Talvez você conheça Percy Jackson, um herói amado por muitos, que salvou o Olimpo diversas vezes, e que viveu várias aventuras.
Ele disse que não queria ser um meio-sangue, e muitos tem inveja dele, por ter nascido assim.
Mas, se nem ele que é uma lenda, que é considerado o melhor queria ser um meio-sangue, por que eu tenho que querer?
Pois bem, eu também não queria, pois talvez a vida fosse mais fácil para mim se eu fosse normal. Muitos semideuses viram heróis, mas eu não, eu não faço parte de lugar nenhum, não tenho amigos, sou rejeitada, sou caçada por monstros, por pessoas, por animais, todos me odeiam. Eu sou uma filha de Hades.
Meu nome é Kaila, eu tenho dezessete anos e vivo em um internato para delinquentes, pois fui acusada de assassinar meus pais, porém eu nunca os conheci, eu vivia em um orfanato abandonada, e então fui trazida para este local.
Não sei quem me trouxe, nem como esta história surgiu, porém eu estava mais feliz aqui, onde ser estranho é quase normal. Diferentemente da maioria dos meio-sangues, eu sempre soube que era diferente, porém não sabia exatamente o que eu tinha de diferente, até que comecei a estudar, e então descobri.
Meu amigo, se é que podemos dizer assim, também é. Ele se chama Vitor e é filho de Apolo.
Nós não somos exatamente amigos, somos mais cúmplices, pois somos iguais. E ele está neste internato por ter incendiado a escola em que estudava. Ele nunca me contou sobre sua família. Acho que a maioria de nós tem problemas familiares.
Vitor e eu já fomos atacados diversas vezes aqui nesta prisão, e em todas elas fomos acusados e punidos. Muitas das vezes estávamos protegendo alguma dessas pessoas idiotas que vivem aqui.
Embora nossa vida não seja fácil, acabamos nos acostumando, e embora não sejamos amigos, eu o considero um irmão. Alguém que eu realmente posso contar. Não sei quanto a ele, não sei exatamente o que ele sente por mim, acho que é só cumplicidade mesmo. O que não é tão ruim, pensando que pelo menos temos um ao outro. Ambos temos alguém que não nos odeie.
ä
Aos olhos das outras pessoas, somos normais, eu tenho cabelo loiro e olhos verdes, pele bem branca e não sou o que pode se chamar de magra, sou meio fofinha. Já Vitor, é magro, um pouco mais alto que eu, cabelos pretos e olhos castanhos. Tenho que admitir que no fundo acho ele bem bonitinho até.
Apesar de parecermos normais na aparência, as coisas não são fáceis para nós, e as pessoas dizem que somos estranhos. Se eles soubessem.
Eu estava sentada na minha cama, sozinha no dormitório, que mais perecia uma cela, quando escuto um barulho estranho na porta. Era Vitor.
- Como chegou aqui? - perguntei.
- Estratégia é tudo. - ele diz sorrindo.
- O que o seu pai diria se te ouvisse dizer isso. - eu rio também.
- Deuses! Isso seria bem ruim! - ele pensa.
Então escutei uma gritaria vinda de algum lugar do pátio. Muitas crianças, e jovens gritando.
- O que será isso? - perguntei.
- É uma garota nova que chegou, estão todos zoando a menina. - ele disse.
Fui até a janela e olhei para o pátio.
Realmente nunca havia visto aquela menina.
Pele meio morena, cabelos pretos que terminavam em cachos, olhos escuros.
Ela estava com uma calça jeans, e uma blusa amarela, que em contraste com a pele ficava bem. Parecia que gostava de estar bem arrumada, mas que não tinha conseguido nos últimos dias. A sua calça estava meio suja e o cabelo desgrenhado.
Seus olhos encontraram os meus, e na hora senti um arrepio percorrer meu corpo. Eu não sei como, mas sempre acontece isso quando olhamos uns pros outros pela primeira vez. Eu tinha certeza, porém não soubesse qual a sua linhagem. Ela era uma meio-sangue.
Na hora olhei para Vitor, que estava ao meu lado, percebi que ele também tinha sentido. Já era difícil de acreditar que nós dois estávamos juntos no mesmo lugar, mas três de nós juntos, isso era quase impossível, era legal, e ao mesmo tempo perigoso.
- Ela... - não terminei.
- Sim, mas ainda não consegui conversar com ela. - ele disse.
- Será que já sabe? Tenho que falar com esta menina. - eu disse.
- "Temos" - corrigiu ele sorrindo.
- Você entendeu! - disse revirando os olhos.
- Vamos esperar a hora da janta, e então falamos com ela no refeitório. - disse Vitor.
- Não, está louco! Não podemos arriscar um ataque de monstros, ainda mais com o refeitório cheio. - eu disse.
- Até parece que você se importa com essas pessoas. - ele retrucou.
- Não. Nós falamos com ela e a convencemos a vir pra cá depois da refeição. - eu disse.
Ele revirou os olhos, mas aceitou a minha ideia. Vitor era assim, ele podia ter certeza de uma coisa, mas para não ser um chato e passar por mandão deixava as pessoas escolherem o seu próprio caminho. Embora isso seja legal, às vezes eu prefiro quando ele toma a frente e decide as coisas. Tem menos chance de dar errado.
Depois de um tempo Vitor foi para seu dormitório, e eu fiquei sozinha outra vez. Aproveitei e tomei um banho e troquei de roupa para o jantar. Não penteei os cabelos, alias, eu quase nunca arrumo meu cabelo. Coloquei uma calça jeans e uma camiseta cinza, uma das minhas cores preferidas.
Saí do meu quarto e fui em direção ao refeitório.
Assim que entrei, vi a menina sentada sozinha, ela me encarou até eu terminar de pegar a comida que mais parecia uma gororoba, e me fez um sinal para sentar com ela. Enquanto ia até ela, comecei a procurar Vitor com os olhos. Não achei.
Sentei na frente dela e esperei que ela começasse
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sombria
FanfictionEssa é uma fic baseada na serie de livros Percy Jackson... O que se faz quando toda a sua vida nao pertence a este mundo? Kaila se vê obrigada e se adaptar, a fugir, a aprender a conviver com as coisas que acontecem em sua vida. E como se isso não b...