Estava em uma das barracas, que agora era minha e seria o meu quarto. Não tinha muita coisa dentro, só um colchonete, um travesseiro, meu cobertor, minha mochila e em um cantinho estava uma espada pequena que Nicole tinha me dado.
Eu tinha acabado de tomar um banho, o que foi bem difícil, já que não tínhamos chuveiro. Na verdade eu descobri que eles estavam sempre costeando um rio, e era nele que conseguiam água e que tomavam banho.
Eu não tinha nada realmente bonito para usar em uma festa, então resolvi ser eu mesma. Coloquei uma calça jeans, baby look azul escura, e um All Star. Deixei meus cabelos que iam até o fim das costas solto.
Sabe, para quem não tinha nada, e estava fugindo no meio do mato até que estava muito legal.
As meninas tinham arrumado o lugar com banquinhos e mesas improvisadas. Tinha flores espalhadas pelo lugar, e algumas lamparinas. Tinha uma fogueira bem no centro do acampamento, e comidas em cima das mesas.
Diana e Gian estavam com violões tocando, Tainá e Nicole cantavam. A musica era bem animada e logo Jhimy e Vitor acompanhavam com batidas. Logo as meninas começaram a rir e brincar, ensaiando danças e movimentos.
Eu me sentei e fiquei observando, ri bastante, mas não quis dançar, não me sentia totalmente parte do grupo e não queria estragar a diversão. Até que Lucy veio sentar ao meu lado.
- Não quer dançar? – ela me olhou.
- Não sou muito boa nisso, estou bem aqui. – respondi.
- Então ta. – ela riu.
- Percebi que nem todos aqui são amigos. – eu disse.
- Claro que somos, grandes amigos, uma família. – ela respondeu.
- Mas e você e o Gian?
- Bem, exceto nós, mas isso é outra coisa.
Eu ri e ela também caiu na gargalhada, ficamos um bom tempo conversando e rindo até que ela foi buscar algo para comer. Foi nesta hora que Vitor me chamou.
- Ei Kaila!
Me virei e vi ele me chamar até onde ele estava.
Fui em sua direção e quando cheguei perto ele me puxou mais para longe.
- O que está fazendo? – olhei para ele.
- Nada, só queria poder conversar longe do barulho. – ele disse.
- É meio difícil se acostumar a estar cheia de gente na volta. – eu disse. – Ainda não me sinto parte da coisa toda.
- Entendo. Eu também estava me sentindo deslocado, ainda bem que tenho você comigo.
Foi então que eu tomei coragem, e fiz algo que eu queria há muito tempo. Puxei ele e o beijei. Fiquei com medo de ele me afastar, mas ele não fez isso. Passou um braço em volta da minha cintura e ficou ali.
Os outros devem ter visto, mas eu não me importei, e eles também não falaram nada.
Depois de um tempo que ficamos juntos, fomos comer alguma coisa.
E naquela noite na minha barraca, eu não conseguia dormir, pois minha cabeça não parava de pensar. Eu estava rindo sozinha. E tive de admitir, embora isso me assustasse. Eu estava apaixonada.
Quando acordei minha cabeça doía, e eu já podia ouvir os barulhos de algumas pessoas lá fora. Coloquei uma calça de moletom e uma blusa verde, iríamos partir hoje, e eu decidi que era melhor escolher algo confortável para vestir.
Quando saí vi que Elisa e Diana já estavam arrumando suas coisas. Diana estava meio atrapalhada, derrubando algumas coisas e dando pequenos gritinhos quando algo dava errado e caía. Mas ela ria, e bem... Era engraçado mesmo.
Foi então que me deu um frio na barriga.
O que eu faria quando visse Vitor? O que aquele beijo fazia da gente?
Tentei não pensar nisso, e comecei a desmontar minhas coisas. Quando eu toquei na barraca para desmontá-la senti como se alguma coisa tivesse entrado em meu corpo, e minha visão escureceu.
Eu estava em um lugar cheio de arvores, e uma lagoa, e tinha uma família acampando ali, pai, mãe, e uma menina de talvez uns sete anos, ou menos.
Eles estavam desmontando as barracas, e o pai e a menina riam juntos.
Uma borboleta azul, muito linda, passou na minha frente. E alguma coisa me puxou. Estava sendo trazida de volta.
Elisa e Diana estavam em cima de mim me sacudindo.
- Ah meus deuses! O que aconteceu? Você está bem? – disse Elisa com os olhos arregalados.
- Estou bem, só estava sonhando, eu acho. – disse.
- Você estava em pé num minuto e no outro já estava no chão. – Diana disse.
- Tudo bem, estou bem mesmo, sério. Foi só um tombo. Vamos, temos que terminar de arrumar tudo. – eu disse.
Elas me olharam meio desconfiadas, mas mesmo assim me ajudaram a levantar e foram arrumar suas coisas.
Cerca de dez minutos depois, o lugar já fervilhava com todos desmontando barracas e organizando mochilas. Vitor não olhou para mim, o que me fez ficar com duvidas, sobre ele. Será que ele estava me odiando?
Terminamos de desmontar tudo, o que eu tinha achado bem fácil. Não entendi como alguns não tinham conseguido desmontar suas barracas sozinhos. Parecia até que eu já tinha feito aquilo milhares de vezes.
Depois de comer alguma coisa rápida, todos já estavam de mochila nas costas. Mas não qualquer mochila, eram coisas enormes. Pois dividimos as coisas como tendas, utensílios de cozinha, material para primeiros socorros entre todos.
- Bom, estamos indo. – disse Lucy. – Não conhecemos bem o caminho, então é melhor ficarmos sempre perto uns dos outros.
- Se alguém ver, ou ouvir qualquer coisa, até mesmo se for só uma impressão, avise o resto. Não tentem ir sozinhos averiguar. – disse Elisa. – E cuidado com os carros na estrada.
- Ah, pessoal, se me permitem dizer, acho que não deveríamos ir pela estrada. – eu disse.
- Como não? É o melhor caminho. – disse Nicole.
- Não é não. Aquela escola que eu estava é a única coisa aqui em quilômetros. Os únicos carros que passam aqui são os que vão, ou que saem de lá. Não seria prudente irmos por ali. Melhor seguirmos a estrada por dentro da mata, onde temos o abrigo das árvores. – eu disse.
- Você tem razão. – disse Jhimy. – Melhor irmos pelas arvores.
Pareceu haver um entendimento entre todos, e então partimos.
Tainá, Laís e Jhimy iam mais á frente, e Vitor estava conversando com Gian. Eu estava por último e mais para trás. Não que eu fosse anti-social, é que tinha medo de baixar a guarda e ser atacada pelas costas, resolvi ajudar o grupo e ficar mais para trás, para o caso de um ataque.
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Sombria
FanfictionEssa é uma fic baseada na serie de livros Percy Jackson... O que se faz quando toda a sua vida nao pertence a este mundo? Kaila se vê obrigada e se adaptar, a fugir, a aprender a conviver com as coisas que acontecem em sua vida. E como se isso não b...