Capítulo Catorze

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Eu sai da festa ao lado do Mattie e não me arrependia da minha decisão. Eu me sentia humilhada, degradada, mal, magoada, cabisbaixa, envergonhada, bom, me faltam adjetivos para descrever meus sentimentos.

Tudo andava na minha cabeça como se fosse um sonho, porque real não parecia. Pra mim tudo aparentava ter sido tudo um grande sonho, um daqueles ruins que você acorda suado e assustado, ou que muitas vezes nos arranca alguns gritos, todavia, eu sabia que não. Essa era a minha dura realidade, eu sabia que toda aquela humilhação tinha sido real, real até demais. O que só piorava as coisas, pois me fazia chorar.

Mattie estava ao meu lado no carro dirigindo me ouvindo chorar calado, eu sabia que ele queria me ajudar, só não sabia como - o que o tornava uma pessoa maravilhosa.

Eu devia ter me apaixonado por ele, ele sim não me viria com dúvidas, ele sim não me trocaria por outro ou outra, ficaria ao meu lado e nunca me faria chorar, pelo contrário, só viria sorrisos da sua parte para mim, seríamos felizes. Se isso tivesse acontecido, eu ainda teria meu melhor amigo e teria um namorado maravilhoso que com certeza eu saberia que me ama, e de quebra eu não teria um coração partido para me fazer chorar como se não houvesse amanhã.

Ficamos rodando com o carro dele tanto tempo para que eu me acalmasse e parasse de chorar. Quando isso aconteceu, ele me levou pra casa e me abraçou.

- Tem certeza que vai ficar bem Anna?

Eu estava com a cabeça abaixada, coisa que não acontecia nunca, mas dessa vez eu estava me sentindo a pior pessoa existente da face da terra. E pior, eu estava horrorosa com a maquiagem toda derretida, e os olhos vermelhos demais. Não era uma visão que eu gostaria que ele visse, pra mim parecia que se ele visse o encanto iria cair e ele ia deixar de gostar de mim. O que era uma ideia que não me agrada, até porque eu não me sentia assim nesse momento, então não queria perder ninguém.

- Tenho que ficar Matt... - minhas voz saiu fraca e sem vida. Eu não me sentia eu, me sentia reduzida a um estado de decadência ao qual eu nunca tive o desprazer de estar, mas por obra do destino, eu acabei por tombar por uma brincadeirinha dessas nada divertidas - Obrigada, por tudo... - abracei ele.

- Por nada... Você sabe que eu me importo com você e por isso pode contar comigo sempre.

- Obrigado. - meus olhos e cabeça ainda estavam baixos, eu ainda não conseguia encara-lo.

- Anna... - ele tocou meu queixo e o levantou, mesmo hesitante eu deixei que isso acontecesse. Ele me olhou nos olhos quando minha cabeça estava erguida e eu me senti nua pelo jeito penetrante que ele fazia isso. Ele aproximou seu rosto do meu e por um momento eu achei que ele ia me beijar, e se fosse eu não me importaria, no entanto, ele desviou seus lábios para minha bochecha e a beijou docemente. Com uma voz calma e serena, ele disse - Boa noite.

Por um segundo eu cogitei beijá-lo eu mesma, tomar a iniciativa, mas eu não queria estragar aquele momento com uma atitude como essa, aquele não era o momento.

- Boa noite - beijei ele também.

Quando ele saiu com o carro, eu vagarosamente fui para a minha casa. Já tarde e eu tinha a esperança que meus pais e primos estivessem dormindo, apesar de saber que eles não dormiriam depois do que aconteceu até que eu chegasse em casa - mas a esperança é a última que morre.

Eu abri a porta da minha casa devagar, procurando não fazer barulho, ainda com esperança de não encarar ninguém, mas quando a porta se escancarou, lá estava toda família Fontes olhando apreensivos e na expectativa que eu entrasse pela porta. Assim que os vi, parei na porta, envergonhada e intimidada. Me faltavam palavras na garganta para serem ditas, o que resultou em um tremendo de um nó e uma nova vontade de chorar, mas eu não faria isso de jeito nenhum.

Amigos Para SempreOnde histórias criam vida. Descubra agora