Eu estava na sala de estar, perturbado e ainda cheio de dúvidas. Farengar tinha ido pegar a misteriosa seiva do carvalho branco. A sala que eu me encontrava era bastante aconchegante e quente devido a uma lareira que ambientava e dava alguns estalos da madeira que queimava aos poucos, em cima daquela lareira havia a cabeça de um lobo branco empalhado que se destacava entre duas bandeiras grandes que devia ser do império local. Mais ao lado uma estante com inúmeras esculturas destacava um troféu. Eu me levantei do rústico sofá de madeira que estava sentado e fui ver o troféu que estava ali, tentei ler o que estava escrito, mas ainda não entendia a escrita deles. Farengar apareceu dizendo:
- Esse troféu eu ganhei por descobrir algo novo. Além de muito dinheiro que ganhei, comprei essa casa e fiz o meu próprio laboratório.
Farengar estava segurando uma bandeja com três xícaras e um recipiente que se colocava chá no qual deveria haver a tal seiva. Nesse momento ele já não usava mais o avental e as luvas. Mas um traje bonito e muito bem bordado.
- E o que o senhor descobriu?
Falei me virando pra ele voltando para o sofá de madeira passando pela mesinha que ele estava colocando as xícaras.
-Bem... eu criei essa porção mágica que você tomou. Mas quase ninguém sabe que fui eu. Todos nessa vila acham que eu sou um bruxo.
-E você é...?
Falei encarando ele esperando que ele confessasse, se ele dissesse sim, as coisas iam ficar mais interessantes.
-Não Lecce, Eu não sou um bruxo. Bruxos estudam as magias ocultas e proibidas. Eu estudo magias permitidas, e tento descobrir novas. Eu sou um mago reconhecido pela escola de magia de Ávalor.
-Você é um mago! Solte uma magia! Eu quero ver isso! Haha!
Nesse ponto eu me empolguei e ele estava mais sério do que quando no laboratório.
-Não é tão simples quanto você imagina, pois o uso de magias além de ser proibido é extremamente perigoso, pois exigem uma parte de você. Mas posso fazer uns truques ou dois...
Nesse momento Farengar pegou uma faca em cima da mesa, fez um corte no meio da sua mão esquerda. O sangue começou a escorrer até pingar no chão. Calmamente ele colocou a faca de lado e a sua mão direita começou a ter uma áurea azul clara, ele juntou as mãos pressionando o corte.
Poucos minutos se passaram e ele me mostrou as duas palmas das mãos. O que antes havia um corte, agora estava normal. O corte tinha se fechado e tinha apenas uma pequena cicatriz.
-Nossa... simplesmente incrível. Você pode curar as pessoas.
-Mais ou menos isso. Mas ainda só é possível curar pequenos cortes.
Ele disse como se tivesse esperança que ainda ia aprimorar essa magia.
Nesse momento Kymm abre a porta carregando uma pequena caixa.
-Ah! Os bolinhos chegaram! Muito bem Kymm, Muito bem! Venha, junte-se a nós.
Kymm veio e se sentou ao nosso lado colocando a pequena caixa com os bolinhos em cima da mesa enquanto Farengar servia a tal seiva.
-Experimente a seiva. Depois me diga o que achou.
Eu peguei a xícara e bebi um pouco. O gosto foi extremamente impressionante, pois não tinha sabor de nada que eu conhecia. Era bem doce como um licor, tinha uma explosão de sabores desconhecidos e travava um pouco como suco de caju ao final.
-A seiva é surpreendente... Mas onde eu estou?
Dessa vez eu perguntei calmamente e com um ar de serenidade. A Kymm logo tomou a iniciativa.
- Você está no país de Ávalor. Em uma vila ao sul, para ser mais exato. Ávalor é o nome do fundador do país. Ele deu um golpe de estado depois da guerra mágica. Ele era um almirante de Menttigan, que é outro país. E você? De onde é?
Kymm falou bem rapidamente demonstrando ansiedade em me conhecer.
-Não sou daqui, não conheço nenhum desses países que você citou. Sou de um país chamado Brasil. Lá temos uma tecnologia muito mais avançada que aqui. Mas lá não existe magia. É impossível curar as pessoas simplesmente com a mão, mas diga-me... que guerra mágica é essa?
Respondi de uma maneira tranquila enquanto Farengar só observava.
