silêncio era uma brisa calma diante da gritaria de pouco tempo atrás. Diante da confusão e do desespero por quase perder Rachel, o silêncio era uma recompensa.

No corredor que levava a recepção, eram esperadas pela Dra. Hopkins. Mesmo com a aparência cansada, a doutora olhava autoritariamente para as suas duas internas. Imediatamente, Quinn encolheu os ombros e corou enquanto tentava, a todo custo, esconder-se daquela mulher. Anastasia Hopkins podia ser bastante ameaçadora quando queria e diante de um ato de desobediência médica, Quinn não queria nem pensar em como ela estava.

You Are My Star [FABERRY]Where stories live. Discover now