Uma longa noite

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A noite foi longa,quase não consegui dormir, o barulho de animais, o vento forte e um  frio que doía os ossos. Me levanto e saio da barraca o sr. André já fervia água em  um fogão emprovizado.
   -Bom dia.
   -Bom dia sr Reymod.
   -Luca!por favor.
   -Sr. Reymod é melhor.
   - Como quiser, sorrio de lado.
   - Café?- Pergunto apontando pro fogão de pedras.
   Ele acena um sim com a cabeça,ele não é muito de conversa, talvez por estar no meio de estranhos ou é só reservado mesmo.
De um a um minha equipe vai aparecendo e se acomodando em volta do fogo, acho que não dormiram bem como eu, não estão acostumados a esse tipo de atividade, passo os olhos e não vejo Leopoldo.
  - Alguém viu o Leopoldo?
   -Está se banhando no rio.- Um dos homens fala.
   Sr André se vira derrubando o café que coava.
   - Tirem ele de lá.
   Ele começa a correr em direção ao Rio,corro atrás, os homens se levantam e meio que por impulso correm também.
   -Porque estamos correndo? Qual o problema?
   Antes que o sr André responda olho e fico  paralisado, jacarés. Deus nunca vi tantos. Me preparo para gritar para que ele saia da água,mas sou impedido pelo guia.
   -Não! Se você gritar e ele correr não terá a menor chance, os jacarés vão atacar. Volte no acampamento traga minha bolsa.
   Obrigo minhas pernas a obedecerem, me viro e vejo a equipe de olhos arregalados e sem reação, não falo nada, só corro o máximo que posso.
   De volta às margens do rio,entrego a bolsa para o guia, ele a pendura atravessada no ombro e tira alguma coisa de lá de dentro, bem devagar ele caminha em direção a água,sua proximidade desperta a atenção de Leopoldo, o guia faz sinal pra que ele fique em silêncio ele fica sem entender mas obedece. Me aproximo devagar para ver melhor. Quando o guia está bem próximo de Leopoldo vejo que ele fala alguma coisa, a expressão de pânico toma conta do rosto do meu asistente. Leopoldo se vira e se desespera ao ver os animais, o guia tenta acalmá-lo mas é em vão,ele começa a correr, a água está em sua cintura,e isso impede que ele seja rápido, com o movimento da água os Jacarés atacam.
   -Corre,Leopoldo, corre.
    Parece um coro atrás de mim,os homens gritam e colocam a mão na cabeça,não acreditando no que estão presenciando, com poucos segundo o guia já está fora da água, ele não estava tão no fundo. Olho de um lado para o outro, tudo me  parece em câmara lenta, escuto uns barulhos e vejo o guia arremessando pedras nos jacarés, grito para que todos ajudem.
   Depois de alguns minutos,por providência divina os jacarés se afastam, coloco as mãos nos joelhos tentando recuperar meu fôlego, tudo em mim tremia mal conseguia ficar de pé,estava em pânico.
   -Luca?Luca?Meu Deus do céu!
   - Caminho até o pessoal, imaginando o que seria agora.
   -Sr Reymod, ouço a voz trêmula do meu assistente.
   -Deus!- Foi tudo que saiu da minha boca quando o vi deitado no chão.

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