O travesseiro que recobre
minha cabeça
já não cumpre papel
de auxiliar num sono reconfortante.
Sou feito peso qualquer
nas profundezas insólitas
de um abismo
abismado
sou tragado
das narinas
de um fumante
com câncer pulmonar.
Recebo facadas
sem aviso prévio
é azar
talvez
castigo
quem sabe
flagelo.
Se fosse drama
seria fácil
bolar a trama.
Sou mais uma vítima
ofuscada
uma bola de papel
esperando ser
arremessada no lixo
num mundo sem leis
onde ganância
é tida como bênção.