Capítulo Cinco

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Era a polícia...

Eles foram até a casa de Gregori para prende-lo, mas quando chegaram lá o acharam morto no chão de seu quarto. Eu havia deixado o telefone cair no chão, estava horrorizada.

Ninguém sabia o que ele tinha feito. Ele certamente devia estar envolvido em outras coisas erradas. Quem poderia ter feito aquilo com ele? Fiquei um tempo pensando, mas não achei nenhum suspeito que fosse capaz de mata-lo. Ao menos ele havia "pagado" pelo que ele fez com Mel.

-O que foi Megan?- Pedro sentou-se ao meu lado. Já tinha até me esquecido que ele estava ali.

-Mataram o Gregori...- ainda estava atônita olhando para a parede.

-Como assim mataram o Gregori?- Mel adentrou a sala com uma expressão totalmente espantada.

-A polícia o achou morto em sua casa.- eu disse sem reação alguma, o que não ajudou muito.- Não se tem nenhum suspeito de quem foi.

Minha amiga desabou no outro sofá e começou a chorar. Eu a entendia. Mesmo ele tendo feito o que fez ela ainda o amava e demoraria bastante tempo para deixar de ama-lo.

Fui até o outro sofá e a abracei forte. Pedro que tinha ido a cozinha, voltou com duas xícaras de chá e eu entreguei uma a Mel.

-Por que, Meg? Por que ta acontecendo tudo isso comigo?- ela ainda chorava muito. Tudo isso devia estar sendo muito difícil para ela. E eu não dizia nada, apenas fiquei ali afagando-lhe os cabelos. Na verdade, não sabia o que dizer.

Aquela situação me lembrou quando minha mãe morreu. Aquele monte de pessoas vindo até meu pai e a mim. Membros da família, amigos dos meus pais e até alguns conhecidos curiosos. Algumas delas não diziam nada só nos abraçavam e iam embora, outras diziam palavras muito belas, porém tão vazias quanto as próprias pessoas. E nada disso nos confortava. 

Me senti como aquelas pessoas. Tentando fazer algo mesmo sabendo que não daria certo. Eu conhecia a dor que Mel estava sentindo e mesmo assim não conseguia expressar isso em palavras sinceras que a confortassem.

-É melhor deixarmos ela sozinha.- disse Pedro vindo em minha direção. Ele pegou a minha mão na tentativa de me tirar dali, eu exitei por um tempo, mas logo depois cedi. Um tempo sozinha poderia ajudar-la a colocar os pensamentos em ordem e faze-la se sentir melhor.

Fomos para a cozinha. Lá fora já estava escuro, devia ser umas sete da noite. Eu me sentei na bancada. E uma duvida apareceu em minha mente. O que que o Pedro foi fazer em minha casa?

-Então... O que você veio fazer na minha casa mesmo?- tentei não parecer indelicada com ele. Mesmo que ainda não tivesse me acostumado com a presença dele não tinha o direito de ser grossa (apesar dele ter "invadido" minha casa duas vezes).

-Nada. Só senti que precisava ver você.- ele disse com uma calma surreal. Ele veio se aproximando de mim e eu gelei achando que ele ia me beijar, mas não ele apenas afagou o meu cabelo e voltou para onde estava antes. 

Toc Toc Toc

Alguém começou a bater descontroladamente em minha porta. Pedro e eu nos assustamos e ficamos encarando um ao outro, como se estivessimos perguntando "quem poderia ser?"  e é obvio que nenhum dos dois sabia quem era.

Resolvi abrir a porta, afinal, não iria saber quem era se não o fizesse. Quando abri dei de cara com a expressão furiosa do pai de Mel.

-Onde está minha filha?- ele saiu entrando sem nem olhar em meu rosto direito. A família de Mel e eu, digamos, não eramos muito amigos. Eles achavam que eu era uma péssima influência por não ter mãe e meu pai não cuidar de mim, ou seja, ser largada no mundo, como eles diziam.

-Está na sala. Seu grosso.- a última parte falei em voz baixa, mas tenho certeza que Pedro escutou, pois ele riu.

O pai da Mel foi até a sala e Pedro e eu resolvemos ficar na cozinha. Certamente Mel teria que explicar muita coisa para seu pai e não queriamos atrapalha-los.

*********

Passados dez minutos uma gritaria começou. As vozes de Mel e seu pai se misturavam em um som torturante. Olhei para Pedro suplicando por ajuda e pela cara dele, também não sabia o que fazer.

-...VOCÊ VAI TER QUE TIRAR ESSA CRIANÇA!- foi a parte que consegui ouvir nitidamente saindo da boca do pai de Mel. Sem nem pensar fui até a sala. Minha amiga estava largada no chão chorando e seu pai apontava-lhe o dedo.

-SE VOCÊ TA ACHANDO QUE ELA VAI TIRAR ESSE BEBÊ, PODE IR TIRANDO SEU PANGARÉ FERRADO DA CHUVA PORQUE ELE NÃO É PARA RAIO.- ele olhou em minha direção com uma cara de deboche.

-Se você não tirar esse pedaço daquele vagabundo de dentro de você, pode se esquecer que tem família, pois você será uma vergonha para mim e para sua mãe.- ele disse abaixando o tom de voz olhando novamente para Mel, ignorando totalmente meu comentário.- E você meça suas palavras para se dirigir a mim.- ele me olhou de cima a baixo quando passou por mim.

-Vou medir é a sua arrogância para mim não tropeçar nela!- eu disse um pouco alto, pois ele havia continuado seu caminho para fora de minha casa.

Pude ouvir a porta bater em um som estridente. Pedro já tinha levantado minha amiga do chão. Com toda certeza do mundo ela estava arrasada. Nem o seu próprio pai a apoiará em sua gravidez.

-É melhor você descansar um pouco Melaine.- Pedro disse para a minha amiga que concordou com a cabeça. Ele a ajudou a ir para o meu quarto e depois de algum tempo voltou.

Da sala podia se ouvir os choramingos dela. E isso estava me cortando o coração. Em um único dia passar por tantas experiências difíceis, literalmente esse deveria ser o pior dia da vida dela.

-Vou ir embora Megan. Cuida dela.- Pedro me deu um beijo na testa e foi caminhando em direção a saída.

-Ei?- disse para chamar sua atenção.

-Oi.- ele se virou para me olhar.

-Obrigada!- ele deu um sorriso e se foi...


Baseado Em MentirasOnde histórias criam vida. Descubra agora