Capítulo 5 - A seiva do carvalho branco

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Por um momento eu parei e observei tudo o que estava acontecendo. Havia várias velas e candeeiros por todo o cômodo que parecia ser subterrâneo, já que não existia janelas, apenas alguns tubos de ventilação um pouco rústicos, tudo indicava que o que acontecia naquela parte da casa era no mínimo escondido...

O cheiro de velho provavelmente vinha dos milhares de livros que tinha nas prateleiras perto de uma escrivaninha de madeira. Inúmeros potes de vidros contendo materiais dos mais comuns até plantas com formatos medonhos, alguns pequenos animais e uma areia colorida que chamava muita atenção na sala. Era uma areia branca luminosa. Seu brilho parecia de uma estrela, como se não fosse acabar.

Levei um pequeno empurrão do velho e vejo-o novamente com a cara de mal apontando para o pó verde escuro que estava perto de mim. Peguei o pequeno pote e entrego pra ele esperando ver o que ele estava fazendo.

Ele vai até uma mesa de trabalho que estava no centro da sala e mete a mão protegida pelas luvas de couro dentro do pote enchendo a mão e retirando aquela areia verde escura. Logo em seguida ele coloca dentro de uma pequena caixa de ferro que estava queimada e pega uma vela. Ele encostou as chamas daquela vela na areia e subitamente chamas esverdeadas emanaram na sala.

- "Whooo... espero que saiba o que está fazendo..."

Falo em tom decrescente criando em mim expectativa e começando a ficar com medo.

A Kymm ainda estava sorridente e aparentemente despreocupada, ela trazia um recipiente, mais parecido com uma panela, que logo em seguida foi colocado sobre o fogo verde.

Então, o velho começou a colocar vários ingredientes dentro do recipiente como uma bruxa fazia nos desenhos que vi quando era criança. Quando menos percebi, tinha uma sopa de aparência grotesca e roxa que emanava um cheiro incomum, parecido com uma salada de frutas, só que estragada.

Então, depois de certo tempo, o cientista velho pega um pouco daquela mistura e coloca em um copo de vidro e me oferece.

Lá estava eu, em uma sala subterrânea, com uma garota linda e sorridente auxiliando um velho louco que estava me oferecendo um "suco de berinjela" malcheiroso. Então eu peguei o copo, fiz um sinal de saúde imaginando que nada de pior podia acontecer do que estar em uma terra desconhecida com casas,pessoas estranhas além do fogo estar verde. Quando eu ia beber o velho me parou e foi pegar algo. Ele veio com um recipiente bem pequenininho, como a bolsinha que minha vó usava pra guardar moedas. Tirou um pó azul claro e jogou dentro do meu copo. O que antes era roxo e tinha um aspecto horrível agora foi clareando até ficar semelhante à água limpa, o cheiro de frutas podres desapareceu e eu até cheirei pra ver aquela mágica que ele tinha feito. Então, ele me fez o sinal pra que eu bebesse. Como eu percebi que minha situação não poderia piorar, resolvi acreditar um pouco e bebi.

- Com isso Jukar it solem. Hahaha.

- It vaken houkster, haha.

-São só alguns segundos... se eu não exagerei na dose da muda de mandrágora roxa. Com esse tanto de poção posso vender e ganhar muitas moedas. hahaha. Podemos focar no experimento principal com o dinheiro em mãos!

O velho falou.

Não sei se sentia felicidade de começar a entender aquelas palavras que antes pareciam Russo pra mim ou sentia pavor esperando que aquela bebida fosse me matar.

- Eu... Eu... Estou ouvindo vocês!

Eu falei quase gritando.

- Oi Lecce, então você acertou Farengar!

A Kymm fala pra mim virando logo para o velho.

-Farengar? Você se chama Farengar?

Falei olhando para o velho.

-Sim meu jovem, é um prazer te conhecer, temos muito que discutir. Antes de tudo preciso que você me escute. Preciso estudar você. Não não não... digo... te conhecer melhor... é claro.

- O que? Calma ai. Onde eu estou? Qual o nome desse país? Quem são vocês? Como diabos eu vim parar aqui? E... e... e você é um mago? Um cientista? É melhor alguém começar a me dar respostas!

- Calma Lecce!

A Kymm falou calmamente,

- Você vai encontrar as respostas que procura, só vá com calma.

Farengar interrompeu a conversa que estava, pela primeira vez, fluindo.

- Meu jovem, antes de conversar, porque você não sobe e toma uma xícara de seiva de carvalho branco? Acabou de chegar à mercadoria. Veio lá dos campos de Stone Wheter, de Ilíria! Hahaha. Venha,venha! Acompanhe-Me! Kymm! Vá comprar alguns bolinhos! o meu preferido por favor! hihihi...

A Kymm saiu na nossa frente subindo rapidamente a escada como quem tem pressa pra pegar algo interessante. Farengar logo a seguiu, quando estava quase no meio da escada ele se virou e disse:

- Você não vem?

A incrível história de Lecce HawksOnde histórias criam vida. Descubra agora