A proposta

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Me sento na beira do rio pra pensar um pouco, não vou me casar, tenho pena da moça mas não posso ser irresponsável a esse ponto, o que vou dizer aos meus amigos, a Margarida, odeio ficar em situações que me fogem do controle. Depois que o guia falou que reparei, havia muitas mulheres mas as que não estavam grávidas tinham filhos, realmente não tinha visto nenhuma moça, como pode?estamos no século XXI e ainda ter regras que a moça tem que ser virgem e intocada para casar. Fico olhando um pouco mais o rio até que tenho uma idéia.
Vou em direção a oca do ancião, um de seus guerreiros está de guarda na porta.
-Preciso falar com o ancião.
- Ele o aguarda.
-Como ele me aguarda? Deixa, melhor não querer saber.
- O guia me disse as suas condições, as acho demais pra mim, mas tenho uma outra proposta.
-Fale rapaz.
-Eu não posso e nem quero me casar, e preciso da sua ajuda para encontrar o que vim buscar,então minha proposta é a seguinte, eu levo sua filha comigo dou abrigo, comida, a matrículo em uma boa escola ensino tudo que ela precisar sobre o meu mundo, onde moro não tem regras arcaicas, ela encontrará um homem e vai se casar.
-Você não entende não é? Não é só o casamento que eu busco pra ela. Ela é minha filha e tem obrigações, tenho que me certificar que ela saia daqui casada, para encontrarmos paz em nossas raças, prefiro jogá-la aos Jacarés do que a ver perdida, conheço seus costumes rapaz sei que a fornicação e comum entre seu povo, mas não entre o meu, minha palavra continua a mesma ou case com ela ou parta imediatamente.
-Leopoldo não está forte o suficiente, não vai conseguir dois dias de caminhada, talvez se o senhor me fornecer dois de seus guerreiros para que o carregue, eles conhecem a mata, são fortes,sabem se locomover neste solo escorregadio.
-Sinto muito, mas não posso ajudar, o senhor me nega ajuda e não posso obrigá-lo, mas posso negar ajuda também, agora por favor junte os seus e parta.
-Um homem vai morrer.
-Uma mulher também, minha filha, conviva com isso rapaz, duas mortes por sua covardia.
Passo a mãos pelos cabelos, como fui me meter em uma situação desta? E o ancião está certo não conseguiria viver sabendo que podia ter salvo duas pessoas e não o fiz, e no mais esse casamento não terá valor legal, assim que chegar em casa faço o que propus ao ancião, mas ele não precisa saber.
-Tudo bem, eu aceito me casar com sua filha.
-Boa escolha rapaz, venha vamos começar a preparar tudo.
-Posso vê-la?, sua filha.
-Pelos nossos costumes a verá no dia do casamento.
-Tudo bem!
Ele sai da oca e eu o acompanho, ele dá a novidade a todos, minha equipe fica de boca aberta e me olhando estranho, mas não devo satisfações a ninguém, sou um homem feito e não preciso de aprovações.
-Você está fazendo a coisa certa!-Fala o guia.
-Espero que sim, queria vê-la mas o chefe disse que só no dia do casamento,vou ter que esperar até amanhã a noite.
- Esses são os costumes, Nina é uma menina linda e doce, você vai se apaixonar quando vê-la.
- Nina,esse é seu nome então.
-Sim! A minha noiva se acha Haia.
-Parabéns a nós então? Eu acho.
Vou saindo, sei que vou ser questionado pela meus amigos, mas não vejo outra saida, que seja o que Deus quiser.
No dia seguinte acordo cedo, os Ticunas estão a todo vapor a aldeia toda esta sendo decorada com flores e galhos de árvores secas, o clima é de festa.
-Mandaram entregar.- Fala um dos Ticunas.
Pego a caixa de madeira de suas mãos, quando a abro está cheia de mudas, acredito que seja da árvore, sorrio com a sensação de missão comprida, olho adiante e vejo o ancião, faço um comprimento de agradecimento e ele sorri, ele cumpriu sua palavra agora eu tenho que cumprir a minha.
Mais tarde vieram me buscar,me pintaram, colocaram uma roupa muito estranha em mim que não pude deixar de gargalhar quando me olhei, a grande hora estava chegando e mesmo sendo um noivo obrigado, não estava diferente dos demais, estava muito nervoso, ancioso,minha equipe não conseguia parar de rir de mim, não fiquei bravo eu mesmo não estava me contendo.
-Vamos está na hora, a noite já caiu.- Fala um dos Ticunas.
-Vamos,que seja o que Deus quiser.

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