Rejeitado

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  Quando acordou, Duark se viu jogado entre palha e folhas sujas, num lugar completamente estranho; era uma floresta escura e sombria, com arvores tão altas que não se via o sol. Dali, dava para ver parte do muro que dividia o reino do mundo externo. Ele tentou se levantar, mas assim que olhou para baixo, se espantou - faltavam as suas pernas.

  Seu espanto foi tão grande que não conseguia sentir mais dor. Parou por um instante para refletir, já que era a única coisa que conseguia fazer naquele momento.

  Com muita dificuldade, arrastou-se até a árvore mais próxima, se aconchegou e escorou nela a sua cabeça. Fechou os olhos por um instante, e dormiu.

  Mas logo, foi acordado por um barulho chato que vinha das matas. Parecia com o de uma cobra, mas era mais estridente e grave. Ele não sabia o que era, e nem tinha como escapar. Sua única opção foi relaxar e ficar quieto, sem movimentos bruscos. Fechou os olhos novamente. Aos poucos, o barulho foi se aproximando e, quando ficou a poucos metros de onde estava Duark, se cessou. Sons de passos foram ouvidos, mas logo, passaram de quatro para duas por vez. Duark sentiu alguém respirando ofegantemente em sua frente, mas permaneceu com os olhos fechados.

  Ele resolve abrir seus olhos, já que percebeu que o bicho não lhe faria nada. Foi abrindo, devagarzinho, até conseguir enxergar uma menina em sua frente. Ela tinha olhos amarelados, como ouro, cabelos pretos - chegados para o azul - e vestia uma armadura da cor preta. Aparentava ter entre 15 e 16 anos, e tinha.. calda e orelhas pontudas.

  Ambos estavam espantados. Não sabiam o que era pior: um menino sem as pernas ou uma menina com rabo. Se encararam por um tempo, silenciosos, esperando pelo outro dar a primeira palavra.

  - Oi...

  - Oi...

  - Você não tem pernas.

  - E você tem rabo.

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