Capítulo Três

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Eu estava submersa em um lago, correntes e um cadeado prendiam os meus pulsos e os meus pés. Sentia meus pulmões implorarem por oxigênio. Tentei me soltar de todas as formas possíveis, mas era inútil. 

De repente vi uma luz muito forte através da água e  imagem turva de uma pessoa. Não dava para saber se era um homem ou uma mulher, mas pelo jeito apressado que se movia pude perceber que procurava por algo. Meu corpo tremeu de medo e eu fique o mais quieta que pude com medo da pessoa estar a minha procura.

Essa pessoa se foi após algum tempo levando a luz consigo. Senti meu coração parar e uma escuridão tomar conta de mim...

Acordei deitada no chão do corredor. Eu estava toda molhada e meus pulmões doíam na medida em que eu respirava. Me levantei cambaleando, estava um pouco tonta e enjoada. Senti uma forte vontade de vomitar. Corri para a pia da cozinha, pois não iria dar tempo de chegar ao banheiro. E quando vomitei tudo que saiu foi água, muita água.

Assim que o enjoo passou peguei meu celular para olhar as horas, era cinco e meia da manhã. Nem passou passo pela minha cabeça a hipotese de dormir novamente, ainda estava em choque com o que tinha ocorrido. 

Passados longos minutos refletindo e procurando uma resposta para o que aconteceu, não cheguei a conclusão alguma, então, resolvi me arrumar para ir à escola.

Tomei meu banho e me vesti tranquilamente. Estava usando uma calça cós alto rasgada na coxa e no joelho, uma blusa beje com desenhos de nutella que cobria parte da calça e um tênis dourado. 

Quando parei na frente do espelho para olhar minha roupa não consegui conter um grito de susto. Desde que acordara não havia me olhado no espelho ainda. Os meus lindos cabelos negros estavam em um tom roxo escuro, meus olhos estavam dourados e extremamente brilhantes.

Hoje o cordão em meu pescoço estava mais para vinho do que vermelho. Lembrei-me do que ele havia feito e achei estranho o fato de não ter me lembrado de tira-lo imediatamente assim que acordei. Procurei o terminal do cordão para tira-lo, mas havia sumido, e a circunferência do  cordão era pequena de mais para passa-la pela minha cabeça.

Um pequeno desespero passou pela minha mente. E se ele resolvesse me apagar de novo? E se eu tivesse sonhos assustadores como aquele novamente? Pior, e se quem me deu esse troço tentasse invadir minha mente através dele? Sei que a última pergunta era absurda, mas pelos últimos fatos nada era impossível.

Mesmo com todas aquelas mudanças e o mistério do colar, continuei a me arrumar. Não queria me atrasar. Fui para cozinha tomar meu café (achocolatado e pão), mesmo sem vontade alguma, só para não chegar morrendo de fome. Terminei e fui para a casa da Mel.

*********

-Oi amiga.- eu disse dando um sorriso para Mel assim que ela entrou no carro. Ela estava muito abatida, bem mais que no dia anterior.- O que foi?- eu estava ficando preocupada.

-Preciso te contar uma coisa...- ela me olhava nos olhos como se estivesse pedindo ajuda.

-Fale.- disse solidária. Nem desconfiava do que podia ser, mas parecia ser algo bem sério. Se fosse culpa do Gregori ele ia se ver comigo.

-Eu estou grávida...- ela confessou com um suspiro ainda olhando fixamente para mim.

-Como assim? O Gregori sabe disso?- perguntei aflita e espantada com a notícia. Não sabia o que dizer para ela.

-Não! Ele me mataria se soubesse.- ela falou tirando seus olhos de mim e abaixando a cabeça.- Estou pensado em tirar.- ela começou a chorar.

-Não! Você não pode fazer isso!- eu disse indignada com a sua ideia. Imagine só, acabar com uma vida que não teve culpa pelos erros de seus pais.- Eu vou te ajudar no que for preciso, mas não faça isso.- falei decidida a ajuda-la.

-Tudo bem... Muito obrigada você é uma ótima amiga.- pude ver uma expressão de alívio passar por seu rosto. 

Fomos o caminho todo conversando sobre o assunto. Consegui convence-la a contar isso para o Gregori e assim que chegamos ela foi conversar com ele. Eu estava mais nervosa que Mel pela reação dele.

Estacionei o carro e fui para a sala. Não demorou muito e o professor Diego entrou na sala, ele dava aula de matemática, minha preferida. 

Todos entraram correndo para não ficarem do lado de fora. Nem Mel e nem Gregori deram as caras, ainda deveriam estar conversando. 

Depois de muito tempo que a aula tinha começado alguém bateu na porta. Pensei rapidamente que pudesse ser Mel e Gregori e fiquei olhando fixamente para a porta.

-Entre!- disse o professor. Entrou um garoto alto e moreno, tinha os cabelos pretos e os olhos cor de mel. Ele usava uma jaqueta preta e calça jeans escura, em um dos ombros estava uma mochila de couro e ele carregava consigo um ar misterioso.

Enquanto ele falava com o professor eu não conseguia tirar de mim a sensação de já te-lo visto em algum lugar. 

-Classe, esse aqui é o Pedro Sanchez.- anunciou o professor chamando toda atenção para o garoto. Diego mandou ele escolher um lugar para se sentar, ele se sentou duas fileiras há esquerda da minha, na última cadeira.

*********

Consegui manter meu foco em todas as aulas aquele dia, mesmo com o suposto desaparecimento de Mel, que não deu as caras hora nenhuma do dia, e o aparecimento do tal garoto. 

Faltava alguns minutos para o horário da saída e eu já estava arrumando meu material. Quando bateu o sinal Pedro passou por mim e eu não contive o impulso de ir falar com ele. Entre todos aqueles alunos se matando para ir embora, encontrei Pedro no bebedouro. 

Estava a uma certa distância dele e o nervosismo de ir até lá tomou conta de mim.- Qual é Megan? Ele é só um garoto que você acha que conhece, relaxa.- disse a mim mesma. Respirei fundo, tomei coragem e fui até la.

-Oi.- disse para chamar a sua atenção. Ele se virou rapidamente com uma expressão assustada.- Desculpe incomodar. É que tive a impressão que te conheço de algum lugar.- falei um pouco esperançosa.

-Não se lembra de mim...- um meio sorriso se formou em seus lábios.-...Princesa!



Baseado Em MentirasOnde histórias criam vida. Descubra agora