Ele não podia ser o mesmo cara do meu sonho, definitivamente não podia. Fiquei parada em sua frente como uma estátua. Só naquele momento percebi a tatuagem em seu pescoço. Sim! Era ele!
-Ótimo! Agora já posso chamar a polícia.- disse e o sorriso no rosto dele se desfez dando lugar a uma expressão confusa.- Para prender a pessoa que invadiu a minha casa.- ele deu uma gargalhada e a tal expressão confusa passou para o meu rosto.
-Eu não invadi sua casa, eu tenho a chave.- ele tirou uma chave dourado do bolso e balançou na frente do meu rosto como um hipnólogo faz com suas cobaias.
-Como conseguiu isso?- perguntei tentando tomar a chave de sua mão, mas ele foi mais rápido e a guardou.
-Não posso te falar, Princesa.- ele falou apertando o meu queixo.
Quando ia responde-lo meu telefone tocou. Era um número não identificado. Não costumava atender números desconhecidos, mas dessa vez resolvi atender, senti que poderia ser algo importante.
-Alô?- assim que atendi o telefone me virei de costas para Pedro para ele não "ouvir" a conversa.
-Meg?- a voz doce de Mel ecoou em meus ouvidos. Meu coração se acelerou de felicidade e preocupação.- Estou indo para a sua casa. Você já está vindo da escola?- a voz dela estava bastante ofegante.
-Sim, já estou indo.- falei e desliguei o telefone.
Quando me virei Pedro já não estava mais lá, mas também ele não me importava mais naquele momento. Minha mente estava focada em minha amiga, que mesmo não sabendo o que aconteceu sei que era algo grave, pois Gregori ainda não tinha dado as caras.
Fui correndo para o estacionamento para pegar o carro e acelerei para casa. Em menos de seis minutos eu já estava em casa, mas não havia nenhum sinal de que Mel estava lá. Deixei o carro estacionado ali na rua mesmo e me sentei na varanda para esperar por ela.
Após dez minutos sou surpreendida com uma cena assustadora, Mel havia virado a esquina de minha casa. Ela estava com as roupas rasgadas, o cabelo desgrenhado e algumas partes de seu corpo estavam sangrando.
Me apressei em ajudá-la, pois ela estava andando com muita dificuldade. Já dentro de minha casa a coloquei sentada na bancada da cozinha. Até aquele momento não havia lhe perguntado nada e ela também não tinha dito nada a respeito do que aconteceu.
Agora ela estava de cabeça baixa e chorava desesperadamente.
-Mel o que aconteceu com você?- quando a vi chorando daquele jeito não consegui segurar a pergunta. Ela enxugou seu rosto com o dorso das mãos e respirou fundo. Vendo que ela iria desabafar me ajoelhei ao seu lado para olha-la nos olhos.
-O Gregori...- ela soluçava.- Eu disse que precisava contar algo sério a ele e ele...-ela começou a chorar novamente.
-Não precisa falar agora Mel. Vamos cuidar de você primeiro e quando se sentir a vontade você me conta o que houve. Tudo bem?!- disse tentando acalmá-la e ela apenas acenou positivamente com a cabeça.- Ok. Vou preparar um banho para você.
Fui ao banheiro e liguei a água da banheira. Enquanto a banheira enxia liguei para Maria Alice, não poderia ir trabalhar e deixar minha amiga sozinha naquele estado.
-Olá Megan!- Maria havia atendi no segundo toque e sua voz apresentava um entusiasmo surpreendente, pelo visto o dia de folga tinha feito muito bem para ela.
-Oi. Eu não vou poder ir trabalhar hoje. Tive alguns problemas pessoais.- disse tentando transmitir calma para a minha "chefe".
-Tudo bem Megan, pode ficar tranquila e resolver os seus problemas.- ela disse com menos empolgação na voz.
-Obrigada.- disse e desliguei o telefone.
A banheira estava quase cheia, então, fui buscar Mel lá embaixo. Ela estava em pé de frente a janela olhando algo lá fora.
-A banheira já está cheia. Vamos?- eu disse e ela olhou rapidamente para mim. Após alguns segundos, mancando ela veio andando em minha direção.
Ajudei ela a tomar seu banho, pois ela tremia muito. Ela estava cheia de arranhões e roxos por todo seu corpo e ela gemia de dor até quando a água escorria em sua pele. Agora ela estava sentada em minha cama e eu estava penteando seus cabelos.
-Ele me espancou Meg...- ela disse em um sussurro.- Quando eu disse que estava grávida ele me obrigou a entrar em seu carro e me levou para um lugar muito afastado.- ela aumentou um pouco a voz. Pude sentir as lágrimas descendo em meu rosto.- Ele me bateu e a cada golpe me chamava de algo, como vagabunda, puta e piranha.- ela já soluçava e tremia bastante. Devia ser horrível lembrar de tudo isso.- Depois ele me largou lá, entrou no carro e antes de ir embora e antes que eu pudesse ver ele deu ré em cima de mim.- me sentei ao seu lado e a abracei. Gregori era uma pessoa bem ruim, mas nunca pensei que fosse capaz de fazer uma atrocidade dessas.
Ficamos ali por bastante tempo, as duas em prantos. Mel chorou tanto que acabou dormindo e eu aproveitei para ligar para a polícia para denunciar Gregori. Sabia que se ao menos ameaçasse de denunciar ele Mel seria totalmente contra e imploraria para não faze-lo.
Liguei e fiz a ocorrência, passei todos os dados dele, como nome completo e endereço. Gregori sabia que Mel não iria fazer nada contra ele e certamente estaria relaxado em casa naquele momento, pois ele tinha dinheiro e não trabalhava. A policial disse que assim que ele fosse preso me ligaria para avisar.
Já era três da tarde e resolvi cochilar um pouco. Me deitei no sofá da sala e apaguei.
Eu estava em um lugar muito escuro, não dava para saber que lugar que era. De repente o pingente do cordão começou a brilhar e eu pude ver que estava em um corredor muito estreito, ele tinha muitas tochas apagadas e alguns quadros em suas paredes. No final do corredor apareceu uma figura azul, não tinha forma de nada mas começou a entoar meu nome. Sem pensar muito no que estava fazendo comecei a ir na direção da figura. Assim que a alcancei ela desapareceu e o chão sob meus pés se abriram e eu caí...
Acordei totalmente assustada e com a visão embasada.
-Você ta viajando legal com o cordão em.- pude ouvir a risada de alguém ecoar na sala. Depois vi a figura turva de alguém vindo em minha direção. Forcei minha vista e a figura começou a tomar forma. Era Pedro.
-O que você faz aqui?- perguntei ainda sonolenta e quando ele ia me responder o meu telefone tocou.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Baseado Em Mentiras
FantasyMegan Stella Forbs era só mais uma garota popular do ensino médio, apenas preocupada com seus próprios caprichos, mas nunca deixando seus estudos e sonhos de lado. Ela viu seu mundo mudar completamente com a morte de sua mãe e com a chegada de um al...