Talvez, Lola.

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Talvez eu tenha composto uma canção para você, mas só pude escrever os versos, faltam melodias se você não está aqui, peço apenas que imagine-a.

Talvez seja um blues, sei que você não resiste a um dos bons. Feche os olhos, sinta o cheiro de cigarro no ar, o tintilar dos copos ao seu redor, o típico retrato de um bar dos anos 50, e você é a garota mais bonita do lugar. Sempre é.

Talvez eu esteja tocando para você. Um violão velho, cantando notas cansadas, eu usando o meu melhor terno, impecavelmente amassado e desbotado. É uma canção de amor, não poderia ser sobre outra coisa, mas é uma canção doída, composta de ausências e saudades sem sentido.

Talvez ela fale dos nossos encontros que nunca aconteceram, das conversas que não tivemos e dos poemas que escrevi para você.

Talvez eu lembre do chá gelado que não tomamos, do seu livro favorito que você não me emprestou e eu não esqueci de devolver.

Talvez eu até faça um refrão com seus nomes, e sorria ao pronunciar cada um deles.

Mas só talvez, Lola.

Talvez.

Pontas SoltasOnde histórias criam vida. Descubra agora