Capítulo 3

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Fomos caminhando por entre as arvores, sempre seguindo a estrada, mas não ousamos sair no espaço aberto. Mesmo sendo noite, era possível que algum carro passasse por ali, e não tínhamos como explicar a nossa presença, logo deduziriam que éramos fugitivos.

Tainá e Vitor iam um pouco mais a frente, trocando idéias e histórias que viveram, tinham ficado próximos.

Eu estava uns quatro passos atrás, caminhando em silencio e tentando pensar em todas as possibilidades que poderiam ocorrer a partir de agora, pois mesmo que eu não gostasse daquela prisão, tinha de admitir que ela era segura para mim.

Estando em espaço aberto e sendo uma filha de um dos Três Grandes, eu atrairia alguns monstros que sentiam a morte de longe. Não podia arriscar meus amigos. Precisava ficar atenta.

A lua resolveu não aparecer naquela noite, o que deixava a escuridão mais densa que o normal. Eu não me importava muito com o escuro, afinal, as sombras eram minhas aliadas. Porém, notei que Tainá e Vitor estavam apreensivos. Liguei minha lanterna, para iluminar o caminho.

Eu continuava em silencio, Vitor e Tainá ainda falavam de muitas coisas.

A lanterna já não estava mais iluminando tanto, e presumi que devia estar acabando a bateria. Senti ficar mais frio.

Foi então que um pensamento me ocorreu, e na hora eu soube que era verdade.

- Quietos. – eu disse parando.

- O que foi? – perguntou Tainá.

- Olhe ao redor, está ficando mais escuro. – eu disse.

- A lanterna esta falhando. – disse Vitor.

- Não, - disse Tainá me entendendo. – É a escuridão que esta ficando mais densa.

- Monstro! – disse Vitor num sussurro.

- Eu acho que é... – começou Tainá.

- Não fale! – interrompi. – Não a chame, ou ela nos achará mais rápido.

- O que faremos? – disse Tainá.

- Se for quem estamos pensando, nossa melhor alternativa é correr, e torcer para conseguir fugir. – eu disse.

Não precisamos dizer mais nada. Um entendimento mútuo aconteceu e saímos correndo, tentando fazer o menor barulho possível. O que era bem difícil, já que estávamos carregando mochilas e o chão era quase todo coberto de folhas secas.

Estava ficando mais frio, e eu comecei a pensar se ir para estrada não era uma alternativa mais atraente. Vitor corria ao meu lado em silencio, mas eu podia ouvir Tainá oferecendo coisas aos deuses caso conseguíssemos escapar.

Foi então que ouvimos a voz dela de algum lugar ao longe, mas ao mesmo tempo, perto demais.

Não adianta correr jovenzinhos, disse, não tem como escapar.

Senti meu coração disparar, se fosse realmente quem estávamos pensando, não tínhamos chance alguma.

Continuamos correndo, e agora já podíamos ouvir os sons dela vindo atrás de nós.

Foi então que uma árvore enorme caiu na nossa frente, e quase nos esmagou. Estávamos encurralados, pois não tínhamos tempo de contornar a arvore ou passar por cima dela antes que fossemos pegos.

Eu e Vitor não possuíamos nenhuma arma, o que era bastante desesperador. Tainá tinha uma adaga pequena, e um arco e flecha pendurado as suas costas.

Ela me entregou a adaga, e tirou seu arco das costas. Entregou a Vitor.

- Você deve saber manejar um arco, mesmo nunca tendo tocado em um. Filho do deus da caça. – ela disse.

- Mas e você – ele perguntou.

Ela abriu a mochila que carregava e tirou uma pequena faca lá de dentro.

- Tentem não morrer. Gostaria muito que conhecessem meus amigos. – ela tentou rir, mas a situação era tão desesperadora que o sorriso logo se desfez.


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