Primeira Impressão

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"-É estranho que o sentido do tacto, tão infinitamente menos valioso para os homens do que o da vista, se torne em certos momentos críticos o nosso principal, se não o único, meio de acesso à realidade."

Eu poderia falar sobre mim, mas creio que o meu passado não deve ser tão interessante. Mas, para entender isso tudo, uma biografia é necessária. Fui feliz até os meus 7 anos. Lembro-me de que minha mãe costumava falar que eu era como um lindo pássaro: estava sempre cantando e voando pelos cantos. A minha única queixa de infância foi um fatídico dia, o dia em que virei do avesso. Lembro-me somente de estar sendo guiada por uma voz. O resto das crianças olhavam para mim. Se eu fosse como as outras crianças eu teria ouvido os conselhos maternais sobre andar sozinha em lugares isolados. Mas eu os ignorei, precisava saber de quem era aquela voz e para onde ela estava me guiando. Acabou que eu entrei em um pequeno bosque. Na minha cabeça, era algum ser mágico, como uma fada, me chamando. Quando entrei no bosque, vi sombras passando pelas árvores, e o que eu fiz? Continuei a andar. Como diz a Alice: Minha curiosidade só me mete em confusão. E foi isso que aconteceu: confusão. Comecei a correr e de repente caí em um lugar mais fundo e desmaiei. Depois disso, só lembro de flashes do rosto da minha mãe, e de meu corpo em uma maca hospitalar cercado por algumas luzes que julgo ser de carros de polícia. Quando já me recuperava do incidente em minha casa, lembro de minha mãe dizer que de um jeito inexplicável eu caíra em uma lomba do bosque. Não disse nada sobre a voz. Achava que a tal fada já não tentaria contato novamente. Nunca me enganei tanto em minha vida. Eu a ouvia atrás da porta do banheiro; dentro do roupeiro; atrás de mim... Comecei a ter medo dela. E desde então deixei de ser a criança-passarinho para me tornar uma criança quieta, de olhar apático. Mas parece que ninguém reparou. Um temo depois do incidente, mudamos de cidade.

......

Lembro-me de ter acabado de limpar  a "minha bagunça" e ter ido jantar. Meus pais conversavam comigo mas minha mente estava em outro lugar. Aliás, onde está minha mente? Depois fui dormir.Eu estava no oitavo ano escolar e, por obrigação, deveria acordar as 6: 30 para evitar atrasos. Acordei como sempre, com uma falta de vontade imensa. Preparada pra mais um dia? Não. Mas mesmo assim eu tinha que encará-lo. Os fantasmas me encaravam. Nunca me davam folga! Minha mãe com sua voz incrivelmente irritante e estrondosa gritava para mim acordar. Com uma desanimação que só, fiz minha higiene pessoal e me vesti. Processo simples, mas que para mim demorava séculos, o que resultava em mais brigas com minha mãe. Não era por conta da preguiça que eu demorava para me aprontar, acho que era por culpa das assombrações. Quando cheguei a cozinha, minha mãe havia preparado meu café e de meu pai. Estava tão submersa em minha mente que mal ouvi as reclamações de minha mãe.

-Você está me ouvindo hein? Já são quase 6:45 e agora que você me aparece na cozinha? - minha mãe exclamou.

-Meu Deus, as aulas começam as 7:00! - respondi.

-Não interessa! Agora tome o seu café!

Tomei o mais rápido que pude. Meu pai me levou na escola, como sempre fazia. Ela ficava bem próxima a minha casa. No meio do caminho, ele disse: -Por quê você demora tanto para se arrumar?!- Não respondi. Então ele continuou: -Temos que dar um jeito nisso!- Tentei ignorar o ódio interior. Chegando em frente a escola, despedi-me dele e entrei. Minha escola tinha o mesmo cenário decadente da cidade. Andei pelo pátio a caminho de um banco. De repente alguém vem por trás de mim pulando e se agarrando as minhas costas. Lívia. E de repente alguém aparece na minha frente. Melissa.

-Booom dia!- exclamou Lívia alegremente.

-Bom dia.- respondi.

-Hoje nossa aula é de que mesmo?- perguntou Melissa.

-Já te disse que é de História!- respondeu Lívia.

-É a matéria que eu mais gosto, pena que o período é curto.- eu disse.

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⏰ Última atualização: Oct 30, 2016 ⏰

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The Darkside: O lado que ninguém vêOnde histórias criam vida. Descubra agora