- A guerra mágica foi entre três países. Menttigan, que era a potência na época em termo de tecnologia. Ilíria, que sempre foi um país mais agricultor. E Storm Wind que era o país dos Orcs. A briga entre Ilíria e Menttigan era por causa dos Orcs. Menttigan queria escraviza-los para os colocarem em trabalhos forçados por causa da força deles e fazer experiências por ser a raça mais desconhecida, enquanto Ilíria não concordou e quis um acordo de paz. No dia do encontro marcado em Storm Wind, Menttigan matou todos os embaixadores de Ilíria e todos os Orcs ali presente ocasionando o início da guerra mágica. Esse termo Guerra mágica foi utilizado porque Menttigan colocou o uso da magia em primeiro lugar evitando qualquer combate corpo a corpo, pois com certeza os Orcs ganhariam. Durante esse período, mais de 100 clãs dos Orcs foram extintos, e metade do país de Storm Wind completamente destruída. A guerra acabou por conta de um Arqui-mago muito poderoso que defendia os Orcs. Ele recitou um dos manuscritos antigos destruindo quase todas as forças de ataque que invadiam Storm Wind. Há boatos que ele ainda é vivo e mora entre os Orcs. Mas é impossível alguém viver 630 anos depois da G.M (guerra mágica) não é Farengar?
Farengar se vira olhando pra mim e diz:
- Sim... Eu acho... O mais importante que você deve saber é que nosso calendário é contado a partir da G.M e por causa dessa guerra, as tecnologias de todos os países retrocederam imensamente, pois os maiores magos e cientistas foram participar e acabaram morrendo. Eu tenho algumas teorias sobre como você veio parar aqui. Mas antes de tudo, ninguém pode saber dessa conversa. Eu suspeito que tenha sido vigiado nos últimos tempos, e a pesar de ajudar diretamente o governo de Ávalor XII não estou completamente seguro. Eu suspeito que Menttigan queira conquistar Ávalor depois de tanto tempo por remorso, e acredito que existam espiões em todo local. Eu avisei ao império, mas eles acham que é impossível isso acontecer. A primeira teoria que eu acho que você pode ter vindo pra cá é... Pode ser que algum mago negro tenha aberto um portal aleatório e foi para o seu mundo. Qual a última coisa que você lembra que aconteceu antes de você vir parar aqui?
Então depois de ter comido uns 2 ou 3 bolinhos enquanto Farengar falava eu limpei a boca e respondi:
-Eu bebi algo e apaguei.
- Bebeu algo e apagou? Hmmm... muito esquisito...
Bateu aquele silêncio por alguns instantes e somente os estalos dos galhos de madeira que queimava deixava uma melodia de fundo.
Então me veio mais um questionamento e perguntei:
- Kymm... Por que você me ajudou até aqui, desde quando me viu?
Então com uma voz doce e suave ela respondeu:
- Eu não gosto de ver pessoas com olhares perdidos e acima de tudo você estava na chuva com fome e com frio, eu tinha que fazer alguma coisa...
- Obrigado. Agradeço o que vocês estão fazendo por mim...
Eu olhei pra baixo já que nesse momento eu não consegui encarar Farengar e a Kymm, Farengar se levantou e disse:
- Venha, vou preparar um banho pra você, e te dar roupas novas, depois nós conversaremos mais. Somos seus amigos agora. Vou pegar mais um pouco da porção pra você, o efeito já deve estar no fim. Kymm! Mostre o quarto de hóspedes a ele. Faça com que ele se sinta confortável.
Enquanto eu estava andando pela casa, a Kymm estava na frente me guiando pelo pequeno corredor. Quando subimos as escadas, ela abriu uma porta e me mostrou o meu novo quarto...
-Tem roupas limpas na cômoda. Vou ajudar o Farengar a esquentar a água pra você tomar um banho. Depois dessas palavras, ficamos em silêncio e quando do nada... BUM. Um som muito alto de uma explosão ecoou por toda a casa. Com certeza vinha de algum lugar perto dali. Só escutei Farengar gritando:
-Kymm! Cuide dele, vou ver o que aconteceu! Tranque as portas!
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A incrível história de Lecce Hawks
Fiksi IlmiahTodos nós vivemos com nossas comodidades a nosso dispor. Mas e se você acordasse em uma terra um tanto "medieval" onde tudo e todos são diferentes desde a língua ao modo de vida? Como você iria sobreviver? O que você faria ?Essa história conta o dra...