Capítulo 3 - Uma nova realidade

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Comecei a sentir como se alguém me jogasse água e aos poucos comecei a sentir um intenso frio. A dor de cabeça era intensa e aos poucos fui me dando conta onde estava. Já era noite e estava chovendo aparentemente fazia tempo. Para minha surpresa eu não estava em casa. Não havia PC ou mesmo um "guri" mexendo nas minhas coisas. Não havia minhas músicas tocando e nem mesmo sequer um sinal de festa. Eu estava no meio da rua de terra que já havia se transformado em barro devido à água da chuva. Eu estava vestindo uma camisa leve de algodão aparentemente marrom sem muitos detalhes e uma calça do mesmo material também de cor marrom sem nenhum tipo de bolsos. Havia também um cinto de couro que prendia minha calça com um detalhe de prata com um símbolo que mais tarde eu vou explicar, também usava um sapato de couro que já havia sido coberto de lama. Olhei pros lados ainda desorientado e sentindo o pavor começando a tomar conta do meu corpo. Quanto mais percebia que não estava sonhando mais tinha vontade de chorar naquela hora, a pesar que nunca fosse um homem chorão, mas aquilo foi surreal. Então fui andando lentamente procurando me apegar em tudo que fosse real até aquele momento, quando olhei a minha volta eu vi uma casa aparentemente feita de pedra não muito grande e fui em direção a ela, me sentei no chão encostando-se à na porta. Naquela altura eu já estava encharcado e com frio. Então olhei em volta e percebi que tinha algumas pessoas andando naquela chuva mas eu não ligava muito, só desejava saber o que estava acontecendo. Alguma coisa estava errada. Casas estranhas, ruas que não são asfaltadas... Inúmeras coisas se passaram na minha cabeça. Pensei inicialmente que alguém tinha me drogado e que tinha me sequestrado. Talvez tivesse roubado algum órgão de mim, depois jogado nessa vila desconhecida. "Não, muito improvável". Repeti essa frase na minha mente diversas vezes. Uma ideia atrás da outra e fui eliminando todo tipo de possibilidade estranha que você possa imaginar. Até me belisquei pensando mais uma vez que estava em um sonho quando de repente ouço sons de cavalos. Inúmeros homens vestindo armaduras de ferro com espadas, alguns com lanças. Não dava pra ver o rosto deles, pois usavam um capacete de ferro. Em meio a lama os cavalos se moviam como não se importassem com a chuva que caía, dos homens eu vi, percebi um símbolo que não consegui identificar de primeira.

- "Não, não, não, não pode ser! "

Exclamei em um tom crescente.

Eu estava extasiado, assim como o menino que olhava pros brinquedos no meu quarto. Se tivesse limites de pensamentos no mesmo tempo minha cabeça explodiria naquela hora. Respirei fundo enquanto continuava a olhar os cavaleiros que por ali passavam. Até que eles começaram a diminuir o ritmo até pararem. Eles eram 4 ou 5 homens um ao lado do outro. Então, pararam no que parecia ser um bar. Tiraram o capacete e um deles me viu. Estava há cerca de 10 metros de mim. Então eles começaram a andar na minha direção. Nesse mesmo momento deu vontade de sair correndo, mas logo percebi que era uma má ideia. Então fiquei olhando pra eles com um olhar de medo, ainda maior do que eu já estava. Quando chegaram perto de mim, um deles se aproximou falou algo como: "Ishrar no mitir kadh" e jogou uma moeda em mim. Os outros riram e saíram andando como se eu fosse algum mendigo desafortunado. Depois que eles entraram no bar eu disse pra mim mesmo:

- Agora foi que deu merda. Russos? Não sabia que na Rússia ainda usavam armaduras como nos tempos medievais.

Exclamei ficando um pouco com raiva. Peguei a moeda que parecia ser ouro e vi uma marca nela como se fosse um carimbo de algo que também não identifiquei. Guardei a moeda e fiquei alguns minutos sentado pensando em qual seria meu próximo movimento como se tudo fosse um jogo de xadrez. Nessa mesma hora a porta que servia de encosto pra mim se abriu e eu caí de costas tomando um susto. Mais uma vez eu estava no chão, só que dessa vez uma mulher olhava pra mim. Ela era muito linda, era ruiva e bem branca, aparentando ter a mesma idade que eu. Seus olhos verdes me chamavam a atenção e logo eu fiquei envergonhado e me levantei meio de mau jeito dizendo:

- Me desculpe senhora, não quis sujar a sua porta nem muito menos incomodá-la.

Quando percebi que ela tinha um prato de sopa na mão e ela estendia pra mim eu fiquei um pouco surpreso. Ela disse um pouco baixo como uma voz doce dizendo:

- "Mishur mudegg, Mishur mudegg"

Eu entendi que ela estava me oferecendo aquele alimento então pra não deixá-la no vácuo eu peguei aquele prato e continuei olhando pra ela. Então ela hesitou em fechar a porta mas não fechou, muito pelo contrário, me convidou pra entrar. Só entendi que ela me convidava pra entrar quando ela tomou o prato da minha mão que estava começando a esfriar e acenou pra que eu a seguisse. Então naquela mesma hora eu olhei pra trás vendo a lama e a chuva escorrendo sobre as outras casas, tomei um ar de confiança e aceitei a nova realidade que eu estava vivendo, só não a entendia ainda. Entrei na casa da moça e tirei os meus sapatos que já estavam bem sujo de lama e deixei no canto da porta. Dei uma boa olhada na casa assim que entrei. Era bonita e bem organizada, mas bem pequena. Havia peles de diversos animais que serviam como tapetes, Ursos, lobos, e tinha alguns animais estranhos o que tornava a casa muito épica pra mim. Praticamente todos os móveis eram de madeira e pedra. Então depois de olhar a casa em breves segundos segui a moça até outro cômodo que era a cozinha, ao menos tentava parecer com uma, na cozinha havia outra mulher mais velha também ruiva só que bem mais velha. Ela falou algo apontando pra cadeira. (eu não vou tentar escrever o que ela falou dessa vez)

- Acho que é pra eu me sentar né ?

Falei dando uma risadinha irônica.

Desse modo. O prato de sopa estava na minha frente então eu olhei pra elas e como eu estava com fome comecei a tomar a sopa com uma colher de madeira que parecia que foi fabricada rusticamente. Depois de tomar a sopa fiquei meio sem jeito mas eu agradeci me curvando a elas,então a mãe pediu que eu a acompanhasse até um pequeno quartinho que tinha uma pequena cama, um banquinho com algumas velas acesas em cima. Agradeci novamente e fechei a porta de madeira que já era velha...

Nesse momento bateu mais uma vez a reflexão. Onde eu estava? Como vim parar ali e etc... 

Com o tempo meu corpo foi relaxando naquela cama coberta de peles de animais até que fui pegando no sono.

A incrível história de Lecce HawksOnde histórias criam vida. Descubra agora