O começo.
Por que que o chuveiro parece ser um ótimo conselheiro quando a gente ta mau com alguma coisa? Nós nos sentamos em baixo dele e choramos como criança deitada no colo da mãe ou uma adolescente no ombro da melhor amiga. Não sei o que me deu hoje, lembrei da minha mãe e cá estou eu, sentada de baixo do chuveiro a exatas duas horas e meia.
Me levanto e tomo meu banho. Já era uma da manhã e eu precisava dormir, teria aula amanhã cedo, ou seja, precisava descansar para prestar atenção nas matérias. Nem me vesti, deitei direto na cama e adormeci.
Me vi em uma floresta sombria. Estava muito escuro e eu não conseguia enxergar direito. Resolvi caminhar mesmo sem saber onde estava ou para onde estava indo. Eu estava usando um vestido longo e na medida que ia andando a saia do vestido se agarrava as plantas que haviam em meu caminho.
Andei por uns quinze minutos e não cheguei a lugar algum. De repente ouvi um barulho de galho se partindo e meu coração disparou. Será que alguém me seguia esse tempo todo ou foi só um animal? Eu que não iria ficar ali para descobrir, comecei a correr feito uma louca. Olhei para trás, mesmo sabendo que não iria conseguir ver nada, mas o instinto mandou. Quando olhei para frente novamente eu estava na beira de um penhasco prestes a cair...
Sei que é clichê, mas vi minha vida inteira passar por meus olhos. E quando já esperava a queda alguém me segurou pela cintura me impedindo de cair.
-Aaaaaaaaah!!!- mesmo sabendo que estava bem não consegui segurar o grito.
Quem que poderia ter me salvado? O que essa pessoa poderia fazer comigo? Poderia ser um assassino, um estuprador, um serial killer, sei lá. Me virei devagar para olhar aquela pessoa. Era um homem. Ele era moreno, alto, tinha um físico atlético, tinha uma tatuagem estranha que cobria seu pescoço, mas não pude ver seu rosto. Ele usava uma máscara que o tampava, era bem assustador e esquisito. senti um frio na espinha.
-Quem é você?- perguntei com a voz bastante tremula.
Ele não respondeu, soltou minha cintura e ameaçou tirar a máscara, mas não o fez. Simplesmente me olhou nos olhos e me empurrou e...eu...acordei...
Acordei ofegante e toda suada. Era assim toda noite. Eu estava tendo esse mesmo sonho à dois meses. Acontecia sempre do mesmo jeito, nada mudava e eu nunca pude ver o seu rosto e isso era frustante.
Olhei no relógio do celular, eram 5:59 da manhã, exatos um minuto para o despertador tocar. Me levantei e fui tomar banho, afinal, estava toda suada. Tomei o meu banho, vasculhei o guarda-roupas para achar alguma roupa que eu não tenha usado no último mês, porque repetir roupa é uma tragédia. Achei um vestido de listras horizontais preto e cinza.
Me vesti, calcei meu tênis branco, fiz uma make básica e prendi meus longos cabelos negros em um rabo de cavalo alto. Peguei minha bolsa e desci para preparar algo para comer.
Chegando na cozinha me espantei, tinha um buquê de rosas brancas (minhas favoritas) com um cartão em cima da bancada. Peguei o cartão, ele tinha sido escrito a mão e o seu autor tinha uma bela letra.
"Oi princesa! Sonhou comigo de novo? Eu sei que sim. Também tenho sonhado com você todas as noites e sinceramente estou amando. Muito obrigado por ter invadido os meus sonhos e os meus pensamentos...
Ps I: Tem um cordão dentro do envelope, gostaria que usasse.
Ps II: Vamos nos encontrar em breve, me aguarde."
Como ele sabe que eu estou sonhando com ele? E como ele deixou isso aqui dentro? Melhor, quem é ele? Fiquei preocupada com a minha segurança, melhor dizendo, fiquei apavorada.
