nina

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Ontem recebi a visita do meu pai, ele veio me falar que me arrumou casamento, que já tinha resolvido tudo e que cerimônia seria em dois dias.Disse que me casaria com um homem branco que sabia de minha história e me aceitava mesmo assim.
Implorei para que ele não me desse em casamento que não era o que eu queria, por mais que minha situação fosse complicada perante aos costumes da ilha , não queria me casar com um completo estranho e de costumes diferentes aos meus.
Meu pai me olhou com os olhos marejados, vi que travava uma guerra interior entre o amor de pai e as responsabilidades de um líder, então foi minha vez de ficar envergonhada ao seu lado, eu não podia colocá-lo naquela situação, não tinha o direito de preciona-lo a fazer uma escolha então aceitei.
Passei a noite acordada pensando como seria meu noivo, se ele era um bom homem, se era um guerreiro em sua cidade?, ou se eu agradaria seus olhos.minha cabeça fervia com varias perguntas que eu sabia que só com o tempo teria resposta, mas não conseguia evitar.por mais que tentasse não conseguia pegar no sono tudo me preocupava, amanha algumas mulheres viriam me preparar para o grande dia, me explicaria os deveres e os direitos de uma esposa, não conseguia imaginar como isso daria certo passei a maior parte da vida confinada nesse buraco, não sabia quase nada nem dos meus costumes como aprenderia os dele.
Fiquei perdida em meus pensamentos ate que sono me roubou.
-Nina, nina, acorde querida, temos um longo dia pela frente.
Abri meus olhos com relutância, não tive uma noite boa.
-Baba, a abraço apertado.
-minha menina.
Hinaí, era seu nome, ela cuidou de mim quando minha mãe morreu.
Solto de seu abraço tão familiar, e me levanto da rede, ele tinha nas mãos um copo de leite e um pedaço de pao.
-Tome, pegue seu café o dia será cheio hoje.
Tomo um pouco do leite mas dispenso o pão, não sinto fome.
-Que carinha triste e essa, alegre-se, hoje é o dia do seu casamento.
-Não era o que eu queria baba. As lagrimas já decem pelo meu rosto mesmo eu tentando evita-las.
Ela senta e bate a mão do seu lado pra que eu sente também.
Nina, eu sei por tudo que Vc passou, e mais que ninguém sei como sofreu, por isso quando seu pai veio pergunta minha opinião eu fui a favor.Vc e uma mulher agora menina, pode fazer escolhas diferentes, pode seguir o rumo que quiser, pode finalmente ser feliz.o seu noivo é um colírio para os olhos, tem valores eu o conheci e sabe que não costumo me enganar com as pessoas, o casamento não é só para reparar a sua honrra, tem muito mais em jogo, precisamos de paz querida e casando com esse homem creio que poderemos ter, Vc vai estar no meio deles vai aprender e compreender seus costumes, pode nos preparar para o que vier, conhecendo eles podemos nos precaver, para o que aconteceu com Vc não acontece com mais ninguém, Vc entende?sei que esta magoada, que não foi consultada a respeito, mas confie no seu pai ele é um homem sábio e sabe o que melhor para Vc e nosso povo.enxugue essas lagrimas não vai querer esta com os olhos inchados na hora da cerimônia vai?vou te mostrar tudo, como uma mulher casada tem que se portar, e não fique assim vai dar tudo certo.
Fico chocada com que ela me fala,ela explica os deveres e direitos de uma esposa, mas o que não sai da minha cabeça era o que ia acontecer na noite após o casamento, e essa é uma obrigação que ela deixou bem clara que marido nenhum abre mão.
Passo o dia com ela me preparando pro grande momento como ela diz, me sinto desanimada, o nó na minha garganta so aumenta com o passar das horas, temo não conseguir ir em frente.
A noite chega e desespero aumenta, ela entra na oca e quando me vê para e leva a mão boca.
-Meu Deus como esta linda, se sua mãe a visse agora.
Sorri fraco pra ela,e respiro fundo, ela se aproxima e me envolve em seus braços, a abraço de volta querendo prolongar aquele momento mas ela logo se afasta.
- Vamos menina esta na hora.
Respiro fundo mais uma vez procurando coragem e a sigo pra fora da oca.
Quando vou me aproximando vejo que muita coisa estava diferente não só pelos enfeites, mas toda aldeia, havia mais ocas do que me lembrava os meninos com o qual brincava agora já eram homens feitos, arvores que antes pequenas agora não se via mais o topo, fiquei observando tudo a minha volta, meus olhos ardiam de vontade de chorar mas me mantive firme, não podia fraquejar agora.
Os tambores começam a tocar a canção Tão famliar, as pessoas se acomodam em seus lugares, meu pai se aproxima e me da o braço, me olha com dor como se pedisse desculpa, sorrio pra ele radiante, talvez ele nunca saiba o que me custou esse sorriso, mas diante de tudo não via motivo para fazê-lo sofrer tambem, caminhamos ate a entrada de um corredor feito de galhos de arvores e transado com flores silvestres, tudo estava lindo pena que não fosse com o homem de minha escolha.
Quando paramos na entrada eu o vejo, parado com as mãos para trás, o observo e vejo que esta tão embaraçado como eu.
Seus olhos não saem dos meus, vejo expressões em seu rosto que não consigo decifrar, ele caminha em minha direção, aperta a mão de meu pai e me estende o braço, meu pai beija minha testa w vai pro seu lugar e da inicio a cerimônia.

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