O amor é, por vezes, um tijolo.
Um tijolo preso bem no meio da sua sala,
um tijolo que alguém deixou ali
e quando se foi deixou para trás
e então numa noite qualquer
você acorda distraído
e tropeça no bendito tijolo no meio da sua sala
e dói, machuca
mas no outro dia acontece a mesma coisa
e no outro, e no outro e nos outros e outros
e dói, e machuca, e você não aguenta mais
aquele bendito tijolo no meio da sua sala
até que num belo dia, de tanto tropeçar
no tijolo deixado para trás
ele se desmancha, restando apenas
marcas do que um dia foi um tijolo.
as vezes você passa por ali e ainda
se lembra dos tropeços, das dores
e das cicatrizes nos pés
mas o tijolo se foi, não machuca mais.
até alguém deixar outro
tijolo no meio da sua sala.
o amor, por vezes, é a porra de um tijolo.
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Pontas Soltas
PoésieLivro contendo meus devaneios literários, poemas, experimentos, e pontas soltas da alma, aqueles pedaços que não encaixam em lugar nenhum do quebra cabeças.