Olhei dentro do envelope e tinha um cordãozinho de ouro branco com um pingente vermelho arredondado e pela matade, parecia que tinha sido cortado e parecia ter um par. Ele era realmente lindo, mas eu não iria usa-lo, pelo menos não hoje. Estava assustada com tudo aquilo. Tinha perdido até a fome.
Deixei tudo como estava antes, peguei minhas coisas e saí. Destranquei o carro e entrei nele, eu tinha um Audi A3 branco. Sempre fui apaixonada por esse carro, mas minha mãe nunca quis me dar um. Quando ela morreu peguei a herança que ela deixou para mim e comprei um.
*********
Passei na casa da Mel, que era minha melhor amiga, na verdade a única amiga, porque o resto só anda comigo porque sou popular. Não passam de um bando de fingidas.
Conheci a Mel na oitava série, ela entrou no meio do ano letivo e eu fui a única que conversou com ela. Mas também ela vivia pelos cantos parecendo um bichinho do mato e eu fiquei com pena. Me aproximei dela e adorei ela com seu jeito meiguinho de ser.
Mel entrou no carro, estava usando um vestido rosa claro florido e uma sapatilha também rosa, os lindos cabelos loiros estavam presos em uma trança embutida. Estava linda, mas também aprendeu moda com a melhor, eu.
-Oi Mel!- disse toda animada.
-Oi.- ela disse sem animo algum.
-O que foi? O Gregori de novo?- perguntei com cautela. Gregori era seu namorado e vivia brigando com ela por qualquer coisa. Um verdadeiro babaca.
-Não, eu só acordei me sentindo um pouco mau.- ela falou se afundando no banco do carro.
Preferi não incomoda-la mais, seja o que for com certeza ela vai me contar depois. Chegando na escola estacionei meu carro e Mel logo se apressou em ir falar com o Gregori. Assim que desci do carro as meninas já vieram fofocar.
-Meg, você não vai acreditar.- falou a Jessica toda histérica.
-Calma, o que foi?- perguntei confusa diante de tanta histeria.
-Tem um garoto novo no colégio, ele é realmente um gato.- Jessica continuou com toda sua empolgação.
-Gato? Ele é um deus grego.- foi a vez da Stela falar.
-Dessa vez podem ficar pra vocês, mas só desta vez.- elas vibraram assim que terminei de falar. Elas me idolatravam e toda vez que pintava um cara novo elas me falavam e eu decidia se ia pegar ou não. Na maioria das vezes eu pegava e elas chupavam dedo, mas desta vez eu não estava afim não.
De repente passa uma Kawasaki Ninja 300 preta a mil pela gente. Me assustei, mas já as meninas ficaram suspirando e babando. Certeza que era o tal cara novo, deve ter vindo só entregar os papéis mesmo. Fiquei até um pouco curiosa pra ver ele, mas só um pouco.
*********
As aulas acabaram e eu não consegui prestar atenção em nada. Minha mente toda hora ia para as flores que eu tinha recebido aquela manhã. Ainda estava meio assustada e bastante confusa. Ele disse que em breve nos veríamos e eu estava com bastante medo de encontrar com ele.
Peguei meu carro e voltei para casa. Chegando lá tinha um caminhão de mudança na frente da casa que tinha de frente para a minha. A bastante tempo ninguém morava ali, falavam ate que a casa era mal-assombrada.
Não sei por que fiquei um tempo olhando para a casa, observando cada detalhe. Quando o caminhão saiu da frente da casa pude ver aquela mesma Kawasaki preta na garagem. Meu rosto deve ter perdido a cor, seria coincidência de mais o novo vizinho ser o mesmo cara da escola...
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Baseado Em Mentiras
FantasíaMegan Stella Forbs era só mais uma garota popular do ensino médio, apenas preocupada com seus próprios caprichos, mas nunca deixando seus estudos e sonhos de lado. Ela viu seu mundo mudar completamente com a morte de sua mãe e com a chegada de um al...